Fiz um texto sobre uvas - as uvas portuguesas da nossa apetência – e o sr. Casimiro Rodrigues pede-me que faça um sobre cerejas, “a fruta mais gostosa do mundo”. E vistosa, também, eu concordo. Era a fruta de que mais tinha saudades, nas terras de África onde elas não existiam.
É! O tempo das cerejas é breve, já diz a balada popular francesa, composta pelo revolucionário Jean Baptiste Clément, que recorda amores e prazeres com sol.
Ouço-a, pela Internet, na interpretação nostálgica de Yves Montand que nos transporta saudosamente ao passado de alegrias e fricções dos tempos da juventude.
Mas a canção “Le temps des Cerises” tornou-se igualmente o hino dos insurrectos da Comuna pelo ano de 1871, no simbolismo da cor vermelha do sangue e da bandeira, contido na cor rubra do fruto, e durante a segunda guerra, foi expoente da resistência à opressão, de liberdade, de solidariedade.
Contudo, Jacques Prévert, no poema “L’Âge des noyaux” de 1936 parodia o heroísmo e gratuitidade da guerra, pondo a ridículo os tristes pais enlutados que cederam os filhos à guerra, por submissão a mentores e a princípios que continuam válidos ainda, apesar dos poetas satíricos. Reinaldo Ferreira, no seu poema “Receita para fazer um herói”, retoma o tema com idêntica violência, saliente na explosão final do seu sarcasmo: “Serve-se morto”.
Mas as conversas são como as cerejas e volto às nacionais, que compro, quase diariamente, na recente casa da fruta - cerejas rubras, carnudas, bonitas, do Fundão. Irresistíveis, portuguesas. Creio que o Sr. Casimiro não as encontra no seu Brasil, e sugiro-lhe que faça férias brasileiras em Portugal pelo tempo das cerejas, para matar as saudades.
Nos campos abandonados e desertificados, bom seria que mesmo os licenciados que não encontrassem emprego nas especificidades das suas carreiras, fossem estimulados a regressar à terra, cultivando-a, com meios tecnológicos adequados, e vencimentos correspondentes aos que receberiam nos seus cursos específicos, para tornarem o país mais cultivado e mais culto. Mais rentável.
No programa francês “Questions por un Champion”, muitos concorrentes que lá vão trabalham a terra, fabricam o pão, cultivam jardins e demonstram ser cultos. Era assim que o nosso país poderia progredir melhor. Porque a terra não tem que ser revolvida apenas com o sacho e o arado, apenas por gente que toda a vida viveu subjugada a uma terra opressora.
Com o mesmo amor desses, sim, mas com outros meios, que tornassem este país mais verde, e com muitas árvores frutíferas, muitas cerejeiras, muitas laranjeiras e tomateiros que não seriam lançados fora por falta de escoamento para os mercados.
As conversas são como as cerejas, e sei bem quanto é utópica esta minha. E triste, por influência da balada do Yves Montand, talvez, lembrando a fugacidade do tempo bom, da polpa doce e rubra das cerejas que ficam na recordação, ou a dureza do caroço, do poema de Prévert, lembrando o absurdo da guerra.
Mas nós estamos na guerra, não temos que estar alegres. O Sr. Casimiro Rodrigues, compreensivo sempre, desculpar-me-á, e, para amenizar, adornará o post com um desenho de belas cerejas apelativas, para os brincos das orelhas e para o prazer gustativo.
É! O tempo das cerejas é breve, já diz a balada popular francesa, composta pelo revolucionário Jean Baptiste Clément, que recorda amores e prazeres com sol.
Ouço-a, pela Internet, na interpretação nostálgica de Yves Montand que nos transporta saudosamente ao passado de alegrias e fricções dos tempos da juventude.
Mas a canção “Le temps des Cerises” tornou-se igualmente o hino dos insurrectos da Comuna pelo ano de 1871, no simbolismo da cor vermelha do sangue e da bandeira, contido na cor rubra do fruto, e durante a segunda guerra, foi expoente da resistência à opressão, de liberdade, de solidariedade.
Contudo, Jacques Prévert, no poema “L’Âge des noyaux” de 1936 parodia o heroísmo e gratuitidade da guerra, pondo a ridículo os tristes pais enlutados que cederam os filhos à guerra, por submissão a mentores e a princípios que continuam válidos ainda, apesar dos poetas satíricos. Reinaldo Ferreira, no seu poema “Receita para fazer um herói”, retoma o tema com idêntica violência, saliente na explosão final do seu sarcasmo: “Serve-se morto”.
Mas as conversas são como as cerejas e volto às nacionais, que compro, quase diariamente, na recente casa da fruta - cerejas rubras, carnudas, bonitas, do Fundão. Irresistíveis, portuguesas. Creio que o Sr. Casimiro não as encontra no seu Brasil, e sugiro-lhe que faça férias brasileiras em Portugal pelo tempo das cerejas, para matar as saudades.
Nos campos abandonados e desertificados, bom seria que mesmo os licenciados que não encontrassem emprego nas especificidades das suas carreiras, fossem estimulados a regressar à terra, cultivando-a, com meios tecnológicos adequados, e vencimentos correspondentes aos que receberiam nos seus cursos específicos, para tornarem o país mais cultivado e mais culto. Mais rentável.
No programa francês “Questions por un Champion”, muitos concorrentes que lá vão trabalham a terra, fabricam o pão, cultivam jardins e demonstram ser cultos. Era assim que o nosso país poderia progredir melhor. Porque a terra não tem que ser revolvida apenas com o sacho e o arado, apenas por gente que toda a vida viveu subjugada a uma terra opressora.
Com o mesmo amor desses, sim, mas com outros meios, que tornassem este país mais verde, e com muitas árvores frutíferas, muitas cerejeiras, muitas laranjeiras e tomateiros que não seriam lançados fora por falta de escoamento para os mercados.
As conversas são como as cerejas, e sei bem quanto é utópica esta minha. E triste, por influência da balada do Yves Montand, talvez, lembrando a fugacidade do tempo bom, da polpa doce e rubra das cerejas que ficam na recordação, ou a dureza do caroço, do poema de Prévert, lembrando o absurdo da guerra.
Mas nós estamos na guerra, não temos que estar alegres. O Sr. Casimiro Rodrigues, compreensivo sempre, desculpar-me-á, e, para amenizar, adornará o post com um desenho de belas cerejas apelativas, para os brincos das orelhas e para o prazer gustativo.
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