A minha amiga está mesmo escandalizada com a visita papal que nos vai custar uns milhões e eu esforço-me por a acalmar, porque acho que milhão a mais ou a menos pouco monta na nossa generosa maneira de ser e de estar, de povo habituado a receber e a dar, com igual liberalidade, embora com superavit no caso do receber, pelo menos a título pessoal. Até evoquei a propósito uma embaixada portuguesa ao papa Leão X, em 1514, conduzida com trombetas, tambores e animais raros na Europa de então - um cavalo persa, um rinoceronte indiano, um elefante que virou mascote papal, além das pedrarias e dos cruzados aos milhares, que não só provaram a nossa abastança da altura, com tanto descobrimento afortunado feito no tempo do rei venturoso, como muito ajudaram aos luxos do Vaticano de então, já enriquecido, aliás, com a venda de indulgências aos fiéis, segundo bem escreveu Gil Vicente, no seu Auto da Feira, referindo a ignóbil simonia, mas por pura rebeldia anti-clerical a merecer condenação, que não deixou de faltar.
Também expliquei à minha amiga que, se estivéssemos nos tempos da ditadura salazarista ela não poderia protestar tão expostamente, correndo o risco de ser denunciada e feita prisioneira pelos esbirros dessa época, como tantos disseram que foram (para as benesses dos novos tempos), caso eu fosse dos falsos amigos chamados bufos, capaz de traições dessas. E logo ali protestei, com elegância, o meu não enquadramento nessas vis manobras do savoir faire universal.
Achei é que os papas que cá têm vindo ultimamente, é certo por conta do nosso milagre de Fátima, nada mais fazem do que retribuir as ajudas ofertadas pelo Venturoso ao papa Leão X, pois as presenças papais num país sem a dimensão de antigamente, são bem prova de apreço de quem não se importa de aqui vir, a este espaço limitado, trazer-nos a bênção das suas santas pessoas.
Ainda para mais correndo o risco de levar com uma lufada de cinzas vulcânicas, como no caso do papa Bento XVI, embora a minha amiga também proteste que aquelas puderam lixar o tráfego aéreo português, mas para o papa Bento elas vão desviar-se para ele poder cá vir nas calmas.
Às vezes não compreendo as ironias da minha amiga. O que eu sei é que a nossa inquietação está a pedir um milagre e só vejo a possibilidade de este papa no-lo fazer. Mas a minha amiga, sendo devota sobretudo do Santo António, refere alguns pecados que a imprensa tem trazido ultimamente a lume contra ele, no tempo em que ainda era só bispo. Por isso tenho as minhas dúvidas no milagre dele.
Mas felizmente que ainda há muitos que não têm.
Também expliquei à minha amiga que, se estivéssemos nos tempos da ditadura salazarista ela não poderia protestar tão expostamente, correndo o risco de ser denunciada e feita prisioneira pelos esbirros dessa época, como tantos disseram que foram (para as benesses dos novos tempos), caso eu fosse dos falsos amigos chamados bufos, capaz de traições dessas. E logo ali protestei, com elegância, o meu não enquadramento nessas vis manobras do savoir faire universal.
Achei é que os papas que cá têm vindo ultimamente, é certo por conta do nosso milagre de Fátima, nada mais fazem do que retribuir as ajudas ofertadas pelo Venturoso ao papa Leão X, pois as presenças papais num país sem a dimensão de antigamente, são bem prova de apreço de quem não se importa de aqui vir, a este espaço limitado, trazer-nos a bênção das suas santas pessoas.
Ainda para mais correndo o risco de levar com uma lufada de cinzas vulcânicas, como no caso do papa Bento XVI, embora a minha amiga também proteste que aquelas puderam lixar o tráfego aéreo português, mas para o papa Bento elas vão desviar-se para ele poder cá vir nas calmas.
Às vezes não compreendo as ironias da minha amiga. O que eu sei é que a nossa inquietação está a pedir um milagre e só vejo a possibilidade de este papa no-lo fazer. Mas a minha amiga, sendo devota sobretudo do Santo António, refere alguns pecados que a imprensa tem trazido ultimamente a lume contra ele, no tempo em que ainda era só bispo. Por isso tenho as minhas dúvidas no milagre dele.
Mas felizmente que ainda há muitos que não têm.
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