Nem sempre as fábulas do La Fontaine são espelho exacto da nossa realidade humana - ou pelo menos da portuguesa, pois não tenho a pretensão de me imiscuir nas realidades estrangeiras, não porque não aprendi a ler, desgraça-mor para o nosso João de Deus, que daria como resultado ficar a saber só o que se passa no lugar onde eu estiver, mas pela delicadeza própria de quem pertence a um pobre lugar, sem competência nem autoridade para apontar o dedo a mais nenhum, porque esse seu lugar lhe “abonda”, verbo regional inexistente no Dicionário da Academia de Ciências, como muitos mais termos, mas que o da Porto Editora contém, para vanglória do meu parco saber.
É o caso da fábula dos dois machos – um, humildemente carregado de aveia e o outro, impante com o peso do dinheiro da gabela, o imposto sobre o sal daqueles tempos.
Pois a quem é que os ladrões atacaram e feriram de morte? Não foi o da aveia, que passou despercebido, mas o da gabela, e logo aquele, numa vingança repudiável por qualquer cristão educado: “Amigo, nem sempre um alto posto é de fiar. Se tivesses servido, como eu, apenas um moleiro, não estarias agora a penar, por conta do dinheiro”.
Não, esta fábula não se nos encaixa minimamente. O que temos visto, entre nós, desde sempre, mas com amplitude maior no presente tempo, é que quanto mais alto se sobe, não em termos orográficos, que às vezes fazem perder os narizes, mas em termos económicos, sobretudo se a subida se deveu a desfalques, extorsões, fraudes, falhas, coisas assim pecaminosas, mais a coisa se torna imparável e não há quem lhe ponha freio.
Viu-se isso agora também, com o tal Relatório da Comissão de Inquérito de avaliação ao BPN da autoria de uma “sereia” na designação de Nuno Melo do CDS-PP – Sónia Sanfona, de sua graça – o qual, antes de partir para a Europa, quis deixar tudo em pratos limpos, e acusou o Relatório da “Sereia” de branqueamento do Inquérito sobre o BPN que toda a oposição chumbou, e só o PS aceitou, impassível quanto às fraudes e défices daquele, e achando até meritória a supervisão do BP efectuada por Victor Constâncio, mau grado as queixas de Miguel Cadilhe, que acha que o tal Inquérito também lesa o seu bom nome de presidente antigo do BPN, ao pretender defender o bom nome do governador actual do BP – Victor Constâncio, ambos, aliás, de uma honestidade impoluta, haja ou não queixas de que eles ganham somas astronómicas incompatíveis com o estado da nação sendo, por isso igualmente responsáveis pelo clima de fraudes, que levou Oliveira Costa a uma prisão preventiva depois de pôr os dinheiros roubados a salvo, na família, mas que o seu advogado quer livrar dessa penalização a pretexto de que agora já não poderá prejudicar os que confiaram no seu banco, e não tardará que assim será.
E por aí fora, são muitos os casos, tantos que nem se podem contar pelos dedos, e nisto tudo só nos ficou a imagem de gentileza e presumível picardia de Nuno Melo a referir o “canto da sereia” relativamente a Sónia Sanfona por ter tão bem defendido o seu clube, embora ele, como Ulisses, tenha resistido ao canto, este preso com cordas às vergas do seu navio, enquanto os companheiros tinham os ouvidos grudados com cera para não se deixarem assim seduzir. Mas Nuno Melo não precisou de cordas, escudado contra as cantorias de Sónia, com o grude da sua formação democrática.
E Maria de Belém, sorridente e também sereia no seu canto de doçura e eficiência, não perdeu a ocasião de o saudar, desejando-lhe boas manifestações no Parlamento Europeu, lembrando, insinuantemente, e com meiga ironia, que naquele, ele não terá igual tempo de antena, como no nosso.
E nestas pequenas flechas de boa disposição lusa, se passou mais um debate inútil.
Mas lá está Paulo Portas exigindo reabertura da análise ao Inquérito à supervisão do BP sobre a fraudulência do BPN, que ele exige competente e até incómoda, por respeito aos clientes do BPN, que têm as poupanças congeladas.
Entretanto, os nossos votos são para que o canto das sereias se não transforme em canto do cisne, afeitos que estamos à penalização que constantemente recai sobre nós - os machos carregados de aveia.
É o caso da fábula dos dois machos – um, humildemente carregado de aveia e o outro, impante com o peso do dinheiro da gabela, o imposto sobre o sal daqueles tempos.
Pois a quem é que os ladrões atacaram e feriram de morte? Não foi o da aveia, que passou despercebido, mas o da gabela, e logo aquele, numa vingança repudiável por qualquer cristão educado: “Amigo, nem sempre um alto posto é de fiar. Se tivesses servido, como eu, apenas um moleiro, não estarias agora a penar, por conta do dinheiro”.
Não, esta fábula não se nos encaixa minimamente. O que temos visto, entre nós, desde sempre, mas com amplitude maior no presente tempo, é que quanto mais alto se sobe, não em termos orográficos, que às vezes fazem perder os narizes, mas em termos económicos, sobretudo se a subida se deveu a desfalques, extorsões, fraudes, falhas, coisas assim pecaminosas, mais a coisa se torna imparável e não há quem lhe ponha freio.
Viu-se isso agora também, com o tal Relatório da Comissão de Inquérito de avaliação ao BPN da autoria de uma “sereia” na designação de Nuno Melo do CDS-PP – Sónia Sanfona, de sua graça – o qual, antes de partir para a Europa, quis deixar tudo em pratos limpos, e acusou o Relatório da “Sereia” de branqueamento do Inquérito sobre o BPN que toda a oposição chumbou, e só o PS aceitou, impassível quanto às fraudes e défices daquele, e achando até meritória a supervisão do BP efectuada por Victor Constâncio, mau grado as queixas de Miguel Cadilhe, que acha que o tal Inquérito também lesa o seu bom nome de presidente antigo do BPN, ao pretender defender o bom nome do governador actual do BP – Victor Constâncio, ambos, aliás, de uma honestidade impoluta, haja ou não queixas de que eles ganham somas astronómicas incompatíveis com o estado da nação sendo, por isso igualmente responsáveis pelo clima de fraudes, que levou Oliveira Costa a uma prisão preventiva depois de pôr os dinheiros roubados a salvo, na família, mas que o seu advogado quer livrar dessa penalização a pretexto de que agora já não poderá prejudicar os que confiaram no seu banco, e não tardará que assim será.
E por aí fora, são muitos os casos, tantos que nem se podem contar pelos dedos, e nisto tudo só nos ficou a imagem de gentileza e presumível picardia de Nuno Melo a referir o “canto da sereia” relativamente a Sónia Sanfona por ter tão bem defendido o seu clube, embora ele, como Ulisses, tenha resistido ao canto, este preso com cordas às vergas do seu navio, enquanto os companheiros tinham os ouvidos grudados com cera para não se deixarem assim seduzir. Mas Nuno Melo não precisou de cordas, escudado contra as cantorias de Sónia, com o grude da sua formação democrática.
E Maria de Belém, sorridente e também sereia no seu canto de doçura e eficiência, não perdeu a ocasião de o saudar, desejando-lhe boas manifestações no Parlamento Europeu, lembrando, insinuantemente, e com meiga ironia, que naquele, ele não terá igual tempo de antena, como no nosso.
E nestas pequenas flechas de boa disposição lusa, se passou mais um debate inútil.
Mas lá está Paulo Portas exigindo reabertura da análise ao Inquérito à supervisão do BP sobre a fraudulência do BPN, que ele exige competente e até incómoda, por respeito aos clientes do BPN, que têm as poupanças congeladas.
Entretanto, os nossos votos são para que o canto das sereias se não transforme em canto do cisne, afeitos que estamos à penalização que constantemente recai sobre nós - os machos carregados de aveia.
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