sábado, 6 de agosto de 2016

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Embora os temas difiram, das páginas 45 e 44 do Público de 3/8/16 – o primeiro, de Miguel Alvim, sobre o fenómeno da expansão da esquerda internacionalista desembocando, aqui em Portugal, no altivo pronunciamento da dirigente Catarina Martins do BE, sobre a União Europeia egoísta e capitalista, desprezadora dos migrantes africanos e asiáticos acossados  pelas guerras, que a sua (da dita Catarina)  muita humanidade pretende proteger, além de outras acusações que o seu projecto auto-dinâmico de saída da UE – asnático, segundo M. Alvim -  acentua, o segundo, de Paulo Rangel, uma “aula magna” sobre as “cenas” de Vladimir Putin no tablado nacional e internacional, encimadas por expressiva foto do dito, demonstrativa da sua habilidade de dissimulação – não posso deixar de os associar - o primeiro pelo asco que me merece uma tal figura de fêmea atrevida, tomada de amores por essa esquerda mais ou menos criminosa, ao longo dos tempos, que hoje lhe dá poder, para efeitos de estabilidade governativa do líder socialista e do seu partido, o segundo por uma lúcida página de história contemporânea sobre a personalidade e actuação desse mesmo líder. A esses acrescento as esclarecedoras notas da Internet:

I
O Couraçado Potemkin falhou
Miguel Alvim
Em Portugal o salazarismo estatista chama-se hoje maioria de esquerda.
A memória dos povos é curta.
Andou a esquerda internacionalista a pregar por mais de 60 anos por levantamentos, revoluções de massas e fuzilamentos sumários um pouco por todo o mundo, para acabar ultimamente em Portugal cega, patrioteira e nacionalista.
Ultimamente contra a União Europeia e contra o Euro.
É o que resta do animismo da esquerda, depois da esforçada tentativa de imposição social de todas as estafadas fracturas antropológicas.
E antes da personalização jurídica dos animais (será que é desta que conseguiremos transformar um gato num cão?).
Mas realmente não se pode gabar a incoerência, nem o erro histórico da esquerda.
Porque o que há que salvar é a pessoa individual, com a sua vida e os seus problemas (e as suas soluções).
Não são as massas.
Não é a superestrutura da “nova” e por fazer maioria política de transformação social.
O tal projecto auto-dinâmico de que falava a bloquista Catarina Martins na última entrevista.
Porque o que falta não é transformação social e menos ainda revolução.
Nesta altura do campeonato, o “número” mediático bloquista e comunista de Portugal sair da União Europeia e abandonar o Euro, não é salutar inconformismo.
É asnice e falta de preparação das lideranças.
O que faz falta é deixar que a vida se faça e aconteça.
Pese embora com regras e supervisão democráticas.
Pelo que a superação política desta estagnada e difusa situação (de um Portugal sempre adiado e sempre a prazo) só pode vir do centro e da direita.
Desde logo, porque têm como pressuposto essencial aceitar as pessoas como elas são.
Sem as quererem transformar em pessoas novas à força e através dos poderes do Estado.
Os “amanhãs que cantam” falam de liberdade, não de coacção.
Em Portugal o salazarismo estatista chama-se hoje maioria de esquerda.
Mas é preciso tempo para amadurecer e interiorizar esta verdade e preparar uma verdadeira e definitiva alternativa ao estagnado status quo em que alguns poucos vivem literalmente à custa e muito por cima de quase todos os que sobrevivem.
Advogado, membro da Comissão Política Nacional do CDS    

Nota da Internet:
O couraçado foi um navio de guerra da Frota do Mar Negro da Rússia. Foi construído nos estaleiros de Nikolayev em 1898 e entrou ao serviço em 1904..
Este navio tornou-se famoso devido à revolta da sua tripulação, que nele ocorreu em Junho de 1905 devido às más condições em que operavam, às implicações da derrota russa na Batalha de Tsushima e em plena Revolução de 1905.
Após a revolta o navio mudou de nome para Panteleimon, a partir de São Pantaleão, tendo voltado ao nome original em fevereiro de 1917. A seguir à Revolução de Outubro, o seu nome foi alterado definitivamente para Boretz za Svobodu.Em 1918 foi capturado em Sebastopol pelo Exército alemão, sendo mais tarde recapturado ao Exército branco e entregue em 1919 às forças aliadas, que o fizeram explodir de modo a impedir a sua utilização pelos Bolcheviques. O Couraçado Potemkin seria finalmente desmantelado em 1922.
Serguei Eisenstein realizaria, em 1925, um filme sobre a revolta, chamado Bronenosets Potyomkin, o qual se tornou num marco da história do cinema.)
 II
Putin, a Rússia, a Europa e Trump

Putin apostou tudo não apenas na defesa tradicional, mas também na “ciber-guerra”. Moscovo é hoje a Meca dos “hackers”
1. O primeiro dia da Convenção do Partido Democrata foi marcado pela divulgação de um sem número de e-mails em que a direcção do partido favorecia Hillary Clinton em detrimento de Bernie Sanders. Fontes de Clinton deixaram escapar a convicção de que esses e-mails tinham sido “captados” pelas autoridades russas e de que estas – com grande sentido de oportunidade – os fizeram divulgar naquele preciso dia. Com o óbvio intuito, claro está, de ajudar Donald Trump, que tem mostrado uma grande empatia pela “Administração” Putin. Trump, que não perde uma ocasião para levar por diante a sua guerrilha eleitoral, logo veio instar a Rússia – já que era ela a autora do acto de “pirataria” informática – a divulgar o conteúdo de todas as mensagens. Eis o que deu origem a mais uma polémica e deixou a CIA e o Pentágono em quase desespero, ante a perspectiva de Trump poder vir a sentar-se à mesa da sala oval.
2. Este episódio, que parece apenas mais uma das bizarras e caricatas façanhas de Donald Trump, diz muito sobre Putin e a Rússia – mais do que possa pensar-se. Vladimir Putin entrou na política nacional russa, depois de uma sólida carreira no KGB e no governo de São Petersburgo, para o cargo de Primeiro-Ministro pela mão do hoje esquecido Boris Yeltsin. Em 1999 à frente do Governo e em 2000, já como Presidente, Putin tentou introduzir reformas económicas na Rússia. Pensava que talvez fosse possível fazer na Rússia o que Deng Xiao Ping fez na China: criar gradualmente um capitalismo de Estado, mantendo um férreo controlo político da sociedade e apelando ao tradicional sentido nacionalista do povo russo. Rapidamente se foi dando conta de que a reforma económica do grande império era praticamente inviável e que teria de se render a uma economia assente na exportação de matérias-primas, designadamente de energia. E também – et pour cause – à densa e dura teia de oligarcas que o fim do regime comunista soviético criara e desenvolvera. Na verdade, a Rússia, saída de uma economia medieva do tempo dos czares para uma economia colectivista do tempo do comunismo estalinista, nunca conheceu nem aprendeu as regras do mercado e do capitalismo. Bem ao contrário da China que, apesar do interregno de quarenta anos de comunismo maoísta, tinha uma tradição mercantil e comercial milenar. E que tem uma natural apetência pelo lucro e pela especulação, bem documentados no hábito tão profundamente enraizado dos jogos de fortuna e azar. Ou seja, a adaptação da China e dos chineses ao capitalismo global, ao jogo financeiro e à economia de mercado tem algo de quase “natural”. É justamente esse “algo” que falta e falha à tradição russa e à mentalidade do seu povo. E sem esse espírito, as ditas reformas de Putin, mesmo admitindo que eram bem-intencionadas e foram bem orientadas, caíram em terreno infértil.
3. Não sendo capaz de sair dos limites de uma economia essencialmente extractiva, produtora e exportadora de matéria primas, Putin teve que mudar de escopo estratégico. Se as reformas económicas não davam resultado, então teria de virar-se para o campo que conhece e que domina: a geopolítica, a geopolítica pura. Ainda no seu primeiro mandato presidencial, é já visível este desiderato de retomar a grandeza da Rússia pela velha via do rearmamento, do controlo da informação e dos serviços de inteligência à escala global. E Putin, na boa linha russa, começou a jogar no tabuleiro de xadrez europeu. Começou por fazer “bullying” político à Ucrânia e à Geórgia e estimular a agitação na Moldávia, em nítida provocação à Roménia. E por estender o “bullying” aos países bálticos, designadamente através das populações russófonas, muito representativas na Estónia e na Letónia. Não deixou de assediar militarmente – geralmente pela via submarina – a Finlândia e a Suécia, países neutrais, que não fazem parte da NATO. E depois avançou decididamente para a política interna de muitos dos Estados europeus. A presença russa na política búlgara e na política sérvia é um dado antigo e quase inescapável. Mas a aliança que fez com Orban na Hungria, essencialmente assente na venda da energia a preço muito baixo, é já da ordem do contra-natura. O apoio financeiro aberto à Frente Nacional de Marine Le Pen não engana ninguém e o suporte financeiro discreto ao Syriza na Grécia ou aos comunistas em Chipre mostra bem que Putin aposta na desestabilização da situação política interna dos países da União. Corre em todo o lado que deu ajudas ao UKIP para promover o Brexit e que empresta dinheiro à maioria dos partidos de direita radical, da Holanda á Áustria e à Suécia. Recentemente houve notícia da prisão de um espião português em Roma que traficava informação para a Rússia e de voos russos no nosso espaço aéreo. Nada é descurado, nada fica ao acaso. Nem o jardim à beira-mar plantado.
4. É aqui que aquele episódio à volta de Trump entronca e se torna verosímil. Putin apostou tudo não apenas na defesa tradicional, mas também na “ciber-guerra”. Moscovo é hoje a Meca dos “hackers”, possuindo o mais sofisticado centro de pirataria informática e de organização sistemática de “hacking” do mundo. Qualquer empresa de “ciber-segurança”, mesmo modesta, atestará esta afirmação. Não é por acaso que Snowden foi acolhido em Moscovo e que Assange está confinado à embaixada do Equador, um satélite do socialismo bolivariano, regime apoiado pelos russos na Venezuela e, não por coincidência, financiador do “Podemos” em Espanha.
5. Sou um crítico da política europeia para a Rússia, que tem oferecido a Putin muitos dos pretextos de que ele carece para levar a sua estratégia avante. Mas ninguém deve esquecer, seja nas crises que hoje afectam a União Europeia, seja nas eleições americanas, que Putin é um dos actores que está em cena – um actor que nos conhece bem melhor do que nós a ele. E que, ponto a não esquecer, sabe mais sobre nós do que podemos suspeitar ou adivinhar.

Nota da Internet:
Hacker
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Disambig grey.svg Nota: Para outros significados, veja Hacker (desambiguação).
Em informática, hacker] [ráquer]2 é um indivíduo que se dedica, com intensidade incomum, a conhecer e modificar os aspectos mais internos de dispositivos, programas e redes de computadores. Graças a esses conhecimentos, um hacker frequentemente consegue obter soluções e efeitos extraordinários, que extrapolam os limites do funcionamento "normal" dos sistemas como previstos pelos seus criadores; incluindo, por exemplo, contornar as barreiras que supostamente deveriam impedir o controle de certos sistemas e acesso a certos dados.[3]
O termo (pronunciado "háquer" com "h" expirado) é importado da língua inglesa, e tem sido traduzido por decifrador (embora esta palavra tenha outro sentido bem distinto) ou "traduzido" para ráquer.[4] Os verbos "hackear" e "raquear" costumam ser usados para descrever modificações e manipulações não triviais ou não autorizadas em sistemas de computação.
Hackers são necessariamente programadores habilidosos (mas não necessariamente disciplinados). Muitos são jovens, especialmente estudantes (desde nível médio a pós-graduação). Por dedicarem muito tempo a pesquisa e experimentação, hackers tendem a ter reduzida atividade social e se encaixar no estereótipo do nerd. Suas motivações são muito variadas, incluindo curiosidade, necessidade profissional, vaidade, espírito competitivo, patriotismo, ativismo ou mesmo crime. Hackers que usam seu conhecimento para fins ilegais ou prejudiciais são chamados crackers.[5]
Muitos hackers compartilham informações e colaboram em projetos comuns, incluindo congressos, ativismo e criação de software livre, constituindo uma comunidade hacker com cultura, ideologia e motivações específicas.[6] Outros trabalham para empresas ou agências governamentais, ou por conta própria. Hackers foram responsáveis por muitas importantes inovações na computação, incluindo a linguagem de programação C e o sistema operacional Unix (Kernighan e Ritchie), o editor de texto emacs (Stallman), o sistema GNU/Linux (Stallman e Torvalds) e o indexador Google (Page e Brin). Hackers também revelaram muitas fragilidades em sistemas de criptografia e segurança, como, por exemplo, urnas digitais (Gonggrijp e Haldeman), cédula de identidade com chip, discos Blu-ray, bloqueio de telefones celulares, etc.


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