terça-feira, 1 de novembro de 2016

Saber às pinguinhas 2 (História)


História, 8º Ano
Manual: «Missão: História» (Porto Editora)
Tema para o 1º Teste: O Expansionismo europeu nos séculos XV e XVI

I- Razões  da expansão europeia:
a) A grave crise económica e social do século XIV, na Europa, resultante das  guerras, da peste, da fome, causa grande mortalidade e uma crise demográfica.
b) Em Portugal, além desses factores de instabilidade, dá-se a crise dinástica de 1383-85, resultante da morte de D. Fernando, sendo o casamento da sua filha - e de D. Leonor Teles - D. Beatriz , com o rei D. João de Castela, factor dessa crise, na previsão de perda da independência nacional. De facto, várias batalhas se deram com o rei de Castela, (com Nuno Álvares Pereira principal agente da defesa nacional), e o jurista Dr. João das Regras defendendo a elevação de D. João, Mestre de Avis a 1º rei da 2ª dinastia.
c) No século XV a Europa recupera da crise, com o aumento da população e da produção económica, mas a  queda da produção nas minas de prata da Alemanha, e a falta de ouro para pagar as especiarias e os produtos de luxo do Oriente prejudicavam o comércio. Alguns países europeus, entre os quais Portugal, desejam expandir-se, procurando terras e ouro, que sabiam existir em África, trazido nas rotas comerciais dos Árabes. Desejam igualmente procurar outras rotas para o Oriente para se libertarem dos mercadores árabes que faziam esse comércio, cobrando preços muito elevados.
d) A visão do mundo era muito limitada, como mostra a cartografia da época, e povoada de fantasias e mitos que “O Livro das Maravilhas” de Marco Polo ajudara a criar, além das lendas do mar tenebroso que engolia as embarcações. Mas o mar parecia, apesar dos medos, uma rota a desvendar e um desafio para novas oportunidades e saídas da crise
e) Além da conquista de terras para a expansão económica, juntam-se ainda, os motivos de fé – expansão do cristianismo como desse esforço.

II- Razões do pioneirismo português no processo da expansão europeia
a) Condições favoráveis de Portugal:
1-Razões políticas: o país vivia em paz (Tratado de Paz com Castela de 1411, depois da Guerra da Independência); desejo de D. João I de afirmar o seu poder na Europa e resolver os problemas económicos. Apoio do Infante D. Henrique (Razões do Infante, segundo Zurara: - Ultrapassar o Cabo Bojador;  verificar se nas terras haveria cristãos com quem comerciar; conhecer o poder dos mouros; saber se havia um rei cristão que o auxiliasse na luta contra os mouros; expandir a “Santa Sé”). D Henrique apoiou, assim, a actividade marítima, a construção naval e os descobrimentos.
2-Condições sociais: Todos os grupos sociais estavam interessados na expansão. Tratou-se, assim, dum projecto nacional: O rei D. João I, para afirmar o seu poder no contexto europeu e resolver a crise económica do país. A nobreza, para aceder a cargos políticos e militares. O clero, para aumentar o seu poder económico e expandir o cristianismo. A burguesia, para ter acesso a novos locais de venda e lucro. O povo, por ambição de melhoria de vida.
3-Condições técnicas e científicas:
 Conhecimento de técnicas e instrumentos de navegação astronómica, transmitidos pelos judeus e árabes da Península – bússola, astrolábio, quadrante e balestilha – aperfeiçoados e adaptados à navegação no alto mar. Aperfeiçoamento das embarcações, como a caravela, que, com a sua vela triangular, permitia bolinar (ziguezaguear com ventos contrários).
4-Condições geográficas estratégicas: Portugal, um país litoral, próximo de África, com muitos portos que possibilitaram grande experiência de navegação.
Tais condições favoreceram o pioneirismo português no arranque da expansão marítima.

III- A expansão no período do Infante D. Henrique
A conquista de Ceuta (1415) considerada o arranque da expansão portuguesa.
aVantagens: Era um entreposto comercial importante, onde as caravanas dos mercadores africanos e do Oriente levavam produtos de luxo, ouro e especiarias, através das rotas da seda, do ouro e das especiarias. Estava próxima do estreito de Gibraltar, para controlo da entrada e saída do Mediterrâneo. Era uma cidade rica em trigo.
b) Inconvenientes: Com o tempo torna-se um fracasso económico, com o desvio das caravanas para outras cidades. Por ser uma cidade cristã rodeada de muçulmanos, as despesas com a sua protecção tornam-se maiores do que os lucros, a situação de guerra impeditiva do cultivo de cereais e da prática do comércio.
c) Duas correntes na sociedade portuguesa sobre a expansão:
- Continuação das conquistas por terra (defendida por parte da nobreza)
- Exploração marítima ao longo da costa africana (defendida por alguma nobreza e burguesia).
Depois do desastre de Tânger (com as consequências da morte de D. Fernando como refém, em Fez, e a perda de Ceuta), D Henrique inicia as
IV-Viagens de exploração e descoberta pelo Atlântico.
1- Descobrimentos no tempo do Infante D. Henrique:
Porto Santo (1418);  Madeira (1419) (por João Gonçalves Zarco, Tristão Vaz Teixeira e Bartolomeu Perestrelo);
 Açores (Diogo de Silves, 1427, Gonçalo Velho, descobriu a ilha de Santa Maria em 1431. Outras ilhas do arquipélago foram sendo descobertas sucessivamente até 1452);
 Cabo Bojador (Gil Eanes, 1434); Rio do Ouro (Afonso Baldaia, 1436); Cabo Branco (Antão Gonçalves, 1441); Baixos de Arguim (Nuno Tristão, 1443);
Cabo Verde, (Dinis Dias, 1444; Luís de Cadamosto, 1455);
 Serra Leoa ( Pedro de Sintra, 1460, ano da morte do Infante D. Henrique).

2- O Sistema de exploração das ilhas atlânticas
a) - O povoamento e a colonização da Madeira feito através do sistema de capitanias-donatarias: grandes extensões de terra, ou mesmo uma ilha inteira doados a elementos da pequena nobreza – os capitães-donatários – com os poderes de administração da justiça, cobrança de impostos e distribuição de terras aos povoadores que as trabalhassem- portugueses e alguns estrangeiros. O povoamento da Madeira foi um processo faseado, com colonos de todo o reino, sobretudo de Algarve e de Entre Douro e Minho.
b)- O povoamento dos Açores: feito a pedido do Infante a Gonçalo Velho Cabral, nobre da sua confiança, para que este conseguisse casais dispostos a irem para as ilhas. Processo longo, que envolveu colonos portugueses e alguns europeus, idos, sobretudo, da Flandres (Bélgica e Holanda).
 c)- As ilhas e os produtos nelas cultivados foram importante recurso económico para Portugal.
Na Madeira cultivaram-se cereais, cana do açúcar e vinha. Exportava-se madeira de boa qualidade para a construção dos navios dos descobrimentos.
Nos Açores fez-se criação de gado (para carne e lacticínios), cultivou-se trigo, linho, plantas tintureiras como a urzela e o pastel, milho, chá, e, mais tarde, o tabaco.
Além disso, os Açores, devido à sua localização estratégica, tornaram-se, durante séculos, um ponto de escala das embarcações da Índia e da América.

V- A exploração da costa ocidental africana
a) Durante o tempo de D. Henrique
1- O principal objectivo das viagens marítimas no início do séc. XV era a exploração da costa africana para chegar aos locais de produção do ouro e controlar o comércio.
2- A costa ocidental africana só era conhecida até ao cabo Bojador, que Gil Eanes ultrapassou em 1434, abrindo caminho para a exploração da costa africana.
3- Os exploradores portugueses chegaram ao Rio do Ouro (Afonso Baldaia, 1436) e dominaram a cidade de Arguim, onde construíram uma feitoria, para controle do comércio de escravos e dos produtos do interior – ouro, marfim, malagueta. Em 1456 descobriram o arquipélago de Cabo Verde e, em 1460, ano da morte de D. Henrique, já tinham chegado à Serra Leoa.

b) Durante o reinado de D. Afonso V
1- Com a morte do Infante, o ritmo das viagens abrandou, retomando, Afonso V, o projecto africano, conquistando as cidades de Alcácer Ceguer, Arzila e Tânger, cidades que, tal como Ceuta, eram difíceis de manter.
A exploração da costa africana  foi arrendada a um mercador, Fernão Gomes, que podia explorar as riquezas dos territórios africanos que descobrisse, pagando uma renda à Coroa.
c) A partir do reinado de D. João II
1- D. João II orientou a sua política expansionista a partir de 1474, com o objectivo de atingir a Índia por mar, contornando a África:
2- Empreendeu diversas viagens, que abriram caminho até ao cabo das Tormentas, que Bartolomeu Dias passou em 1487/88.
3- A passagem do Cabo das Tormentas (mudado para Cabo da Boa Esperança), permitiria a chegada à Índia por mar (10 anos depois)

d) Portugal e Castela: dois reinos rivais
1- Portugal  foi pioneiro no expansionismo marítimo, mas pouco tempo depois Castela iniciou o seu próprio expansionismo.
2- Em 1479 assinaram o Tratado das Alcáçovas, no qual a pertença do mundo descoberto seria dividida por um paralelo, segundo o qual, as terras descobertas ao norte dele ficariam de posse dos Castelhanos, as do sul, seriam dos Portugueses.

e) A chegada de Cristóvão Colombo à América
1- Em 1492 o marinheiro genovês Cristóvão Colombo, a mando dos Reis Católicos, descobriu a América, julgando ter chegado à Índia, navegando para Ocidente.
2- D. João II exigiu o direito a essas terras, segundo ficara estabelecido no Tratado das Alcáçovas de 1479. Segundo a Bula de 1493 do Papa, que apoiava Castela, as terras descobertas pertenciam àquela. D. João II renegociou a partilha das terras, no Tratado de Tordesilhas (1494), segundo o qual as terras a ocidente de um meridiano que passava a 370 léguas a oeste de Santo Antão (ilha de Cabo Verde), pertenceriam a Espanha; as terras a oriente desse meridiano, ficariam para Portugal.
3- Os limites desse meridiano (inicialmente a 100 léguas para ocidente), foram alterados para 370  léguas por proposta de D. João II, embora prejudicado a oriente, prova de que talvez já conhecesse a existência do “Brasil”, antes de 1500.
4- O tratado de Tordesilhas pôs em prática a ideia do “mare clausum” (mar fechado), contestada mais tarde por outros países europeus e pelos povos subjugados.

D)- Quais os rumos da expansão durante o reinado de D. Manuel I
1- D. Manuel I sobe ao trono em 1495 e continua a política expansionista de D. João II, visando alcançar a Índia e o Oriente por mar.
2- Em 1498 Vasco da Gama descobriu o caminho marítimo para a Índia.
3- Esse descobrimento permitiria o acesso directo às especiarias e produtos de luxo orientais.
4- Vasco da Gama encontra em Calecut um povo muito civilizado, com uma actividade comercial intensa e organizada.
5- Encontra oposição e ameaças nos comerciantes muçulmanos e alguns chefes indianos.
6-D. Manuel envia uma armada para impor o seu domínio no Oriente.

E) A chegada dos portugueses ao Brasil

1- A armada enviada para a Índia, em 9 de Março de 1500, composta por 13 embarcações, era comandada por Pedro Álvares Cabral, fez um desvio para sudoeste e a 22 de Abril de 1500 avistou terra. Tratava-se da costa da América do Sul. Chamaram-lhe Terra de Vera Cruz e mais tarde Brasil, por ser rico em pau-brasil. De muito interesse informativo a Carta de Pero Vaz de Caminha ao Rei D. Manuel, 1500

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