É tempo da jihad, entre nós
também, na virulência com que se pretende difundir uma fé contrária à que se
seguira. A moda do piercing, a moda da burka, a moda de Alá. Eles aí estão
todos, os nossos e as nossas jihadistas de trazer por casa, de olhos febris,
forcejando por penetrar numa nova aventura governativa, com o apoio dos de cá, dos
eternamente amigos da diferença. Não serve para Cavaco Silva que, arrais com
mais ou menos competência, foi um dos que fez o que pôde por aguentar a barca, cheia
de muitos protestantes, entre os quais os eternamente em busca de um ideal de
perfeição que, porque jamais o encontram, têm sempre pano para as mangas da sua
contínua mordacidade, incapazes, contudo, de pôr à prova essas suas
competências governativas, mais seguros no seu antro especulador.
Cavaco Silva envelheceu e isso
é condenável. Pela teimosia em protelar o veredicto, que as donzelas de olhos
febris, na sua fé monocordicamente e ficticiamente construtiva, desejam
apressar, certas de que não vale a pena adiar, no seu arranjinho governativo
que acima de tudo preza o desastre, a destruição dos alicerces, como há
quarenta anos fizeram, e que parte do país, calcando respeitos pela verdade e
pela justiça, favorece com a sua adesão, Vasco Pulido Valente com eles, já a
afiar as garras para os desancar também, ao virar da esquina…
As desventuras do dr. Cavaco
Público,
21/11/2015
O dr. Cavaco tem tido um comportamento que se compreende com
dificuldade. Foi à Madeira por causa de um “roteiro” qualquer, que não perdia
nada em ser adiado. Consultou representantes do patronato e dos sindicatos,
consultou os directores da banca e também um grupo de economistas, de
autoridade pelo menos duvidosa, que não se percebe como foi escolhido. Ontem
consultou os partidos e consta que se prepara para consultar o Conselho de
Estado. Mais de 50 e tal peritos para o iluminarem, embora ele já soubesse tudo,
como garantiu ao país, para o acalmar, antes de 4 de Outubro; e na Madeira não
se coibisse de insinuar que os governos de gestão não eram assim tão maus. Ele
– ele mesmo, o genial dr. Cavaco – dirigira um Governo desses em 1987, para
maior felicidade dos portugueses, como é público e notório.
A
Câmara Corporativa pessoal e aleatória que nestes dias passou por Belém parece
substituir, para o Presidente da República, os representantes do povo que estão
em S. Bento, no pleno uso dos seus poderes. Mas S. Exa não se incomoda. Seria
interessante saber o que aprendeu com tanta conversa. Que devia conservar
Passos Coelho, doesse a quem doesse, incluindo ao próprio Passos Coelho, para
que não se metesse na cabeça da Guarda Vermelha ir assaltar o dr. Vítor Bento? Ou
que devia indigitar Costa para formar Governo e deixar que a vida política
democrática tal como existe em Portugal o limitasse e o substituísse? Ou ainda
que impusesse a Costa as suas condições, para garantir que o país continuaria a
andar a seu gosto ou que a aliança da esquerda acabaria antes de começar?
Como
as bruxas (dos dois sexos, claro) voltaram a opinar por Portugal inteiro, não
me repugna esclarecer o que perturba o espírito do outrora vidente dr. Cavaco
Silva. Em primeiro lugar, com o tacto que o caracteriza, condenou liminarmente
um Governo António Costa e o entendimento em que ele assentaria. Em segundo
lugar, como uma grande quantidade de portugueses, detesta a personagem, a sua
manha e a sua brutalidade. E, em terceiro lugar, duvida, e com razão, que o PS
consiga conservar um mínimo de equilíbrio nas finanças, na economia e na frágil
sociedade que nos deixaram 40 anos de incapacidade e corrupção. Talvez não se
engane. Mas nada justifica que em 2015 arrisque cegamente o pouco que por
enquanto continua em pé. O dr. António Costa não se recomenda. Muito bem. Tarde
ou cedo, nós trataremos dele, sem a ajuda vexatória e inútil do dr. Cavaco.
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