terça-feira, 1 de junho de 2010

Os gaios no seu final

As fábulas seguintes
São para deixar
Finalmente,
Os gaios de Esopo em paz,
Traduzidas para francês,
Nas páginas ímpares,
Do grego, nas páginas pares,
Para português, do francês,
Sem páginas especiais,
Naturalmente,
Mas navegando na NET,
Para quem de histórias de animais
Gostar.

A primeira é esclarecedora
E até mesmo enternecedora,
E poucos de nós escapamos
A casos assim como o do gaio
Que querendo mudar para melhor
Ficou bem pior
E até se tramou.
É uma advertência
Sem grande ciência.

A segunda também é uma advertência
De grande transparência,
Sobre a superioridade
Do poder e do saber
Sobre a beleza
Para quem se propõe governar.
Não é o que nos acontece, é bem verdade,
Que nós temos o culto da beleza
Desde que somos maiores de idade,
E isso vem já dos idos de abril
Dizem os vencedores.
Julgo que não vamos mudar,
Embora o que eu estou a afirmar
Seja pouco gentil.
Mas sem intenções piores.


6ª Fábula de Esopo: “O Gaio fugitivo”

«Tendo capturado um gaio
Um homem atou-lhe um fio de linho
À pata
Sem pensar fazer-lhe mal.
E deu-o de presente ao filho
Para este brincar na mata,
Ou mesmo no seu quintal.
Ora o pássaro que detestava
A companhia dos homens,
Até mesmo dos mais jovens,
Aproveitou um instante de liberdade
Para se escapulir
E ao pátrio ninho regressar
Em celeridade,
Saudoso do doce lar.
Mas o fio enrolou-se nos ramos
Da mata,
Impedindo o gaio de voar
E de ao lar voltar.
Percebendo que não escaparia
Disse consigo: “Pobre de mim!
Eu achava intolerável
Ser escravo entre os homens,
Até mesmo dos mais jovens,
Sem perceber assim
Que da vida
Me privava!
Adeus vida apetecida,
Mesmo sendo escrava,
Pobre de mim, sim,
Que não voltarei ao pátrio ninho!”
E assim se lamentava
Era uma dor de alma ouvi-lo!

Esta fábula pode aplicar-se
A quem, desejando furtar-se
A um um perigo medianamente
Temível,
Se lança, inadvertidamente,
Num perigo mais horrível.»


7ª Fábula:
“O Pavão e o Gaio”

«Os pássaros deliberavam
Escolher um rei,
E o pavão julgava-se com direito
A ser ele o eleito
Devido à sua beleza de lei.
Já os pássaros se rendiam
Às suas razões de peso
Quando um gaio,
Passaroco instruído,
Exclamou, esclarecido:
“Mas se, no teu reinado
A águia nos perseguir
Que socorro nos darás?
Que soluções nos trarás?”

A fábula mostra que os chefes
Se devem distinguir,
Com toda a certeza,
Pelo seu poder e saber,
Não pela sua beleza.»

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