História, 8º Ano
Manual: MISSÂO-HISTÓRIA
Tema 7: O arranque da Revolução industrial e o triunfo
dos regimes liberais conservadores
C)Etapas da Revolução Francesa (Cont.)
3 - O Período
Napoleónico
a - Em 1794, a população francesa, sobretudo a
burguesia, cansada dos excessos dos jacobinos, deixou de apoiar o governo da
República e pediu a sua deposição.
b - A França passou então, entre 1795 e 1799 a ser
governada por um Directório, composto por 5 directores , que partilhavam
entre si o poder executivo.
c- A França continuava a viver períodos de instabilidade
e crise económica. Foi nesse ambiente de descrédito na política que Napoleão Bonaparte, um jovem general (corso), depôs o Directório e, apoiado
pela alta burguesia, instalou um novo regime político, o Consulado
(1799-1802), no qual o governo era exercido por três
cônsules (Bonaparte, Cambacérès e Lebrun).
d- O prestígio e poder de Napoleão foram aumentando,
proclamando-se primeiro-cônsul, depois cônsul vitalício
e, por fim, fez-se nomear imperador
dos Franceses (1804-1814).
e- Napoleão fez
várias reformas, contribuindo para a modernização da França, mas
a sua ambição ia além-fronteiras, querendo expandir a revolução.
A sua política expansionista pela Europa era apoiada pela burguesia,
como oportunidade de enriquecer.
f- As suas vitórias militares deram à França um vasto
império. Um dos seus alvos de conquista era a Inglaterra.
Como não conseguiu vencê-la pelas armas, decretou um bloqueio continental, que proibia todos os países europeus de comercializarem com a
Inglaterra. (causa das Invasões Francesas a Portugal, que, como
aliado da Inglaterra, não obedeceu).
g- A ambição
expansionista levou também à queda de Napoleão. Após muitas vitórias (entre
as quais a da batalha de Austerlitz, prodígio de táctica), os
exércitos de Napoleão começam a sofrer pesadas derrotas, a pior das quais em 1812,
na Rússia. Foi definitivamente derrotado em 1815, na batalha
de Waterloo, por uma coligação de países europeus.
h- Após a derrota de Napoleão, os imperadores ,
reis e delegados da maior parte dos Estados europeus reuniram-se no Congresso
de Viena (1814-1815), com a intenção de restaurar as monarquias
absolutas que haviam sido derrubadas por Napoleão e definir o
novo mapa político da Europa.
i- Mas a tentativa de repor o absolutismo não
travou o avanço dos nacionalistas e dos liberais, que viriam a desencadear
revoluções liberais e movimentos independentistas. A semente da
revolução tinha sido espalhada pelos exércitos de Napoleão.
Conceitos: Época
Contemporânea: Nome dado pelos
historiadores ao período de tempo, na História ocidental, que vai da
Revolução Francesa aos nossos dias.
D - A Revolução
Liberal Portuguesa
I- Antecedentes da Revolução Liberal portuguesa
1- No início do séc. XIX, Napoleão decretou o Bloqueio
Continental, proibindo os países europeus de comercializarem com a
Inglaterra.
2- Portugal, um aliado tradicional da Inglaterra, recusou
esta ordem.
3- Como consequência, as tropas de Napoleão invadiram
Portugal, tentando por três vezes, conquistar o país: 1ª Invasão: 1817,
comandada por Junot; 2ª: 1809, por Soult e 3ª, 1810
por Massena.
4- Para salvaguardar a independência do Império
Português, em caso de ocupação, a família real mudou-se para o Brasil,
passando a capital a ser o Rio de Janeiro.
5- As tropas francesas foram expulsas definitivamente em
1811, com a ajuda do exército inglês comandado por Wellington mas
deixaram um rasto de destruição.
6- Crise económica: A agricultura, o comércio e a indústria, já pouco desenvolvidos, foram
profundamente afectados; a abertura dos portos brasileiros à navegação
estrangeira (Tratado de Comércio com a Inglaterra”, em 1810) prejudicou a burguesia portuguesa.
7- Crise política: Após a saída da corte para o Brasil, o Reino ficou entregue a um “Governo
de Regência” mas quem governava, de facto, era o militar inglês Beresford,
o que desagradava ao exército mas também ao povo português, que
era sobrecarregado de impostos e se sentia abandonado pelo seu rei.
II- A Revolução Liberal de 1820
1- Esta situação de crise generalizada levou à eclosão da
Revolução Liberal, a 24 de Agosto de 1820, no Porto, que alastrou,
a seguir, a Lisboa e o resto do país, dirigido
por alguns burgueses e oficiais do exército.
2- Os revolucionários, liderados pelo jurista Manuel Fernandes Tomás, assumiram
o compromisso de elaborar uma Constituição,
acabando com o regime de
monarquia absoluta e implantando a
monarquia constitucional.
3- Para a
elaboração da Constituição, foram eleitas as Cortes Constituintes
(1821), formadas, na sua maioria , por deputados burgueses e
profissionais liberais.
E- Os acontecimentos
que levaram Portugal a uma situação de guerra civil
I- Da Constituição
à Carta Constitucional
1- Em 1822 as Cortes Constituintes
aprovaram a Constituição Política da Monarquia Portuguesa, que ficou
conhecida por Constituição de 1822:
Nesta ficou consagrada a soberania
da nação, a divisão de poderes, a igualdade dos cidadãos
perante a lei e os direitos, liberdades e garantias dos cidadãos.
2- O rei D.
João VI regressou a Portugal e jurou cumprir a Constituição.
3- Os brasileiros não quiseram voltar à condição de
colónia, o príncipe D. Pedro proclamou a independência em 7 de
setembro de 1822, tornando-se o primeiro imperador do Brasil.
4- A perda do território brasileiro aumentou a crise económica portuguesa. A
burguesia estava descontente com a redução dos lucros com o comércio brasileiro
e muitos nobres e clérigos não aceitavam a perda dos seus privilégios causada
pela Revolução. A esperança daqueles grupos sociais voltou-se para o príncipe
D. Miguel, que defendia o absolutismo.
5- Com a morte
de D. João VI, em 1826, D. Pedro foi aclamado rei de Portugal. Como
era imperador do Brasil, abdicou da coroa portuguesa, a favor de sua filha, Maria
da Glória, de 7 anos, com o tio D. Miguel como regente e a
promessa de casamento com ele. D. Miguel teria que respeitar a Carta Constitucional de 1826, promulgada por D. Pedro, em substituição da
Constituição de 1822.
6- A Carta Constitucional tinha um carácter mais
conservador, dando maiores poderes ao rei.
II- A Guerra civil entre absolutistas e liberais
1- D. Miguel jurou respeitar a Carta Constitucional,
mas não cumpriu a promessa: Fez-se aclamar rei absoluto e iniciou um
período de perseguições aos liberais, muitos dos quais se refugiaram nos
Açores ou no estrangeiro.
2- Em 1831,
D. Pedro, apercebendo-se dos problemas em Portugal, abdicou do trono
brasileiro, a favor de seu filho, organizou um exército nos Açores e, em 1832,
desembarcou perto do Porto, (O desembarque do Mindelo) e ocupou o Porto.
3- Portugal viveu em guerra civil entre 1832
e 1834, até à vitória dos liberais e a afirmação da monarquia
constitucional.
Conceitos:
Carta Constitucional:
Documento com o mesmo objectivo de uma Constituição;
a diferença reside no facto de a Constituição ser elaborada
por deputados eleitos e a Carta ser elaborada por um grupo
reduzido de pessoas (por convite) e depois outorgada pelo rei.
III- As Reformas do
movimento liberal
1- A afirmação da monarquia constitucional e o desmantelamento
das estruturas absolutistas foram possíveis, em parte, graças às reformas
empreendidas por ministros como Mouzinho da Silveira e Joaquim
António de Aguiar, que pretendiam abolir as estruturas do Antigo
Regime e criar um «novo Portugal».
2- Mouzinho da Silveira foi ministro da Fazenda e
da Justiça. Fez Reformas: Abolição de morgadios, da dízima
e de muitos impostos senhoriais. Criou Leis para protecção
dos pequenos industriais e comerciantes. Tinha a intenção de colocar
Portugal nos níveis de desenvolvimento europeu.
3- O poder do clero foi fortemente afectado pela legislação
de Joaquim António de Aguiar. Enquanto ministro dos Negócios
Eclesiásticos e da Justiça, promulgou a lei de 30 de Maio de 1834, pela
qual declarava extintos «todos os conventos, mosteiros, colégios,
hospícios e quaisquer outras casas de ordens religiosas regulares”, sendo
os seus bens secularizados e incorporados na “Fazenda Nacional”. Essa
lei, pelo seu espírito anti eclesiástico valeu-lhe a alcunha de Mata-Frades.
4- A burguesia
beneficiou desta medida, pois teve oportunidade de comprar, a preços
muito baixos, as propriedades confiscadas. Formou-se, então, uma elite
de grandes proprietários que marcará o séc. XIX português.
IV- A difícil
implementação do liberalismo
1- A guerra civil terminou em 1834, com a assinatura do
tratado de paz na Convenção de Évora-Monte.
2- Portugal viveu ainda um período de difícil implantação
do regime liberal, com divisões e lutas entre os liberais: Uns
defendiam um liberalismo mais conservador, sendo apoiantes da Carta
Constitucional (os cartistas); outros eram mais radicais e
defendiam a Constituição de 1822 (os vintistas).
3- Esta instabilidade política dificultou o governo e
o desenvolvimento do país, travando algumas medidas defendidas por
liberais, como Mouzinho da Silveira.
Documentos: O desmantelamento do Antigo Regime:
A- Os Dízimos:
Art. 1º: Os dízimos, que pagavam os proprietários, os
lavradores e quaisquer outras pessoas dos Reinos de Portugal e Algarves, dos
frutos da terra e das árvores, das pastagens, montados e cortes de madeira, dos
animais, e dos despojos de animais e finalmente de todas as produções, ficam
desde já extintos, e não serão mais pagos.
Decreto
de 30 de Junho de 1832
B - As Ordens
Religiosas
A existência das ordens
religiosas não se combina com as máximas de uma sã política (…) O Estado
lucrará nos direitos provenientes de compras e vendas dos bens das ordens (…) A
agricultura prosperará, porque todos esses terrenos (…) serão bem cultivados, e
sempre com géneros úteis: a indústria e o comércio, por uma consequência
necessária, receberão o seu acréscimo de actividade.
Decreto
de 30 de Maio de 1834
Um texto sobre
Mouzinho da Silveira (1480-1849)
(Pintura de Columbano Bordalo Pinheiro):
Nascido numa família da burguesia abastada do Alto
Alentejo, cursou Leis em Coimbra. Em 1804 ingressou na magistratura: foi
provedor de Justiça,, administrador-geral das Alfândegas e, mais tarde (1823),
ministro da Fazenda de D. João VI.
Por ser defensor do liberalismo, foi preso por ordem
de D. Miguel. Exilou-se em Paris. Participou com D. Pedro no “desembarque do
Mindelo” e foi ministro da Justiça e responsável pelas reformas que
consolidaram as instituições liberais.
Duas Páginas do livro sobre o Buçaco, onde se deu a batalha do Buçaco (3ª Invasão
Francesa). Com textos e fotos - Museu Militar (inaugurado
em 1910 por D. Manuel II), Obelisco comemorativo da Guerra Peninsular;
Peça de artilharia usada na
Batalha do Buçaco, Um dos uniformes expostos no Museu; parte da
maqueta da Batalha do Buçaco; o Palácio do Buçaco; um mapa com a localização do
Buçaco - e uma proposta de trabalho.
Nenhum comentário:
Postar um comentário