A publicação no “A Bem da Nação” de
um deles, levou-me a uma busca no meu blog desses textos que foram tema de um
concurso para uma Antologia Poética da Chiado Editora.
Como não os encontro, publico os dois, sendo que o segundo parece que mereceu
figurar na Antologia deste ano, embora o rigor do pensamento de expressão
simples e clara longe esteja dos parâmetros da elaboração poética da nossa
empatia estética.
BUSCANDO… NADA
2014:
Visão a
ferro e fogo escandecida,
Visão de
Inferno, de temor, de inquietação,
É esta
Terra a deslizar, perdida,
A
despenhar-se num espaço sem travão.
Dificilmente
o sonho é de magia,
O que se
constrói redunda em perdição,
Cada
invento comporta dor e alegria,
Num
progresso que atrai destruição.
Sonhar
não é mais felicidade
Neste
Universo de irrealidade
Aquele
que vivemos cada dia.
O amanhã
não se nos afigura belo
A
esperança no futuro é bem sombria
O sono
diário, puro pesadelo.
2015:
Entre o
sono e o sonho
Sono de apatia,
sonho esperançoso
Que logo se desfaz
em desespero,
Assim vivemos o
nosso dia-a-dia
Na penúria de um
constante matutar,
A ilusão perdidamente
a descambar
Sem calçada de
Carriche onde lancemos
Passadas de
trupe-trupe ruidoso
E firme na rotina de
um trabalho
Agora inexistente em
muito lar,
Onde se dormita sem
futuro à vista.
Ambições perdidas de
um tempo incerto
Em que se mata a
descoberto,
Crime contínuo de
torpeza impune,
O mundo
estrebuchando na loucura
Dum falso fanatismo de
pretexto
Que esconde só
maldade e muito medo,
Terra descomandada
que virou tortura
De autofagia, de
mitomania,
De melancolia sem
lugar ao sonho,
Na sonolência que
dão as vozes
Investigando,
acusando, algozes,
Neste desconcerto
sem acerto
Neste rodopiar de um
destino incerto,
Nesta maldição de
tropelia
Sem magia
Em que vivemos e nos
debatemos,
Sem ar,
Quais peixes contorcendo-se
fora da água
Prestes a morrer
Sem o saber.
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