sábado, 14 de novembro de 2009

Os casos que a gente mal conhece

Falávamos dos casos já antigos, um da Universidade Moderna, outro duma Universidade particular de Coimbra. Outras universidades havia, também fechadas por falcatruas. Eu citei o caso da Inês, a minha amiga conhecia o da Ana Joel. Deram aulas alguns anos nas respectivas universidades privadas e não receberam os vencimentos a que tinham direito. Milhares de euros. Não teve importância. Deixou de se falar disso.
Porque outros casos vão surgindo e morrendo, naturalmente, suavemente, sobrepostos insinuantemente e paulatinamente por outros mais, girândolas contínuas de fogo de artifício, que nasce, brilha e morre dando lugar a outras girândolas e a outras, em festa contínua. Assim vivemos.
E os casos são compostos por gente dos partidos, enfiados nos altos postos por amizade dos chefes dos partidos, acompanhados pelos seus capangas que tudo observam, cozinhando reputações, cozinhando as suas poupanças, previdentemente, mentindo descaradamente, levando o país pequeno a um empobrecimento gradual, partindo seguidamente para outros cargos no estrangeiro, ou outras vidas lá fora, sem preocupações, depois de engordarem cá dentro na preocupação do aforrar, enganando.
E a minha amiga vai dizendo:
- Mas não é toda a gente que se importa. Converso com pessoas que não protestam. Tenho que começar a evitar ler e ouvir. Ser analfabruta. É porque já não estou bem, não posso ouvir. Porque acho uma coisa que às vezes nem quero acreditar que isto é assim.
E mostrou-me um recorte do “Correio da Manhã”, com um texto do jurista Carlos Abreu Amorim, “Heresias”, com o título “Estou farto, farto, farto” que transrevo:
“Estou farto de uma justiça talhada para que a verdade dos factos se perca no emaranhado burocrático dos tribunais. Estou farto das guerras deprimentes entre Noronha do Nascimento (STJ) e Pinto Monteiro (PGR) que só revelam – para além da obsessiva sua cegueira – falta de grandeza humana para as funções tão elevadas que ocupam.
Estou farto de um primeiro ministro que saltita alegremente por entre casos suspeitos e nauseabundos (licenciatura, Cova da Beira, as casas beirãs, os apartamentos lisboetas, o Freeport, e, agora, a “Face Oculta”. Estou farto do seu tom de mártir improvável, do seu ar postiço de quem é permanentemente injustiçado por todos aqueles que não confiam nas suas pseudo-justificações. No fundo estou farto desta III República.”
E a minha amiga continuou:
- O Dr. João Palma é um advogado do sindicato dos advogados. Estava assim como nós, por não haver os esclarecimentos que são precisos, mas muita mentira à mistura. Mas eu tenho a impressão de que depois quem fica mal são eles.
- Ah! Não tenha dúvidas disso!
-A “Face Oculta”! Fica tudo em nada, é tudo negado, rasgado, apagado, as escutas não podem ser ouvidas. A polícia trabalha para pôr estas coisas à vista e dá tudo em nada, deve ficar para morrer. Os jornais estão na mão do Governo, o Varas controla, no BCP, as contas do Diário de Notícias...
O Código de Processo Penal parece que não permite que sejam feitas ao PM escutas sem serem autorizadas. O juiz manda uma certidão com mensagem detectada para que fosse autorizada a escuta. Quem apanhou o caso foi o Procurador G.R. Mais uma batata quente para este: ponderou, atrasou, demorou tempo a mandar para o SupremoT.J. Os atrasos dão polémica. O PM é a grande vítima... E assim vamos vivendo.

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