No hino francês também. A
nossa predisposição para gritar às armas. Mas o hino espanhol não tem esse
apelo. É mais ao trabalho e à paz, específico de uma continuidade forjadora de cidadãos, dedicados fortemente ao seu país,
oxalá assim seja, nos tempos que decorrem, os partidos a não se entenderem, o
que parece que não causa transtorno, eles lá vão de braços alçados a prosseguir
no triunfo de uma grande pátria que supo
seguir sobre el azul del mar el caminar del sol.
Viva España!
Viva España!
Alzad los brazos hijos del pueblo
español
Que vuelve a resurgir
Gloria a la patria que supo seguir
Sobre el azul del mar el caminar del
sol (bis)
¡Triunfa España!
Los yunques y las ruedas cantan al
compás
Del himno de la fe (bis)
Juntos con ellos cantemos de pie
La vida nueva y fuerte del trabajo y
paz (bis)
¡Viva España!
Alzad los brazos hijos del pueblo
español
Que vuelve a resurgir(bis)
Gloria a la patria que supo seguir
Sobre el azul del mar el caminar del
sol (bis)
Como muito bem informa António
Barreto, o nosso caminho é outro. Tudo numa abstracção perdida nas brumas da
memória, numa gritaria de apelo insensato, não de auto-estímulo esforçado para o
trabalho e a responsabilidade. O artigo de António Barreto é muito justo muito
apropriado, muito inútil. Aqui fica, mesmo depois de não se terem verificado tais
desastres, por enquanto, suspensos. Até ver:
Às
armas!
António
Barreto
DN,
17/7/16 «SEM EMENDA)
Aqui
estamos, mais uma vez, a bramar "às armas!". Como sempre. Como
noutros séculos. Quando os portugueses, alguns portugueses, não encontram
desculpas para as suas asneiras, recorrem ao patriotismo. Quando os governantes
não sabem resolver os problemas que herdaram ou criaram, entoam hinos. Quando
os dirigentes querem escapar, atribuem as responsabilidades ao inimigo externo.
Mas sobretudo quando não têm meios nem razão, logo apontam o dedo a um perigo
estrangeiro. Já foi a Espanha dos Filipes, já foi a Inglaterra dos piratas e já
foi a França do terror e de Napoleão. Também já foram os americanos. E os
comunistas, russos de preferência. Já foi o petróleo e os dólares. Agora, são
os europeus. Os de Bruxelas, em geral. Os da Alemanha, em particular. Os da
direita, da banca e das finanças, mas estrangeiros. São eles os responsáveis
pelas nossas dívidas, os causadores das nossas perdas, os obreiros da nossa
crise e os culpados das nossas dificuldades!
Em
vez de procurar valorizar o que temos, de aproveitar o que sabemos e de
organizar a economia; em vez de investir, de diminuir o desperdício e de fazer
obra útil; em vez de apenas gastar o que temos, de atrair investimento externo
e de trabalhar e poupar; em vez de estudar, de nos governarmos com mais
sabedoria e de fazer com que o Estado respeite os cidadãos, em vez disso,
procuram as autoridades comover os sentimentos, confundir os espíritos e
mobilizar contra alguém, o inimigo, o adversário, a ficção dos que querem
mandar em nós, a invenção dos que não respeitam os portugueses e a fantasia dos
que não honram uma nação com oito séculos de história!
António
Costa, o seu governo e os partidos que o apoiam estão envolvidos num processo
perigoso que vai acabar mal. Desencadearam uma guerra contra a União.
Atiraram-se à Europa. Batem o pé, como gostam de dizer. Levantam a voz ou falam
com voz grossa, como prometem em comícios vulgares. Não aceitam a chantagem
europeia, declaram em tom marialva. Não estão cá para obedecer à Europa!
Garantem que em Portugal são os portugueses que mandam e não aceitam lições de
ninguém!
O
governo recusa mostrar à Comissão um rascunho de orçamento que, aliás, ninguém
lhe pediu! Insiste em gastar e distribuir. Não corta na despesa. Contraria a
Espanha e o Reino Unido. Critica a Alemanha. Procura aliados na
extrema-esquerda, coisa pouca. O governo não tem meios, nem força interna, nem
aliados externos que lhe permitam esta espécie de baroud d"honneur, o
último combate de uma guerra perdida! De luta simbólica para dar o exemplo. De
sacrifício que faça um mártir e nos transforme em heróis! Portugal não tem
riqueza, nem recursos, nem capacidade para, sozinho, contrariar as regras da
economia europeia e mundial, obter os créditos de que necessita, conseguir os
investimentos de que carece. Não se deve cantar mais alto do que a sua
garganta. Nem dar passos maiores do que os seus pés. Muito menos cantar de
galo, quando não se tem voz nem poleiro. António Costa e o governo estão a
preparar-se para desencadear uma luta para a qual não têm meios nem força. E
nem sequer razão.
É
claro que a União Europeia está em apuros e não sabe qual é o seu destino. Há
anos que se espera pela crise em que vivemos hoje. A União Europeia está à
beira de morrer na praia, como diz o lugar-comum. Foi longe de mais e não foi
suficientemente longe. Não é equitativa, distingue entre grandes e pequenos.
Não é justa, só castiga os fracos. Não é igualitária, segue as directivas
alemãs. Longe de mais para dar paz e democracia. De menos para a segurança e a
disciplina.
Mas
nada justifica que o governo português invente uma guerra contra a União. Será
sempre uma guerra contra si próprio.
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