Hoje fui eu que tomei a iniciativa, movida por intuitos patrióticos e de apego ao nosso génio maior das nossas andanças por mares e continentes, sempre elegantemente acompanhados por deuses e outros seres míticos, uns favoráveis e outros do contra, entre estes o Baco das vinhas, coisa que desde sempre me indignou por nem ao menos aquele reconhecer, quando se nos opôs a incitar os povos contra nós, que sempre confraternizámos com ele até bem melhor do que outros povos que ele protegeu, revelando uma estranha ingratidão, para além de que “de Luso vem, seu tão privado”:
-Então que me diz deste dia de Camões?
A minha amiga repontou, de língua percuciente e amarga:
- Eu tenho a dizer que ninguém se lembra dele. Só se diz que é dia 10 de Junho.
Eu respondi-lhe com erudita referência:
- Já me parece o desbocado do Almada Negreiros: “A pátria onde Camões morreu de fome / e onde todos enchem a barriga de Camões!”
Mas uma nossa amiga chegou que lhe chamou “dia da raça”, num atraso de evocações megalómanas já corrigidas, e que, passou a chamar-se, como muito bem cita Eulália Moreno, articulista do Portugalclub, “Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas”, por se ter reconhecido que esse estatuto de raça estava fora do nosso alcance, apesar de por vezes nos servirmos convenientemente dele para acusarmos quem nos importune: “És de má raça!”
Quando vim para as lides do almoço, assisti à nossa consagração do dia, na RTP. E gostei, apesar da parcimónia na solenidade, a que faltou o habitual concerto. Foi em Faro, houve números de paraquedismo, parada militar, gente feliz com lágrimas, pois estavam incluídos os soldados do nosso passado de lutas coloniais, pela primeira vez, segundo afirmou António Barreto, no seu discurso de apresentação, muito justo e equilibrado. Também o foi o do Presidente da República, lembrando as dificuldades e apelando à coesão. A própria distribuição das comendas foi rápida, porque pela primeira vez os consagrados estavam já no palco. Fiquei feliz com as condecorações atribuídas a António Sala. E a Vasco Graça Moura.
Foi um dia modesto, a condizer com as tais dificuldades de que falou Cavaco Silva. Não houve concerto, mas o nosso Presidente fez uma justa homenagem a João de Deus, poeta algarvio, de uma poesia de inteligente simplicidade e maviosidade, a quem gerações deveram as primeiras letras, com o seu método da “Cartilha Maternal”.
Uma festa em família, sem esbanjamentos de palavras nem de gestos, sem espalhafatos, mas simpática, na seriedade dos comportamentos, na dignidade das funções. Macário Correia, presidente da Câmara Municipal de Faro, ficou contente com o seu programa de comemorações, que apresentou vários números, de que se orgulha.
Realmente, a minha amiga teve razão. Não se falou de Camões, falou-se dos soldados, falou-se das dificuldades, falou-se de estratégias, falou-se dos Portugueses. E assim Camões esteve presente. No sentido de orgulho e patriotismo construtivo contido nos discursos, ou nas palavras de quem nos governa.
Camões, um estímulo, Camões para um novo arranque de brio, para uma nova alma.
10 de Junho, Dia de Camões.
-Então que me diz deste dia de Camões?
A minha amiga repontou, de língua percuciente e amarga:
- Eu tenho a dizer que ninguém se lembra dele. Só se diz que é dia 10 de Junho.
Eu respondi-lhe com erudita referência:
- Já me parece o desbocado do Almada Negreiros: “A pátria onde Camões morreu de fome / e onde todos enchem a barriga de Camões!”
Mas uma nossa amiga chegou que lhe chamou “dia da raça”, num atraso de evocações megalómanas já corrigidas, e que, passou a chamar-se, como muito bem cita Eulália Moreno, articulista do Portugalclub, “Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas”, por se ter reconhecido que esse estatuto de raça estava fora do nosso alcance, apesar de por vezes nos servirmos convenientemente dele para acusarmos quem nos importune: “És de má raça!”
Quando vim para as lides do almoço, assisti à nossa consagração do dia, na RTP. E gostei, apesar da parcimónia na solenidade, a que faltou o habitual concerto. Foi em Faro, houve números de paraquedismo, parada militar, gente feliz com lágrimas, pois estavam incluídos os soldados do nosso passado de lutas coloniais, pela primeira vez, segundo afirmou António Barreto, no seu discurso de apresentação, muito justo e equilibrado. Também o foi o do Presidente da República, lembrando as dificuldades e apelando à coesão. A própria distribuição das comendas foi rápida, porque pela primeira vez os consagrados estavam já no palco. Fiquei feliz com as condecorações atribuídas a António Sala. E a Vasco Graça Moura.
Foi um dia modesto, a condizer com as tais dificuldades de que falou Cavaco Silva. Não houve concerto, mas o nosso Presidente fez uma justa homenagem a João de Deus, poeta algarvio, de uma poesia de inteligente simplicidade e maviosidade, a quem gerações deveram as primeiras letras, com o seu método da “Cartilha Maternal”.
Uma festa em família, sem esbanjamentos de palavras nem de gestos, sem espalhafatos, mas simpática, na seriedade dos comportamentos, na dignidade das funções. Macário Correia, presidente da Câmara Municipal de Faro, ficou contente com o seu programa de comemorações, que apresentou vários números, de que se orgulha.
Realmente, a minha amiga teve razão. Não se falou de Camões, falou-se dos soldados, falou-se das dificuldades, falou-se de estratégias, falou-se dos Portugueses. E assim Camões esteve presente. No sentido de orgulho e patriotismo construtivo contido nos discursos, ou nas palavras de quem nos governa.
Camões, um estímulo, Camões para um novo arranque de brio, para uma nova alma.
10 de Junho, Dia de Camões.
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