O ponteiro virou de rumo. Os
atentados terroristas são produto não de uma trupe fanática islamista, ou
jihadista, que descendem também dum hábito ancestral, já patente na Bíblia, desde
Caim e Abel, de bulha constante pela posse de terras, reforçado, nos novos tempos de tanta
convulsão, com a criação relativamente recente do Estado de Israel à custa da
Palestina, que nos tornavam, aos da direita xenófoba e racista, apoiantes da
criação desse Estado, indemnizador dos sacrificados judeus às mãos abjectas dos
nazis, e admiradores dos americanos e outros povos europeus protectores do mesmo Estado, e
combatentes das esquerdas, que esses palestinianos representavam, como outros
antes deles - os terroristas que pretendiam retomar as suas terras aos colonizadores
europeus, industriados por Moscovo com as directrizes da sua cartilha, que já
tanto os servira, aos «moscovitas», alastrando pelo mundo. Em meio disso, relembro
o demoníaco aiatola Khomeini substituto do xá do Irão, Reza Pahlavi, o que a
todos nós causou muita pena, porque ocidentalizara o seu país e tivera uma beldade
infeliz por esposa, que, por ser infértil, se vira obrigado a substituir por
outra esposa também bela, que lhe deu lindos filhos, para a continuação do seu
governo, divórcio que fora inútil, depois se viu.
Mas o artigo de Alberto Gonçalves só se foca nos ataques
terroristas de agora, europeus, que por serem tantos e inesperados e do continente, já os
democratas começam a atribuir aos da direita antidemocrática, que não querem cá
essas trupes fanáticas e despudoradas do novo Estado Islâmico, e por isso lhes
atribuem sentimentos de racismo contra a falta de integração dos migrantes, daí
que pratiquem muitas dessas barbaridades, tese que Alberto Gonçalves desfaz,
numa espécie de discurso argumentativo poético, em que a expressão extrema-direita
xenófoba e racista funciona como estribilho de troça, embora muitos actos
tresloucados possam, de facto, pertencer a vinganças de indivíduos tresloucados
ou falhados na vida.
E o segundo texto, avesso a
Obama, defensor de Trump, revela facetas deste que o impõem como possível herói,
num país de facto grande, mas sem a certeza dos resultados, caso seja escolhido,
num mundo extremamente complexo.
Uma falsa ameaça
Alberto Gonçalves
DN, 3177716
É
absurdo atribuir à extrema-direita xenófoba e racista os recentes atentados na
Europa. Embora os autores dos atentados alegadamente exibam um passado de
militância na extrema-direita xenófoba e racista, e movimentos da
extrema-direita xenófoba e racista os reivindiquem, é preciso não confundir
estes elementos radicalizados com a extrema-direita xenófoba e racista em
geral. Felizmente, a vasta maioria da extrema-direita xenófoba e racista
é constituída por gente pacífica que não se revê em acções violentas. Uma
ocasião, aliás, até vi um líder da extrema-direita xenófoba e racista
condenar estes excessos.
A
maior ameaça que o continente hoje enfrenta não advém da
extrema-direita xenófoba e racista, mas justamente dos populistas que,
aqui e ali, apelam à respectiva discriminação e, quiçá, erradicação. É
fundamental que o discurso do ódio não prevaleça sobre a concórdia entre
indivíduos de todas as crenças e convicções. Uma civilização tolerante não pode
tolerar uma existência subordinada à desconfiança e à mentira. Falemos da
mentira.
Há
um factor que desmonta imediatamente a "narrativa" (desculpem) que responsabiliza
a extrema-direita xenófoba e racista pelas matanças em curso. De
acordo com as informações reveladas pelas autoridades, é notório que os
protagonistas de esfaqueamentos, degolações, explosões e atropelamentos em
série pertencem a um de dois grupos: a) sujeitos com problemas psiquiátricos,
leia-se doentes carenciados da atenção que, evidentemente, a medicina
não lhes prestou; b) sujeitos com problemas de integração, leia-se vítimas de
governos incapazes de responder com políticas de apoio aos anseios dos filhos
da extrema-direita xenófoba e racista. Vamos acusar a extrema-direita
xenófoba e racista pelas proezas de pobres malucos e marginais que nós,
enquanto sociedade, não soubemos tratar e acolher? Não faz sentido.
O
que faz sentido? Antes de mais, importa conciliar discursos. Se defendemos que
as chacinas não estão relacionadas com a extrema-direita xenófoba e racista,
é chato, principalmente para a coerência argumentativa, defender em simultâneo
que a extrema-direita xenófoba e racista se limita a reagir a
intervenções abusivas dos poderes ocidentais.
Depois,
para não publicitar os ideais de organizações autodenominadas de extrema--direita
xenófoba e racista - e que, escusado acrescentar, não representam a
extrema-direita xenófoba e racista - é necessário proibir a divulgação de
notícias de novos atentados. Sempre que um infeliz, convencido de que é membro
da extrema-direita xenófoba e racista, aviar meia dúzia de transeuntes a
golpes de catana, os media terão de guardar segredo do caso sob pena de pesada
multa. Mesmo as testemunhas sobreviventes estarão obrigadas ao silêncio, o que,
dado que à cautela o melhor é nem chamar os paramédicos, não será difícil. Por
fim, o Estado enviará às famílias dos falecidos uma cartinha a informá-las de
que os ditos emigraram sem bilhete de regresso.
Se
a coisa correr bem, os assassinos/ doentes/estigmatizados em causa continuarão
a dizimar quem lhes surgir pela frente, numa sucessão de incidentes
inexplicáveis que, em prol da convivência sadia, serão ignorados sem piedade.
Em vez de perder tempo com irrelevâncias, o jornalismo passará exclusivamente a
cobrir a engraçada caça aos Pokémons, a pré-época da bola e, mediante
reportagens na praia, a curiosa circunstância de o Verão ser uma época quente.
É verdade que, pelo meio, haverá centenas ou milhares de inocentes mortos, e um
pavor sem remédio. Porém, é um pequeníssimo preço a pagar pelos valores
multiculturais, multi-ideológicos e multiusos que nos definem. A
extrema-direita xenófoba e racista merece o nosso respeito. E um abraço
amigo.
Sexta-feira, 29 de julho
Dois socialistas, uma comédia
Enquanto
comentava o atentado de Munique, Barack Obama largou uma graçola sobre a
emancipação das filhas. O vasto currículo de participações em talk shows e
rábulas cómicas habilitou-o a proezas assim. Infelizmente, nem sempre o
habilita a discorrer sobre assuntos graves. E se é verdade que o sr. Obama
deixa a América em estado razoável, convinha apurar se isso acontece graças ao
seu intervencionismo ou apesar dele. As almas com "consciência
social" acham que é graças a ele, e não graças ao país que, para pavor dos
sensíveis, é bem capaz de eleger Trump. Contas feitas (55 mil dólares de PIB
per capita; desemprego abaixo dos 5%), os americanos são umas bestas.
Fica
por explicar a aversão que os sensíveis daqui dedicam a Trump. O homem parece
acreditar piamente nos benefícios do investimento estatal, do incentivo ao
consumo e das obras públicas. O homem é protecionista na economia. O homem,
avesso a aventuras militares no exterior, é caseirinho em política externa. O
homem desconfia da Europa e da NATO. O homem desfila a dose bastante de
anti-semitismo. O homem tem todas as características de um socialista, restando
apenas apurar se, como o socialista a que possivelmente sucederá, está a
brincar com coisas sérias. Ou se, como os nossos socialistas, leva a sério
brincadeiras.
O
facto é que, lá e cá, Trump é odiado pelos seus semelhantes e, sobretudo lá,
venerado por quem devia odiá-lo. O mundo é um lugar complicado. E,
frequentemente, desagradável.
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