domingo, 6 de setembro de 2015

Dois textos de um desafio



A publicação no “A Bem da Nação” de um deles, levou-me a uma busca no meu blog desses textos que foram tema de um concurso para uma Antologia Poética da Chiado Editora. Como não os encontro, publico os dois, sendo que o segundo parece que mereceu figurar na Antologia deste ano, embora o rigor do pensamento de expressão simples e clara longe esteja dos parâmetros da elaboração poética da nossa empatia estética.
BUSCANDO… NADA
 2014:

Visão a ferro e fogo escandecida,
Visão de Inferno, de temor, de inquietação,
É esta Terra a deslizar, perdida,
A despenhar-se num espaço sem travão.

Dificilmente o sonho é de magia,
O que se constrói redunda em perdição,
Cada invento comporta dor e alegria,
Num progresso que atrai destruição.

Sonhar não é mais felicidade
Neste Universo de irrealidade
Aquele que vivemos cada dia.

O amanhã não se nos afigura belo
A esperança no futuro é bem sombria
O sono diário, puro pesadelo.

2015:
Entre o sono e o sonho
Sono de apatia, sonho esperançoso
Que logo se desfaz em desespero,
Assim vivemos o nosso dia-a-dia
Na penúria de um constante matutar,
A ilusão perdidamente a descambar
Sem calçada de Carriche onde lancemos
Passadas de trupe-trupe ruidoso
E firme na rotina de um trabalho
Agora inexistente em muito lar,
Onde se dormita sem futuro à vista.
Ambições perdidas de um tempo incerto
Em que se mata a descoberto,
Crime contínuo de torpeza impune,
O mundo estrebuchando na loucura
Dum falso fanatismo de pretexto
Que esconde só maldade e muito medo,
Terra descomandada que virou tortura
De autofagia, de mitomania,
De melancolia sem lugar ao sonho,
Na sonolência que dão as vozes
Investigando, acusando, algozes,
Neste desconcerto sem acerto
Neste rodopiar de um destino incerto,
Nesta maldição de tropelia
Sem magia
Em que vivemos e nos debatemos,
Sem ar,
Quais peixes contorcendo-se fora da água
Prestes a morrer
Sem o saber.

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