Um artigo de António
da Cunha Duarte Justo, publicado no “A Bem da Nação”, a pedir reforço de
ânimo a um país sempre adiado, num puxão de orelhas suponho que merecido, mas
que outros momentos revelaram ter sido capaz de vencer os obstáculos criados
por circunstâncias de desassossego dos que resolvem os caminhos da nação – na crise
de 1383-85, o povo e a burguesia dando o seu máximo, na da Restauração de 1640,
80 anos após a vaidade derrotada de Sebastião e seus congéneres, a nobreza que
se aliou, para defender o rectângulo, na altura espalhado geograficamente por
outras figuras de uma vasta geometria.
O que não me parece certo, é que o retrato abranja por
igual todos os portugueses, ignorando os muitos que, quer ao nível da imprensa escrita, quer ao nível dos outros media. aqui se esforçam por denunciar o resvaladoiro em que se está a
rolar.
De Gaulle também foi um herói, aos microfones da BBC,
a apelar ao heroísmo da resistência, que o houve, em barda, nos sítios internos
do perigo.
Mas oxalá resultasse este apelo-ataque, mesmo vindo de
fora.
Quinta-feira,
5 de Novembro de 2015
UMA VISITA A
PORTUGAL POLÍTICO
Um País
a fingir que não sente a Paixão que o atormenta
– o
eterno Adiamento -
Visitei
Portugal e encontrei nele um país florido e aromático mas com tantos piolhos
nos seus botões que escurecem sua alma e entristecem o espírito de quem o vê.
Quem vê
de fora nota em Portugal um país de orelhas caídas, a caminhar como um burro
obrigado a seguir um caminho determinado por outros; observa nele um povo
dividido em vítimas e delinquentes, mas todo unido no sentimento comum da
inocência.
Tem-se a
impressão de uma nação em bulício que parece persistir em viver numa atmosfera
de fim da tarde, num clima de declínio, onde não há democracia que lhe valha.
Passamos do estado nação para o estado partidário em que os partidos se
tornaram parte do problema e não da solução. Torna-se confrangedor como um povo
inteiro é capaz de aguentar tanta intriga, tanta corrupção e tanto
atrevimento/cinismo partidário apresentado como política para a nação.
Políticos
e seus boys tomam conta de tudo; tomam conta do Estado, tomam conta das nossas
conversas, do nosso tempo, dos nossos sentimentos, do nosso dinheiro e até do
bem-estar da nossa alma. Para cúmulo da tristeza: tudo isto sempre a acontecer
sem que alguém se dê conta para poder ter conta neles!
Aqueles,
sempre ocupados num presente moribundo estão-se marimbando para o futuro,
entregue à água que corre debaixo da ponte, empregam a maior parte do tempo a
entreter o povo com banalidades ou rivalidades pessoais. Vivem do lusco-fusco,
da ambiguidade alimentada pela negatividade odiosa, em coros de lamentações dos
vários quadrantes políticos enquanto a verdade e a sinceridade passeiam nas
ruas da amargura. Num Estado assim encontram-se, em estado de engorda, os
oportunistas a viver do ajuste de contas no parlamento e na opinião pública.
Tudo
anda a enganar, tudo finge não saber o que realmente sabe!
O Bloco
(BE) sente-se incomodado com a Europa e não quer o Euro mas finge acordo com o
PS e o PC.
O PC não
quer a Europa, nem a NATO, nem o Euro mas finge, à primeira, querer coligação
com o PS para depois deixar nas entrelinhas que isso seria burrice imperdoável.
O PS,
para se safar e agradar à outra esquerda, finge esquecer a democracia, a UE e a
NATO com que se comprometeu.
A
coligação governamental PSD/CDS quer tudo: quer Portugal, quer a UE e quer a
NATO fingindo que Portugal é independente.
O povo
simples, esse coitado, para enganar a desilusão, quer tudo e não quer nada; para
tal parece contentar-se com o conto de fadas do 25 de Abril sem se preocupar
com a democracia e a corrupção nela instalada pelos históricos feitores da
História de Abril.
Portugal
encontra-se refém de um Estado parcial transformado em Cavalo de Troia. Dentro
dele prevalece um sistema partidário com jacobinos e republicanos (maçónicos)
além de outros sicranos e beltranos. Um regime político incapacitado por um
mercado de partidos e instituições afins, a produzir bem-estar para si e para
os irmãos. Num Portugal de Clubes, partidos e seitas, num povo de cérebro bem
lavado por chefes sem honra nem vergonha mas peritos em disfarce, finge-se ser
o que não se é.
Resultado:
Um povo enganado, uma esquerda arrogante e uma direita complexada e um Portugal
triste a adiar-se ao toque de finados.
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