sábado, 13 de junho de 2009

Quadratura

Gosto da “Quadratura do Círculo”, com os três intervenientes encantando com os discursos do seu saber, da sua experiência, da sua formação moral, da sua educação, em suma.
Gostava mais dantes, quando José Magalhães digladiava os seus adversários com o extremo requinte do seu humor, que era um prazer escutar, ainda que discordássemos da teoria, sempre enredada nos maquiavelismos retóricos de um pensamento extremista que os seus parceiros de equipa se apressavam a desembrulhar, sem se intimidarem com o requinte.
Pacheco Pereira, no seu tom exaltado e sempre bem fundamentado, desenvolvendo os temas de acordo com um vasto conhecimento de letrado e arte de argumentação, pondo em jogo conceitos de filosofia, política, sociologia, e uma seriedade irónica a que não faltou nunca o capricho da sua subjectividade, tantas vezes falível.
Lopo Xavier, excelente crítico, de nobre argumentação, proveniente de um partido que manteve sempre aquela formação moral mais de acordo com o sentido pátrio de todos os que no CDS encontraram o esteio primitivo a que apoiaram as frustrações vividas com a destruição dos ideais primeiros.
Mas José Magalhães voou para outras esferas, onde a sua verve discursiva passará talvez obscurecida. E tenho pena.
Porque os que o substituíram, embora seguros da posição do seu partido vencedor, manifestam apenas essa segurança, em discurso terra-a-terra, aliada ao conhecimento das malhas governativas, que os ajudou – no caso de Jorge Coelho – ajuda – no caso de António Costa - a destruir muitas vezes a firmeza discursiva dos companheiros.
Mas no último programa, do dia 11, António Costa não se mostrou tão seguro, nem tão irónico, sobretudo quando considerou que o Presidente da República deveria ser o elo de ligação no desalinho de uma governação de repente temerosa do inesperado de uma primeira derrota. Pareceu apelativa a mensagem de António Costa, e espantei-me.
Porque, por muito que Sócrates e Cavaco Silva pretendam demonstrar paridade de conceitos e amenidade de pareceres com que vão atamancando a sua governação, no fundo, Sócrates sempre se considerou o vencedor, e nunca o Presidente lhe fez sombra.
Por isso me surpreendeu o tom educadamente apelativo de António Costa ao bom comportamento de Cavaco Silva no actual contexto político, embora José Sócrates mantenha a ameaça da continuidade dos gastos, e das violências sobre os cidadãos que desrespeitou, ressalvada a corte de sempre.
Mas, humana que sou, não tenho a pretensão da infalibilidade judicativa. Talvez me tenha enganado a respeito do tom docemente persuasivo de António Costa.

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