História, 8º Ano
Manual: «Missão:
História» (Porto Editora)
Tema para o 1º Teste: O
Expansionismo europeu nos séculos XV e XVI
I- Razões da expansão europeia:
a) A grave crise
económica e social do século XIV, na Europa, resultante das guerras, da peste, da fome, causa grande
mortalidade e uma crise demográfica.
b) Em
Portugal, além desses factores de instabilidade, dá-se a crise dinástica de
1383-85, resultante da morte de D. Fernando, sendo o casamento da
sua filha - e de D. Leonor Teles - D. Beatriz , com o rei D. João de
Castela, factor dessa crise, na previsão de perda da independência nacional. De
facto, várias batalhas se deram com o rei de Castela, (com Nuno Álvares
Pereira principal agente da defesa nacional), e o jurista Dr. João das
Regras defendendo a elevação de D. João, Mestre de Avis a 1º rei
da 2ª dinastia.
c) No século
XV a Europa recupera da crise, com o aumento da população e da produção
económica, mas a queda da produção
nas minas de prata da Alemanha, e a falta de ouro para pagar as
especiarias e os produtos de luxo do Oriente prejudicavam o comércio.
Alguns países europeus, entre os quais Portugal, desejam expandir-se,
procurando terras e ouro, que sabiam existir em África, trazido nas rotas
comerciais dos Árabes. Desejam igualmente procurar outras rotas para o Oriente
para se libertarem dos mercadores árabes que faziam esse comércio, cobrando
preços muito elevados.
d) A visão
do mundo era muito limitada, como mostra a cartografia da época, e povoada de
fantasias e mitos que “O Livro das Maravilhas” de Marco Polo
ajudara a criar, além das lendas do mar tenebroso que engolia as
embarcações. Mas o mar parecia, apesar dos medos, uma rota a desvendar e
um desafio para novas oportunidades e saídas da crise.
e) Além da
conquista de terras para a expansão económica, juntam-se ainda, os motivos
de fé – expansão do cristianismo – como desse esforço.
II- Razões do pioneirismo português no processo
da expansão europeia
a) Condições
favoráveis de Portugal:
1-Razões políticas: o país vivia em paz (Tratado de Paz
com Castela de 1411, depois da Guerra da Independência); desejo de D. João I de
afirmar o seu poder na Europa e resolver os problemas económicos. Apoio
do Infante D. Henrique (Razões do Infante, segundo Zurara:
- Ultrapassar o Cabo Bojador; verificar se nas terras haveria cristãos com
quem comerciar; conhecer o poder dos mouros; saber se havia um rei cristão que
o auxiliasse na luta contra os mouros; expandir a “Santa Sé”). D Henrique
apoiou, assim, a actividade marítima, a construção naval e os
descobrimentos.
2-Condições sociais: Todos os
grupos sociais estavam interessados na expansão. Tratou-se, assim, dum projecto
nacional: O rei D. João I, para afirmar o seu poder no
contexto europeu e resolver a crise económica do país. A nobreza, para
aceder a cargos políticos e militares. O clero, para aumentar o
seu poder económico e expandir o cristianismo. A burguesia, para
ter acesso a novos locais de venda e lucro. O povo, por ambição
de melhoria de vida.
3-Condições técnicas e
científicas:
Conhecimento de técnicas e instrumentos de
navegação astronómica, transmitidos pelos judeus e árabes da Península – bússola,
astrolábio, quadrante e balestilha – aperfeiçoados e
adaptados à navegação no alto mar. Aperfeiçoamento das embarcações, como a caravela,
que, com a sua vela triangular, permitia bolinar
(ziguezaguear com ventos contrários).
4-Condições geográficas
estratégicas: Portugal, um país litoral, próximo de África, com
muitos portos que possibilitaram grande experiência de navegação.
Tais condições
favoreceram o pioneirismo português no arranque da expansão marítima.
III- A expansão no
período do Infante D. Henrique
A conquista de Ceuta
(1415) considerada o arranque da expansão portuguesa.
a) Vantagens:
Era um entreposto comercial importante, onde as caravanas dos mercadores
africanos e do Oriente levavam produtos de luxo, ouro e especiarias, através
das rotas da seda, do ouro e das especiarias. Estava próxima do
estreito de Gibraltar, para controlo da entrada e saída do
Mediterrâneo. Era uma cidade rica em trigo.
b) Inconvenientes: Com o tempo torna-se um fracasso económico, com
o desvio das caravanas para outras cidades. Por ser uma cidade cristã
rodeada de muçulmanos, as despesas com a sua protecção tornam-se
maiores do que os lucros, a situação de guerra impeditiva do
cultivo de cereais e da prática do comércio.
c) Duas correntes na sociedade portuguesa sobre a
expansão:
- Continuação das
conquistas por terra (defendida
por parte da nobreza)
- Exploração marítima
ao longo da costa africana (defendida
por alguma nobreza e burguesia).
Depois do desastre de
Tânger (com as consequências da morte de D. Fernando como refém, em
Fez, e a perda de Ceuta), D Henrique inicia as
IV-Viagens de
exploração e descoberta pelo Atlântico.
1- Descobrimentos
no tempo do Infante D. Henrique:
Porto Santo (1418); Madeira (1419) (por João
Gonçalves Zarco, Tristão Vaz Teixeira e Bartolomeu Perestrelo);
Açores (Diogo de Silves, 1427, Gonçalo Velho,
descobriu a ilha de Santa Maria em 1431. Outras ilhas do arquipélago foram
sendo descobertas sucessivamente até 1452);
Cabo Bojador (Gil Eanes,
1434); Rio do Ouro (Afonso Baldaia, 1436); Cabo Branco (Antão
Gonçalves, 1441); Baixos de Arguim (Nuno Tristão, 1443);
Cabo Verde, (Dinis
Dias, 1444; Luís de Cadamosto, 1455);
Serra Leoa ( Pedro de Sintra, 1460, ano da morte do Infante
D. Henrique).
2- O Sistema de
exploração das ilhas atlânticas
a) - O povoamento
e a colonização da Madeira feito
através do sistema de capitanias-donatarias: grandes extensões
de terra, ou mesmo uma ilha inteira doados a elementos da pequena nobreza – os
capitães-donatários – com os poderes de administração da justiça,
cobrança de impostos e distribuição de terras aos povoadores que as
trabalhassem- portugueses e alguns estrangeiros. O povoamento da Madeira
foi um processo faseado, com colonos de todo o reino,
sobretudo de Algarve e de Entre Douro e Minho.
b)- O povoamento
dos Açores: feito a pedido do Infante a Gonçalo Velho Cabral,
nobre da sua confiança, para que este conseguisse casais dispostos a irem para
as ilhas. Processo longo, que envolveu colonos portugueses e alguns europeus, idos,
sobretudo, da Flandres (Bélgica e Holanda).
c)- As ilhas e os produtos nelas cultivados foram importante recurso económico para Portugal.
Na Madeira
cultivaram-se cereais, cana do açúcar
e vinha. Exportava-se madeira de
boa qualidade para a construção dos navios dos descobrimentos.
Nos Açores
fez-se criação de gado (para carne e lacticínios),
cultivou-se trigo, linho, plantas
tintureiras como a urzela e o pastel, milho, chá,
e, mais tarde, o tabaco.
Além disso, os Açores,
devido à sua localização estratégica, tornaram-se, durante
séculos, um ponto de escala das
embarcações da Índia e da América.
V- A exploração da
costa ocidental africana
a) Durante o tempo
de D. Henrique
1- O principal
objectivo das viagens marítimas no início do séc. XV era a exploração da costa
africana para chegar aos locais de produção do ouro e controlar o comércio.
2- A costa ocidental africana só era conhecida até ao
cabo Bojador, que Gil Eanes ultrapassou em 1434, abrindo caminho
para a exploração da costa africana.
3- Os
exploradores portugueses chegaram ao Rio do Ouro (Afonso
Baldaia, 1436) e dominaram a cidade de Arguim, onde construíram uma feitoria,
para controle do comércio de escravos e dos produtos do interior – ouro,
marfim, malagueta. Em 1456 descobriram o arquipélago de Cabo Verde
e, em 1460, ano da morte de D. Henrique, já tinham chegado à Serra
Leoa.
b) Durante o
reinado de D. Afonso V
1- Com a morte do Infante, o
ritmo das viagens abrandou, retomando, Afonso V, o projecto
africano, conquistando as cidades de Alcácer Ceguer, Arzila e
Tânger, cidades que, tal como Ceuta, eram difíceis de manter.
A exploração da costa
africana foi arrendada a um mercador,
Fernão Gomes, que podia explorar as riquezas dos territórios
africanos que descobrisse, pagando uma renda à Coroa.
c) A partir do reinado de D. João II
1- D. João II orientou a sua política expansionista a partir
de 1474, com o objectivo de atingir a Índia por mar, contornando a
África:
2- Empreendeu diversas viagens, que abriram
caminho até ao cabo das Tormentas, que Bartolomeu Dias passou em
1487/88.
3- A passagem do Cabo das Tormentas (mudado para
Cabo da Boa Esperança), permitiria a chegada à Índia por
mar (10 anos depois)
d) Portugal e Castela:
dois reinos rivais
1- Portugal foi pioneiro
no expansionismo marítimo, mas pouco tempo depois Castela iniciou o seu próprio
expansionismo.
2- Em 1479 assinaram o Tratado das Alcáçovas, no
qual a pertença do mundo descoberto seria dividida por um paralelo,
segundo o qual, as terras descobertas ao norte dele ficariam de posse
dos Castelhanos, as do sul, seriam dos Portugueses.
e) A chegada de
Cristóvão Colombo à América
1- Em 1492 o marinheiro genovês Cristóvão
Colombo, a mando dos Reis Católicos, descobriu a América, julgando
ter chegado à Índia, navegando para Ocidente.
2- D. João II exigiu o direito a essas terras, segundo ficara
estabelecido no Tratado das Alcáçovas de 1479. Segundo a Bula de 1493
do Papa, que apoiava Castela, as terras descobertas pertenciam àquela. D.
João II renegociou a partilha das terras, no Tratado de Tordesilhas (1494), segundo
o qual as terras a ocidente de um meridiano que passava a 370 léguas a
oeste de Santo Antão (ilha de Cabo Verde), pertenceriam a Espanha; as terras
a oriente desse meridiano, ficariam para Portugal.
3- Os limites desse meridiano (inicialmente a 100 léguas
para ocidente), foram alterados para 370 léguas por proposta de D. João II, embora
prejudicado a oriente, prova de que talvez já conhecesse a existência do “Brasil”,
antes de 1500.
4- O tratado de Tordesilhas pôs em prática a ideia do “mare
clausum” (mar fechado), contestada mais tarde por outros países europeus e
pelos povos subjugados.
D)- Quais os rumos
da expansão durante o reinado de D. Manuel I
1- D. Manuel I sobe ao trono em 1495 e continua a
política expansionista de D. João II, visando alcançar a Índia e
o Oriente por mar.
2- Em 1498 Vasco da Gama
descobriu o caminho marítimo para a Índia.
3- Esse descobrimento permitiria o acesso directo
às especiarias e produtos de luxo orientais.
4- Vasco da Gama encontra em Calecut um povo
muito civilizado, com uma actividade comercial intensa e
organizada.
5- Encontra oposição e ameaças nos comerciantes
muçulmanos e alguns chefes indianos.
6-D. Manuel envia uma armada para impor o seu
domínio no Oriente.
E) A chegada dos
portugueses ao Brasil
1- A armada enviada para a Índia, em 9 de Março de 1500,
composta por 13 embarcações, era comandada por Pedro Álvares Cabral, fez um
desvio para sudoeste e a 22 de Abril de 1500 avistou terra. Tratava-se da costa
da América do Sul. Chamaram-lhe Terra de Vera Cruz e mais tarde Brasil,
por ser rico em pau-brasil. De muito interesse informativo a Carta
de Pero Vaz de Caminha ao Rei D. Manuel, 1500
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