Embora os temas difiram, das páginas
45 e 44 do Público de 3/8/16 – o primeiro, de Miguel Alvim,
sobre o fenómeno da expansão da esquerda internacionalista desembocando, aqui
em Portugal, no altivo pronunciamento da dirigente Catarina Martins do
BE, sobre a União Europeia egoísta e capitalista, desprezadora dos migrantes africanos
e asiáticos acossados pelas guerras, que
a sua (da dita Catarina) muita humanidade pretende proteger, além de outras acusações que o seu projecto auto-dinâmico de saída da UE –
asnático, segundo M. Alvim - acentua, o segundo, de Paulo
Rangel, uma “aula magna” sobre as “cenas” de Vladimir Putin no
tablado nacional e internacional, encimadas por expressiva foto do dito,
demonstrativa da sua habilidade de dissimulação – não posso deixar de os
associar - o primeiro pelo asco que me merece uma tal figura de fêmea atrevida,
tomada de amores por essa esquerda mais ou menos criminosa, ao longo dos
tempos, que hoje lhe dá poder, para efeitos de estabilidade governativa do líder
socialista e do seu partido, o segundo por uma lúcida página de história contemporânea
sobre a personalidade e actuação desse mesmo líder. A esses acrescento as
esclarecedoras notas da Internet:
I
O Couraçado Potemkin falhou
Miguel Alvim
Em Portugal o
salazarismo estatista chama-se hoje maioria de esquerda.
A
memória dos povos é curta.
Andou
a esquerda internacionalista a pregar por mais de 60 anos por levantamentos, revoluções
de massas e fuzilamentos sumários um pouco por todo o mundo, para acabar
ultimamente em Portugal cega, patrioteira e nacionalista.
Ultimamente
contra a União Europeia e contra o Euro.
É
o que resta do animismo da esquerda, depois da esforçada tentativa de imposição
social de todas as estafadas fracturas antropológicas.
E
antes da personalização jurídica dos animais (será que é desta que
conseguiremos transformar um gato num cão?).
Mas
realmente não se pode gabar a incoerência, nem o erro histórico da esquerda.
Porque
o que há que salvar é a pessoa individual, com a sua vida e os seus problemas
(e as suas soluções).
Não
são as massas.
Não
é a superestrutura da “nova” e por fazer maioria política de transformação
social.
O
tal projecto auto-dinâmico de que falava a bloquista Catarina Martins na última
entrevista.
Porque
o que falta não é transformação social e menos ainda revolução.
Nesta
altura do campeonato, o “número” mediático bloquista e comunista de Portugal
sair da União Europeia e abandonar o Euro, não é salutar inconformismo.
É
asnice e falta de preparação das lideranças.
O
que faz falta é deixar que a vida se faça e aconteça.
Pese
embora com regras e supervisão democráticas.
Pelo
que a superação política desta estagnada e difusa situação (de um Portugal
sempre adiado e sempre a prazo) só pode vir do centro e da direita.
Desde
logo, porque têm como pressuposto essencial aceitar as pessoas como elas são.
Sem
as quererem transformar em pessoas novas à força e através dos poderes do
Estado.
Os
“amanhãs que cantam” falam de liberdade, não de coacção.
Em
Portugal o salazarismo estatista chama-se hoje maioria de esquerda.
Mas
é preciso tempo para amadurecer e interiorizar esta verdade e preparar uma
verdadeira e definitiva alternativa ao estagnado status quo em que alguns
poucos vivem literalmente à custa e muito por cima de quase todos os que
sobrevivem.
Advogado,
membro da Comissão Política Nacional do CDS
Nota da Internet:
O couraçado
foi um navio de guerra da Frota do Mar Negro da Rússia. Foi
construído nos estaleiros de Nikolayev em
1898 e entrou ao serviço em 1904..
Este navio tornou-se famoso devido à revolta da sua
tripulação, que nele ocorreu em Junho de 1905 devido às más condições em que
operavam, às implicações da derrota russa na Batalha de Tsushima e em plena Revolução de 1905.
Após a revolta o navio mudou de nome para Panteleimon,
a partir de São Pantaleão, tendo voltado ao nome original em
fevereiro de 1917. A seguir à Revolução de Outubro, o seu nome foi alterado
definitivamente para Boretz za Svobodu.Em 1918 foi capturado em Sebastopol
pelo Exército alemão, sendo mais tarde recapturado ao Exército branco e entregue em 1919 às forças aliadas, que o
fizeram explodir de modo a impedir a sua utilização pelos Bolcheviques.
O Couraçado Potemkin seria finalmente desmantelado em 1922.
Serguei Eisenstein realizaria, em 1925, um filme
sobre a revolta, chamado Bronenosets Potyomkin, o qual se tornou num
marco da história do cinema.)
II
Putin, a Rússia, a Europa e
Trump
Putin apostou tudo não
apenas na defesa tradicional, mas também na “ciber-guerra”. Moscovo é hoje a
Meca dos “hackers”
1. O
primeiro dia da Convenção do Partido Democrata foi marcado pela divulgação de
um sem número de e-mails em que a direcção do partido favorecia Hillary Clinton
em detrimento de Bernie Sanders. Fontes de Clinton deixaram escapar a convicção
de que esses e-mails tinham sido “captados” pelas autoridades russas e de que
estas – com grande sentido de oportunidade – os fizeram divulgar naquele preciso
dia. Com o óbvio intuito, claro está, de ajudar Donald Trump, que tem mostrado
uma grande empatia pela “Administração” Putin. Trump, que não perde uma
ocasião para levar por diante a sua guerrilha eleitoral, logo veio instar a
Rússia – já que era ela a autora do acto de “pirataria” informática – a
divulgar o conteúdo de todas as mensagens. Eis o que deu origem a mais uma
polémica e deixou a CIA e o Pentágono em quase desespero, ante a perspectiva de
Trump poder vir a sentar-se à mesa da sala oval.
2. Este episódio, que parece
apenas mais uma das bizarras e caricatas façanhas de Donald Trump, diz muito
sobre Putin e a Rússia – mais do que possa pensar-se. Vladimir Putin
entrou na política nacional russa, depois de uma sólida carreira no KGB e no
governo de São Petersburgo, para o cargo de Primeiro-Ministro pela mão do hoje
esquecido Boris Yeltsin. Em 1999 à frente do Governo e em 2000, já como
Presidente, Putin tentou introduzir reformas económicas na Rússia. Pensava que
talvez fosse possível fazer na Rússia o que Deng Xiao Ping fez na China: criar
gradualmente um capitalismo de Estado, mantendo um férreo controlo político da
sociedade e apelando ao tradicional sentido nacionalista do povo russo.
Rapidamente se foi dando conta de que a reforma económica do grande império era
praticamente inviável e que teria de se render a uma economia assente na
exportação de matérias-primas, designadamente de energia. E também – et
pour cause – à densa e dura teia de oligarcas que o fim do regime comunista
soviético criara e desenvolvera. Na verdade, a Rússia, saída de uma
economia medieva do tempo dos czares para uma economia colectivista do tempo do
comunismo estalinista, nunca conheceu nem aprendeu as regras do mercado e do
capitalismo. Bem ao contrário da China que, apesar do interregno de quarenta
anos de comunismo maoísta, tinha uma tradição mercantil e comercial milenar. E
que tem uma natural apetência pelo lucro e pela especulação, bem documentados
no hábito tão profundamente enraizado dos jogos de fortuna e azar. Ou
seja, a adaptação da China e dos chineses ao capitalismo global, ao jogo
financeiro e à economia de mercado tem algo de quase “natural”. É justamente
esse “algo” que falta e falha à tradição russa e à mentalidade do seu povo. E
sem esse espírito, as ditas reformas de Putin, mesmo admitindo que eram
bem-intencionadas e foram bem orientadas, caíram em terreno infértil.
3. Não sendo capaz de sair dos
limites de uma economia essencialmente extractiva, produtora e exportadora de
matéria primas, Putin teve que mudar de escopo estratégico. Se as reformas
económicas não davam resultado, então teria de virar-se para o campo que
conhece e que domina: a geopolítica, a geopolítica pura. Ainda no seu
primeiro mandato presidencial, é já visível este desiderato de retomar a
grandeza da Rússia pela velha via do rearmamento, do controlo da informação e
dos serviços de inteligência à escala global. E Putin, na boa linha russa,
começou a jogar no tabuleiro de xadrez europeu. Começou por fazer “bullying”
político à Ucrânia e à Geórgia e estimular a agitação na Moldávia, em nítida
provocação à Roménia. E por estender o “bullying” aos países bálticos,
designadamente através das populações russófonas, muito representativas na
Estónia e na Letónia. Não deixou de assediar militarmente – geralmente pela via
submarina – a Finlândia e a Suécia, países neutrais, que não fazem parte da
NATO. E depois avançou decididamente para a política interna de muitos dos
Estados europeus. A presença russa na política búlgara e na política sérvia é
um dado antigo e quase inescapável. Mas a aliança que fez com Orban na
Hungria, essencialmente assente na venda da energia a preço muito baixo, é já
da ordem do contra-natura. O apoio financeiro aberto à Frente Nacional de
Marine Le Pen não engana ninguém e o suporte financeiro discreto ao Syriza na
Grécia ou aos comunistas em Chipre mostra bem que Putin aposta na
desestabilização da situação política interna dos países da União. Corre em todo
o lado que deu ajudas ao UKIP para promover o Brexit e que empresta dinheiro à
maioria dos partidos de direita radical, da Holanda á Áustria e à Suécia.
Recentemente houve notícia da prisão de um espião português em Roma que
traficava informação para a Rússia e de voos russos no nosso espaço aéreo. Nada
é descurado, nada fica ao acaso. Nem o jardim à beira-mar plantado.
4. É aqui que aquele episódio à
volta de Trump entronca e se torna verosímil. Putin apostou tudo não
apenas na defesa tradicional, mas também na “ciber-guerra”. Moscovo é hoje a
Meca dos “hackers”, possuindo o mais sofisticado centro de pirataria
informática e de organização sistemática de “hacking” do mundo. Qualquer
empresa de “ciber-segurança”, mesmo modesta, atestará esta afirmação. Não é por
acaso que Snowden foi acolhido em Moscovo e que Assange está confinado à
embaixada do Equador, um satélite do socialismo bolivariano, regime apoiado
pelos russos na Venezuela e, não por coincidência, financiador do “Podemos” em
Espanha.
5. Sou um crítico da política
europeia para a Rússia, que tem oferecido a Putin muitos dos pretextos de que
ele carece para levar a sua estratégia avante. Mas ninguém deve esquecer, seja
nas crises que hoje afectam a União Europeia, seja nas eleições americanas, que
Putin é um dos actores que está em cena – um actor que nos conhece bem
melhor do que nós a ele. E que, ponto a não esquecer, sabe mais sobre nós do
que podemos suspeitar ou adivinhar.
Nota da Internet:
Hacker
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Nota: Para outros significados, veja Hacker (desambiguação).
Em informática,
hacker] [ráquer]2 é um indivíduo que se dedica, com
intensidade incomum, a conhecer e modificar os aspectos mais internos de dispositivos, programas e redes de computadores. Graças a esses
conhecimentos, um hacker frequentemente consegue obter soluções e efeitos
extraordinários, que extrapolam os limites do funcionamento "normal"
dos sistemas como previstos pelos seus criadores; incluindo, por exemplo,
contornar as barreiras que supostamente deveriam impedir o controle de certos
sistemas e acesso a certos dados.[3]
O termo (pronunciado "háquer" com
"h" expirado) é importado da língua
inglesa, e tem sido traduzido por decifrador (embora esta palavra tenha
outro sentido bem distinto) ou "traduzido" para ráquer.[4] Os verbos
"hackear" e "raquear" costumam ser usados para descrever
modificações e manipulações não triviais ou não autorizadas em sistemas de
computação.
Hackers são necessariamente programadores habilidosos
(mas não necessariamente disciplinados). Muitos são jovens, especialmente
estudantes (desde nível médio a pós-graduação). Por dedicarem muito tempo a
pesquisa e experimentação, hackers tendem a ter reduzida atividade social
e se encaixar no estereótipo do nerd. Suas motivações são muito variadas, incluindo curiosidade,
necessidade profissional, vaidade, espírito competitivo, patriotismo, ativismo
ou mesmo crime. Hackers que usam seu conhecimento para fins ilegais ou
prejudiciais são chamados crackers.[5]
Muitos hackers compartilham informações e colaboram em
projetos comuns, incluindo congressos, ativismo e
criação de software livre, constituindo uma comunidade hacker
com cultura, ideologia e motivações específicas.[6] Outros
trabalham para empresas ou agências governamentais, ou por conta própria. Hackers
foram responsáveis por muitas importantes inovações na computação, incluindo a linguagem de programação C e o sistema operacional Unix (Kernighan
e Ritchie),
o editor de texto emacs (Stallman), o sistema GNU/Linux
(Stallman e Torvalds) e o indexador Google (Page e Brin).
Hackers também revelaram muitas fragilidades em sistemas de criptografia
e segurança, como, por exemplo, urnas digitais (Gonggrijp e Haldeman), cédula de identidade com chip, discos
Blu-ray, bloqueio de telefones
celulares, etc.
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