Esta ouvi eu já há dias da boca de António Costa e
abismei-me com tanta malandrice que ele atribuiu aos que governam agora, e até
se me toldaram os olhos de lágrimas que acabaram por cair aos borbotões pelas
minhas faces cheias, não direi da glutonaria, pois o receio da diabetes me faz
ser relativamente comedida nos doces, embora a minha irmã ache que não, que me
descomando, mas, mesmo assim, não sei se o Cristo e o Costa não me incluiriam
no rol dos comedores, caso me conhecessem. Felizmente, só Cristo, que tudo
sabe, me poderá acusar, pois que ao Costa, que não tem os mesmos poderes de
omnisciência, passo despercebida, o que me conforta, temporariamente que seja. Como Cristo tudo perdoa, dele não me virá
mal, por conta da objurgatória do Costa, ainda atido às preocupações que o
nosso Zeca Afonso também manifestara, mais poeticamente, é certo, mas receio a
valer que o caso se inverta assim que Costa for governo, e o motivo da
estranheza do seu naco de prosa for
trocado – os que comem agora ficarão na miséria, os míseros de agora comerão
então. Sei que Cristo também disse mal dos ricos e só os pobres compensou com a
vida eterna, mas, pelo espanto que revela com a sua frase exclamativa, o Costa
é mais generoso do que Cristo - embora menos omnisciente - e quer compensar os
pobres ainda nesta vida, daí os meus receios pela extinção das doçuras e até
mesmo dos outros alimentos a que me habituei, quando o Costa ocupar S. Bento.
É certo que já
passaram mais de dois mil anos das pregações d'Aquele que fazia justiça através
de parábolas, e as coisas até evoluíram desde aí, com a chegada de outros
justiceiros, alguns dos quais pregaram a igualdade social e outros benefícios, (que
não incluíam igualdades espirituais, daí o descuido na instrução de muitos,
pelo menos em alguns sítios da Terra, a escravatura desde sempre imprescindível,
já desde as pirâmides).
Mas é a isso que eu me aferro, à igualdade social: O
Costa, que evoluiu desde o Cristo, talvez não inverta assim tanto. Tentará antes aplainar,
que, a falar como fala, vê-se que é dos que sabem usar plaina.
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