A minha amiga estava deveras pesarosa. Disse que tinha pena de me ter dito que se iam gastar milhões com a vinda do Santo Papa, quando, afinal, lera posteriormente que fora custo zero. Eu ainda tentei consolá-la, dizendo que não me parecia que tivesse sido, mas ela não gosta de se enganar e faz muita fé nas suas leituras. Felizmente que eu não faço tantas, e por isso a minha alma fica tranquila, porque não fui eu que levantei a atoarda da despesa milionária. Mas fica aqui a rectificação – não foi milionário, foi custo zero – para tranquilizar os orgulhosos pruridos da minha amiga a respeito das fontes onde colhe o conhecimento, que eu levianamente logo utilizei, sem ter também estudado o assunto e por isso também me sinto responsável por ter ter feito fé nas primeiras leituras sem esperar pelas segundas.
Além disso, ela até estava com pena do Papa, em virtude do excesso de movimentação a que é forçado com a sua vinda cá, para nos trazer esperança. Eu achei o Santo Papa uma simpatia, e nem se me dava de ser por ele abençoada. Também gostei muito da recepção e de tudo o que se fez em beleza cá por Lisboa, o altar, a gente atenta, a alegria geral, a Praça do Comércio um encanto, a merecer o regresso do seu nome antigo, bem mais nobre, tão bonito estava como Terreiro do Paço, além do Tejo como pano de fundo mais os navios e o Cristo Rei ao longe, na outra margem, com o retrato de Bento XVI em grande.
Do que eu não gostei mesmo foi da designação de “papamóvel” para o automóvel que transportou o Papa. Como explico? A palavra automóvel que virou substantivo, era inicialmente um adjectivo aposto ao substantivo “veículo” – “veículo automóvel”, isto é, um carro que se move por si mesmo, sem tracção exterior, segundo os elementos híbridos da sua formação – “autós”, elemento grego, pronome demonstrativo significativo de “mesmo”, “próprio”, “ele”, e “móvel” do adjectivo latino “mobilis”.
Era um carro de uma alvura espiritual, para transportar uma figura representativa dessa espiritualidade, a condizer com a figura doce do Papa. Porquê a designação grotesca, onde o elemento “papa” poderia funcionar, em português, como forma verbal, caso fosse separado por hífen do termo seguinte o que daria inadequadas conotações de riso, a lembrar papa-hóstias, papa-figos, etc? No caso de “papa” ser tomado numa natural acepção substantiva, parece rematada tolice, pois ninguém jamais se lembraria de atribuir a designação contrária de imóvel a nenhum ser vivo, e menos a um papa, mentor espiritual da cristandade.
Não foi escolha nossa, mas adaptação da designação italiana do carro por eles feito exprès para a segurança papal.
Mas fez-me pena – creio que não foi propositado, mas pareceu-me pedante, a escolha de uma designação grosseira, por puro preciosismo provinciano, a uma coisa simples que era o automóvel papal.
Mas o nosso PM também tratou “Sua Santidade” várias vezes por “Sua Eminência”, e também julgo que não foi propositado.
O Papa nos perdoará, que há muito andamos em penitência.
Além disso, ela até estava com pena do Papa, em virtude do excesso de movimentação a que é forçado com a sua vinda cá, para nos trazer esperança. Eu achei o Santo Papa uma simpatia, e nem se me dava de ser por ele abençoada. Também gostei muito da recepção e de tudo o que se fez em beleza cá por Lisboa, o altar, a gente atenta, a alegria geral, a Praça do Comércio um encanto, a merecer o regresso do seu nome antigo, bem mais nobre, tão bonito estava como Terreiro do Paço, além do Tejo como pano de fundo mais os navios e o Cristo Rei ao longe, na outra margem, com o retrato de Bento XVI em grande.
Do que eu não gostei mesmo foi da designação de “papamóvel” para o automóvel que transportou o Papa. Como explico? A palavra automóvel que virou substantivo, era inicialmente um adjectivo aposto ao substantivo “veículo” – “veículo automóvel”, isto é, um carro que se move por si mesmo, sem tracção exterior, segundo os elementos híbridos da sua formação – “autós”, elemento grego, pronome demonstrativo significativo de “mesmo”, “próprio”, “ele”, e “móvel” do adjectivo latino “mobilis”.
Era um carro de uma alvura espiritual, para transportar uma figura representativa dessa espiritualidade, a condizer com a figura doce do Papa. Porquê a designação grotesca, onde o elemento “papa” poderia funcionar, em português, como forma verbal, caso fosse separado por hífen do termo seguinte o que daria inadequadas conotações de riso, a lembrar papa-hóstias, papa-figos, etc? No caso de “papa” ser tomado numa natural acepção substantiva, parece rematada tolice, pois ninguém jamais se lembraria de atribuir a designação contrária de imóvel a nenhum ser vivo, e menos a um papa, mentor espiritual da cristandade.
Não foi escolha nossa, mas adaptação da designação italiana do carro por eles feito exprès para a segurança papal.
Mas fez-me pena – creio que não foi propositado, mas pareceu-me pedante, a escolha de uma designação grosseira, por puro preciosismo provinciano, a uma coisa simples que era o automóvel papal.
Mas o nosso PM também tratou “Sua Santidade” várias vezes por “Sua Eminência”, e também julgo que não foi propositado.
O Papa nos perdoará, que há muito andamos em penitência.
Um comentário:
Olá
Nós por cá n. ficamos em meias tintas daí o dito popular: "Mais papistas que o papa"
Desenrrascanço e fé em Nª Sª, só os mais atentos dão pela marosca, e qdo passa o pasmo já os outros esqueceram...
Gosto do espirito critico do autor.
Qdo a desgraça é tanta mais vale rir que as lágrimas n. chegam p.consolar
Um abraço
MG
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