O texto já é antigo, do último
dia de Outubro, fui-o deixando passar, porque discordava dele, ditado que fora
por pessoa de uma hierarquia social que se pode considerar aristocrática, que
entende quando deve desistir, para dar uma lição, talvez, a um país que precisa
de passar por nova cambalhota para perceber quem são realmente esses que fingem
amá-los, na realidade por ódio aos que governam, pois o seu papel é sempre o de
botar abaixo, por demagogia. Na realidade, tão cientes estão de que o que estão
a fazer é um erro – eu diria um crime – que nem aceitam fazer parte com o PS num
governo que será indiscutivelmente de minoria, apenas com o PS a governar, sem
se importar de o fazer com menos votos do que os que ganharam, num pretexto
irrisório de aliança nula, pois registada apenas como promessa, que só o será
quando não colida com os slogans de esquerda respigados da palha em que para sempre
esta se encobre, desinteressada em argumentos de maior racionalidade e bom
senso.
Mas discordo de Vasco Pulido
Valente. Admiro os do Governo, depois de lhes ouvir os discursos ditados, não
na ambição do cargo, mas na aflição que sentem todos os que receiam a
destruição que se vai seguir. Fizeram um trabalho que requer continuação e o
povo sabe isso, pois apesar das dificuldades por que passou, reconhece que foi
um caminho necessário, o único, aliás, a ser seguido pelas pessoas e os povos
de boas contas.
O que ninguém se atreve a
manifestar, excepto os que pertencem à coligação, é a admiração pela coragem
desse timoneiro que, a crer em Vasco Pulido Valente, deveria desistir, porque
só se vai queimar, se o não fizer. Não digo que não, mas intimamente rezo para
que não desista, ainda que se queime. Um país merece os sacrifícios dos que o
amam e têm a seu cargo protegê-lo. Passos Coelho, de resto, parece ser
indiferente às queimaduras que devolve com ironia, desafio e saber.
Um homem superior, Pedro
Passos Coelho, bem como o conjunto de pessoas do seu staff que o apoiam com
seriedade, mau grado o atropelamento pelos que, não tendo outras alternativas
que as de saquear para serem primeiros, vão semeando descaradamente e
impunemente a sua caminhada de saques, para isso empurrados pela malta amiga
desses PSs que pretendem recuperar o passado revolucionário, tais donzelas movidas
constantemente pelo riso e a excitação exibicionista, pouco ou nada lhes
importando a Pátria, joguete das suas ambições.
Não concordo com Vasco Pulido
Valente. Acredito nos Martins Moniz da nossa história, e admirarei sempre o
nosso PAF. Se sair derrotado, é porque o país o não merece.
Palavras
para quê?
31/10/2015 - 04:51
O CDS e o PSD vão à Assembleia da República discutir. O
quê e com quem? Não há uma oposição, há três, que aparentemente tencionam
apresentar as suas particularíssimas razões para rejeitar o Governo. Só por
milagre a coisa não dará numa berraria inútil. E que ganhará a coligação com
isso? Nada. Pelo contrário, compromete de certeza a sua razão e a sua
legitimidade. Não se trata gente como se ela fosse igual, quando ela não o é. O
CDS e o PSD devem ouvir e calar; e sair daquela mascarada dignamente e sem comentário
de espécie alguma. A esquerda que fique por lá num comício íntimo a repetir o
que já disse em toda a parte. O país que os veja bem sem interrupção e que tire
as suas conclusões. Sem ruído, como quem assiste a um espectáculo para sua
edificação.
E
depois com quem ia a coligação falar? Com o PCP, que ainda ontem repetia pela
boca de Jerónimo de Sousa os lugares-comuns da seita, sem faltar uma vírgula, e
que deu a entender que a sua putativa aliança com o dr. Costa não tinha outra
base, excepto a sua conveniência? Quem pode adivinhar o que é, ou não é, o
verdadeiro interesse dos trabalhadores, segundo Jerónimo? Anteontem, o Avante! declarou
que sem a “renegociação da dívida” (um eufemismo para não a pagar) e sem
nacionalizações (da banca, claro) os trabalhadores continuarão na mesma. Será
que o PC já explicou isto ao dr. Costa? Talvez por isso ainda não apareceu o
misterioso “papel”, que Jerónimo acha dispensável e o PS o fundamento da sua
política. Ninguém até agora conseguiu apurar. E como tenciona a coligação
discutir o seu programa sem o comparar com o programa da “esquerda”?
E
o Bloco? O que pensa do mundo essa tresloucada agremiação? Deve ser difícil
descobrir. O Bloco tem seis chefes, tem um porta-voz, tem 3000 profetas e tem
três medidas para salvar a Pátria. Para lá disto, não há mais que nevoeiro e
uma inextricável trapalhada. Consta que parte daquela sociedade se confessa
trotskista e outra marxista-leninista. Não acredito, exactamente como não
acredito em fantasmas, nem que a terapêutica médica persista na sua devoção à
sangria. Verdade que a “esquerda” é um museu, mas não anda por aí a distribuir
antiguidades. E se as distribuir ao CDS e ao PSD não vale a pena perder tempo
com lições de história. O Bloco precisa de uma creche; e o cidadão sério
precisa seriamente de perceber a brincadeira em curso.
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