Mas nós, por cá, é mais fogos. Fogos e falta de chuva. Ou chuva
despropositada. José Pacheco Pereira avisa sobre o próximo “monstro” a ser
recambiado para bem do mundo – bem sempre relativo, é certo – mas o nosso
problema nacional também merece a nossa atenção, e o artigo de J. F. F. Neto é igualmente
uma advertência e um esclarecimento que nunca é demais considerar. Para
corrigir, se possível.
OPINIÃO
O que de mais importante se passa hoje nas democracias
passa-se na América de Trump
É nos EUA, é na política americana que se encontra a
chave para travar e, a prazo, remover Donald Trump.
3 de Julho
de 2017
José
Pacheco Pereira
Há um
fogo em curso que ameaça matar muita gente: a Presidência Trump. E é muito connosco, porque está a dar-se um considerável agravamento das
tensões internacionais, cujo resultado podem ser guerras ou a Guerra. A
qualquer momento, do modo que as coisas estão, pode haver um incidente grave e
uma escalada difícil de travar, até pelas idiossincrasias do “win, win, win” de
Trump, embora, à data em que escrevo, ainda haja muita gente nos EUA capaz
de o travar. Mas o risco de conflitos graves está a aumentar
rapidamente.
Em
pelo menos três conflitos, os EUA têm
demasiado perto a Rússia (na
Síria, na Coreia), a China (na Coreia ou Taiwan) e o Irão,
que é uma importante potência regional, e que são adversários a sério, não
os talibans ou a Al-Qaeda ou a Venezuela de Maduro. Há um caso de
crescendo de tensões eventualmente justificável, mesmo que mal conduzido, o da Coreia do Norte, mas todos
os outros casos são desnecessários, podiam não acontecer, a não ser como
resultado de uma política externa caótica, aos saltos e aos surtos, feita
de actos cujo objectivo é, como tudo o que Trump faz, casuístico, propagandístico
e autocentrado. É uma política imprevisível não por táctica, mas por
ignorância, muito menos presa a qualquer concepção imperial do poder americano,
ou sequer aos interesses do “Make America Great Again”, que tem uma componente
isolacionista.
Há
uma diferença fundamental entre a política interna de Trump, que
corresponde a interesses reais e a uma ideia sobre o declínio interior
americano, confusa e irrealista, mas que existe e tem fundamentos, e a política
externa, campo em que o pensamento de Trump, se é que assim se pode chamar,
era aceitar um status quo Trump-Putin, muito favorável aos russos,
com a retirada dos EUA de todos os conflitos internacionais a não ser em
matéria de acordos comerciais. Esta
política era a desejada, mas não é a que está a ser seguida, porque Trump não
escapa a ser pessoalmente confrontado pelos eventos, pois a personalização dos
EUA no seu Presidente introduz uma mudança muito significativa no quadro das
relações internacionais.
E,
como é Trump a ser posto em causa, ele “rabia” por todos os lados, gera
contradições sobre contradições, apenas moderado pela sua melhor equipa, a da
Defesa e do Departamento de Estado, mas não sabemos até que ponto. Um caso típico do que estamos a falar é a perigosa carta-branca dada
aos sauditas, que, como é óbvio, a começaram imediatamente a usar no Qatar, um
aliado tradicional dos EUA onde se encontra uma importante base para o combate
ao ISIS. Trump aceitou, sem medir as consequências, ser parte no conflito entre
sunitas e xiitas, e entre a Arábia Saudita e o Irão.
Mas
voltando à personalização da Presidência em Trump, isto faz com que a sua força
não esteja nos mísseis que lança contra a Síria ou no passeio dos porta-aviões
ao largo da Coreia, mas dentro dos EUA. É nos EUA, é na política americana que
se encontra a chave para travar e, a prazo, remover legalmente ou por eleições,
Trump. E, diferentemente do que pensam muitos
democratas, não vai ser fácil nem vai ser bonito de se ver. Vai ser um processo
duro, difícil, quase uma guerra civil tanto pacífica quanto possível, mas cujo
rastro de violência está já aí à vista de todos.
O
problema é que Trump, legitimamente eleito com uma “pequena ajuda” dos seus
amigos russos, não vai querer ser legitimamente deposto, em caso de
ilegalidades ou por uma derrota eleitoral. Para evitar perder, o homem do “win,
win, win” vai fazer tudo o que possa, legal ou ilegalmente, para ficar no
poder. E como o que se está a passar nos EUA é a tentativa de substituir a
democracia, com os seus procedimentos, divisão, equilíbrios de poder e primado
da lei, por uma autocracia assente no poder pessoal de Trump e da sua família, usando e abusando de todos os poderes que tem, e são muitos, os riscos são
enormes.
Num
dos seus últimos “tweets”, Trump disse uma enorme verdade que convinha aos seus
adversários compreender: “O meu uso das redes sociais (“social media”) não é
Presidencial — é PRESIDENCIAL DOS DIAS MODERNOS (MODERN DAY PRESIDENTIAL).” E
tem razão, Trump é muito mais “moderno” que os seus adversários, característica
sobre a qual já escrevi várias vezes e repito. Ele percebeu como
ninguém, no exercício do poder político, a enorme ligação entre o populismo e
as redes sociais, e como estas podem ser usadas para criar um ecossistema político
e social fechado, agressivo, militante, excitado, identitário, que não comunica
com o exterior de forma racional, pelo que se torna imune ao saber (a
“nova ignorância”), à verdade (daí as fake news, que Trump tenta
todos os dias inflectir para os “outros”) e à mentira, que ele usa sem qualquer
hesitação. É verdade que o universo de queixas e ressentimentos que Trump
mobilizou estava lá muito para além das redes sociais, com os democratas a
abandoná-lo há muito à sua sorte, mas Trump usa-os com muita mestria, quer
para a sua glorificação pessoal, quer como “massa de
manobra” para a sua agenda política, ela própria muito hostil aos seus
apoiantes mais pobres, como acontece no sistema de saúde. Mas isso só
terá efeitos a prazo.
A
enorme pressão autocrática que Trump faz sobre os fundamentos da democracia
americana tem vários eixos de actuação: um
culto da personalidade que só tem paralelo nos ditadores da América
Latina do passado (apenas Maduro se aproxima hoje de Trump e vice-versa); a
submissão vergonhosa do Partido Republicano; a perseguição de todos
que se opõem, umas vezes verbalmente, outras afastando-os dos seus
cargos, como aconteceu ao director do FBI e a vários procuradores; a demonização
dos media, transformados no “inimigo principal”; e a prossecução de
uma agenda que se destina a tornar autoritário o sistema político.
Há
que distinguir que o que ele pretende no plano da saúde, impostos, mesmo em
muitos aspectos da “lei e da ordem” e da segurança, são políticas que podem
ser detestáveis, mas são políticas que podem legitimamente ser implementadas se
tiverem o apoio do Congresso e do Senado, ou estiverem no âmbito dos poderes
presidenciais.
Já a
tentativa em curso, a pretexto de uma pseudofraude eleitoral que teria dado
entre dois e cinco milhões de votos a Hillary Clinton fazendo-o perder no voto
popular, de tornar mais difícil o voto de minorias e dos mais pobres, é outra
coisa. Como é outra coisa a politização sem rebuço que está a fazer do
sistema judicial, atacando as decisões judiciais, a crescente falta de
transparência na Casa Branca, desde conferências de imprensa sem áudio nem
vídeo à falta de controlo público das entradas e saídas no edifício, ao
despedimento do director do FBI que o investigava e à sua campanha, o ataque ao
procurador especial, a negação da investigação sobre o envolvimento da Rússia
nas eleições, que considera uma “caça às bruxas”, a utilização pessoal e
favorecimento pelo Estado de grupos religiosos ultraconservadores, no limite da
violação da separação do Estado e das confissões religiosas, o nepotismo
familiar, dando elevados cargos a gente que não tem nenhuma experiência e
conhecimento, e a substituição da comunicação social, mesmo a que é
conservadora, por uns obscuros sites panfletários de extrema-direita ou de
teorias da conspiração e pela adoração mútua com a Fox News, tudo isto
associado ao favorecimento concreto desses órgãos marginais que nunca tiveram o
estatuto de meios de comunicação.
E,
depois, como estamos numa democracia, e a linguagem tem um valor democrático
próprio, o tom dos seus “tweets” e intervenções, que são um constante apelo
à violência verbal e física, a negação do “outro”, a chantagem, a paranóia do
“nunca tal aconteceu”, “nunca isto foi conseguido”, o “melhor de sempre”,
“milhões”, “biliões”, “triliões”, o “maluco do Joe”, o “louco Bernie”, a “crooked Hillary”,
os ratings deste e daquele, menos o dele, o constante auto-elogio,
encenado em comícios ou em reuniões do seu governo, num espectáculo nunca visto
na América, ajudam a criar um caldo de cultura antidemocrático.
Trump
fará tudo o que lhe permitirem que ele faça, sem qualquer outra consideração
que não seja a sua preservação pessoal. Como já não é possível distinguir as
duas coisas, a sua queda vai produzir muitos estilhaços porque ele fará tudo
para que pareça ou seja um cataclismo. Trump é um tipo perigoso, muito perigoso.
ANTÓNIO J. F. F. NETO
OPINIÃO - ESPAÇO PÚBLICO
A autópsia de um certo país
A possibilidade de vir a suceder uma tragédia como a
de Pedrógão só era imprevisível para quem andasse ao lado do que se estava a
passar no país.
27 de Junho de 2017
Depois de ter assistido a uma das maiores
manifestações de ignorância que tenho visto, não consegui resistir ao impulso
cívico de escrever algumas linhas sobre um assunto em que a poeira ainda
persiste no ar. Na verdade, não deixa de ser espantoso como à conta de um
evento indiscutivelmente novo e chocante como o incêndio de Pedrógão proliferam
os mesmos especialistas de todo o lado, a maior parte deles lançando diatribes
e diagnósticos absolutamente infalíveis para o problema dos incêndios rurais em
Portugal. Mas ainda mais deprimente é para mim constatar que boa parte desses
“tudólogos” tem menos de 40 anos, e não sabe do que fala, pois se deduz que,
por terem nascido, medrado e vivido “no meio dos centros comerciais de uma
qualquer grande urbe”, com toda a probabilidade, não saberão distinguir um
carvalho de um sobreiro, ou mesmo um eucalipto de uma azinheira. É caso para
dizer, como com outro remate se dizia na minha juventude (tenho 61 anos), que
se a ignorância pagasse imposto há muito que o nosso deficit estaria
reduzido a zero dando lugar a um gigantesco superavit. Avancemos.
O que venho de dizer serve para realçar que só os
portugueses que não têm tido contacto com o que aconteceu ao Portugal rural de
há 50/40 anos podem dar à tragédia de Pedrógão o título “Como foi possível?”. O
que realmente faria todo o sentido seria antes estoutro: “Como é que isto só
agora aconteceu?” Na verdade, a possibilidade de vir a suceder um fenómeno
deste tipo só era imprevisível para quem andasse ao lado do que se estava a
passar no país. Durante muitos anos fez-se enraizar a conveniente ideia de que
“o fogo posto” era exclusivamente obra de tarados; ou de vinganças pessoais; ou
de madeireiros ávidos de lucrar com a madeira queimada. Que o “problema” seria
eliminado com a condenação desses marginais a penas de prisão exemplares. E que
os tribunais não se preocupavam com a libertação ou absolvição dos
incendiários. Seriam os tribunais que, com a severidade do seu dictat,
poderiam dissuadir uns quantos psicopatas de acenderem o fósforo na courela do
vizinho. Que com condenações exemplares se combateria a imprevisibilidade dos
fogos. Que os fogos continuavam porque os tribunais, ou não se ralavam, ou eram
condescendentes com os facínoras. Em suma, condenando os próprios tribunais, o
povo tinha os juízes como últimos culpados e todas as outras instâncias de
poder podiam estar descansadas. Ora, tal como já li, a imprevisibilidade serve
para esconder a ignorância, não interessando agora distinguir entre ignorância
negligente ou dolosa. É a ignorância tout court.
Passando a explicar. Quem há 50/40 anos deambulasse
pelo Portugal rural do Norte ou do Centro facilmente constatava que estava
diante do que hoje se chamaria um “fabuloso paraíso de biodiversidade animal e
vegetal” em que o desenrolar da vida das pessoas era harmonioso para a
natureza: para além do pinheiro-bravo, abundavam então na floresta daquelas
regiões espécies como o carvalho, a nogueira, o castanheiro, o freixo, o
salgueiro e mesmo o sobreiro; a matéria combustível dos solos era totalmente
aproveitada para cozinhar, para aquecer as habitações e para as “camas do
gado”; os ciclos produtivos das plantas nos campos e das matas eram propiciados
pela regularidade das quatro estações; as culturas destinavam-se à satisfação
das elementares necessidades da vida das pessoas; estas apenas individualmente
(com ressalva do fenómeno cooperativo) procuravam o pequeno lucro, normalmente
com vista à compra de calçado, vestuário e uma ou outra extravagância.
Agricultura, exploração da floresta e natureza integravam um ciclo virtuoso.
Não havia incêndios porque não havia matéria combustível. Mais: a matéria
combustível era até um bem escasso.
Recordo-me, a este propósito, de, aí pelos meus dez
anos, ter assistido de boca a aberta ao pedido formulado por um rendeiro do meu
pai, no Norte do país, que quase implorava que ele lhe “vendesse mato” (!). Não
estou com isto a fazer a apologia da aurea mediocritas de Bernardim
Ribeiro, nem do regresso às cavernas. Apenas quero dar ênfase a uma certa
filosofia que então comandava a vida e a actividade rural no nosso país.
Ora, com o advento em força do marketing e
da publicidade e a agressividade das campanhas que acompanharam o florescer dos
grandes grupos ligados à indústria, comércio e distribuição alimentares, este
modo de vida rural do país alterou-se radicalmente. O que aconteceu foi que a
agricultura tradicional do país passou a não satisfazer integralmente os
desejos alimentares das pessoas (e não apenas as suas necessidades básicas).
Paralelamente, com a industrialização e o progresso tecnológico, apareceram
novas modas alimentares que rapidamente captaram as novas gerações. Por um
efeito de contágio, as grandes massas populacionais, quer no litoral, quer
mesmo no interior, e aqui tanto as ocupadas na indústria como as que se
passaram para os serviços, deixaram de comprar ao “merceeiro da rua” que trazia
os produtos da terra. E, sobretudo, essas massas foram levadas a deixar de
pensar, de tão deslumbradas que ficaram com a panóplia de novos produtos que
lhe eram colocados “à disposição”, naturalmente condicionadas pela variedade da
oferta e pelo baixo custo. Foi tudo isto que contribuiu para a incessante
desvalorização dos produtos tradicionais do campo português e para o brutal
empobrecimento dos seus agricultores.
Este brutal empobrecimento teve múltiplas
consequências: levou ao fim da pastorícia; ao abandono das matas e dos próprios
terrenos agrícolas; fomentou a deslocalização das gerações mais novas para os
grandes centros; deixou os mais velhos entregues a si próprios e à sua estrita
sobrevivência. É exactamente este sector dos agricultores mais velhos,
info-excluídos e cilindrados pelas estatísticas da saúde ou da justiça, que uns
quantos especialistas querem colocar no pelourinho, por na sua esmagadora
maioria se identificar com o dos pequenos proprietários rurais que são acusados
de desleixar a limpeza das matas. Hipocrisia esta sem limites, aquela a que de
muitos lados venho assistindo na crucificação destes autênticos “refugiados do
progresso”, forçados a prolongar o seu “modus vivendi” por o país urbano os ter
relegado à sua sorte.
Como é bom de ver, esta geração deprimida foi e é
presa fácil do oportunismo ganancioso. Compreensivelmente entregou-se a
tentadoras propostas de retorno de dinheiro rápido e a breve trecho ficou
cercada pelo seu fim, talvez sem consciência de que estava a entrar numa
armadilha que, num prazo mais ou menos longo, lhe iria custar a própria vida.
Tratou-se de uma verdadeira eutanásia para os habitantes do Norte e Centro
rurais: de uma
“morte assistida” pelo Estado. Na realidade, este tinha a obrigação moral de
acudir com as alternativas que se impunham, tanto na indispensável subsidiação
das limpezas da mata de quem não a podia implementar — e que era a esmagadora
maioria dos proprietários — como com a oferta de uma atractiva compensação pelo
povoamento arbóreo autóctone que pudesse concorrer com as propostas
oportunistas. Mas sempre optou por não o fazer. Aqui radica a dita
“imprevisibilidade” das tragédias florestais em Portugal.
Mas a este drama sociológico, acrescem ainda outras
ordens de razões para a apregoada “inexplicabilidade dos incêndios” que agora
também surge invocada para o caso de Pedrógão. Uma delas tem que ver com a
incapacidade da generalidade das pessoas para interiorizar a real dimensão das
denominadas “alterações climáticas” no nosso país, incapacidade que conduz a
qualificar de extraordinário o que infelizmente no futuro será, se não
ordinário, pelo menos bastante provável. Probabilidade que só será impedida se
não for drástica e decididamente invertida toda a economia dos solos com
aptidão florestal.
A outra é a que diz respeito à sistemática e
intrigante falta de esclarecimento público, isento e exaustivo, de todos os
efeitos produzidos pela introdução massiva de certas espécies arbóreas não
autóctones. Refiro-me aqui não só às consequências que a presença de tais
espécies ocasiona nos níveis de humidade e fertilidade dos solos, como às que
se podem verificar no meio ambiente, no plano da biodiversidade animal e
vegetal. Biodiversidade que certamente interage, não só com as produções
agrícolas e a alimentação que delas provém, como ainda no plano da saúde das
pessoas e do clima propriamente dito. Não é preciso identificar aqui o problema
mais assustador, por de todos ser já bem conhecido. Em Portugal, a sociedade
civil nunca se organizou para este debate. Ao contrário do que tenho ouvido,
ela (a dita sociedade civil) existe: só que está inebriada pelo espectáculo
mediatizado da futilidade.
Urge, simplesmente, dizer que é tempo — eventualmente através
das redes sociais — de criar uma ampla plataforma cívica, aberta a todos os
sectores do que resta de massa crítica na sociedade civil, destinada a promover
esse debate e combate. Para isso há que recorrer aos mais conceituados peritos
e estudiosos nacionais e internacionais da matéria (que os há). Com base em
dados irrefutáveis, há que desencadear e efectiva influência na sociedade civil
e no que resta do poder político sério e interessado sobre as consequências
ligadas à perpetuação de um certo estado das coisas. De qualquer modo, parece
agora claro para quase todos que os fogos não são explicáveis apenas com o
“maluquinho da aldeia”, a “vingança do vizinho” ou, em última análise, com a
“lentidão” ou a “incúria” dos tribunais na detenção dos incendiários, chavões
que até agora tinham servido “às mil-maravilhas” para tranquilizar as
populações. Como não serão o resultado inevitável das futuras “trovoadas secas”
que, pelo menos até à data, ainda não são criminalmente imputáveis.
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