domingo, 22 de novembro de 2015

Os que deviam governar



É tempo da jihad, entre nós também, na virulência com que se pretende difundir uma fé contrária à que se seguira. A moda do piercing, a moda da burka, a moda de Alá. Eles aí estão todos, os nossos e as nossas jihadistas de trazer por casa, de olhos febris, forcejando por penetrar numa nova aventura governativa, com o apoio dos de cá, dos eternamente amigos da diferença. Não serve para Cavaco Silva que, arrais com mais ou menos competência, foi um dos que fez o que pôde por aguentar a barca, cheia de muitos protestantes, entre os quais os eternamente em busca de um ideal de perfeição que, porque jamais o encontram, têm sempre pano para as mangas da sua contínua mordacidade, incapazes, contudo, de pôr à prova essas suas competências governativas, mais seguros no seu antro especulador.
Cavaco Silva envelheceu e isso é condenável. Pela teimosia em protelar o veredicto, que as donzelas de olhos febris, na sua fé monocordicamente e ficticiamente construtiva, desejam apressar, certas de que não vale a pena adiar, no seu arranjinho governativo que acima de tudo preza o desastre, a destruição dos alicerces, como há quarenta anos fizeram, e que parte do país, calcando respeitos pela verdade e pela justiça, favorece com a sua adesão, Vasco Pulido Valente com eles, já a afiar as garras para os desancar também, ao virar da esquina…
As desventuras do dr. Cavaco
Público, 21/11/2015
O dr. Cavaco tem tido um comportamento que se compreende com dificuldade. Foi à Madeira por causa de um “roteiro” qualquer, que não perdia nada em ser adiado. Consultou representantes do patronato e dos sindicatos, consultou os directores da banca e também um grupo de economistas, de autoridade pelo menos duvidosa, que não se percebe como foi escolhido. Ontem consultou os partidos e consta que se prepara para consultar o Conselho de Estado. Mais de 50 e tal peritos para o iluminarem, embora ele já soubesse tudo, como garantiu ao país, para o acalmar, antes de 4 de Outubro; e na Madeira não se coibisse de insinuar que os governos de gestão não eram assim tão maus. Ele – ele mesmo, o genial dr. Cavaco – dirigira um Governo desses em 1987, para maior felicidade dos portugueses, como é público e notório.
A Câmara Corporativa pessoal e aleatória que nestes dias passou por Belém parece substituir, para o Presidente da República, os representantes do povo que estão em S. Bento, no pleno uso dos seus poderes. Mas S. Exa não se incomoda. Seria interessante saber o que aprendeu com tanta conversa. Que devia conservar Passos Coelho, doesse a quem doesse, incluindo ao próprio Passos Coelho, para que não se metesse na cabeça da Guarda Vermelha ir assaltar o dr. Vítor Bento? Ou que devia indigitar Costa para formar Governo e deixar que a vida política democrática tal como existe em Portugal o limitasse e o substituísse? Ou ainda que impusesse a Costa as suas condições, para garantir que o país continuaria a andar a seu gosto ou que a aliança da esquerda acabaria antes de começar?
Como as bruxas (dos dois sexos, claro) voltaram a opinar por Portugal inteiro, não me repugna esclarecer o que perturba o espírito do outrora vidente dr. Cavaco Silva. Em primeiro lugar, com o tacto que o caracteriza, condenou liminarmente um Governo António Costa e o entendimento em que ele assentaria. Em segundo lugar, como uma grande quantidade de portugueses, detesta a personagem, a sua manha e a sua brutalidade. E, em terceiro lugar, duvida, e com razão, que o PS consiga conservar um mínimo de equilíbrio nas finanças, na economia e na frágil sociedade que nos deixaram 40 anos de incapacidade e corrupção. Talvez não se engane. Mas nada justifica que em 2015 arrisque cegamente o pouco que por enquanto continua em pé. O dr. António Costa não se recomenda. Muito bem. Tarde ou cedo, nós trataremos dele, sem a ajuda vexatória e inútil do dr. Cavaco.

Nenhum comentário: