Outra questão que tem preenchido os nossos diálogos de café é sobre a inesperada cegueira – pedimos aos céus que seja passageira – provocada em seis pessoas, não se sabe bem porquê, pelo uso de um medicamento proibido para os olhos, mas usado sem efeitos de risco anteriormente, e agora responsável pelo horror que nos recusamos a aceitar como definitivo.
- “O Hospital Santa Maria devia ter fechado há que séculos!” – é a minha amiga que diz do caos em que aquilo funciona.
Eu só me lembro dos corredores infindáveis que tínhamos que percorrer para chegar a qualquer ponto do nosso percurso, há muitos anos já. Eu, apenas para visitar uma pessoa de família, o meu primo Camilo para a acompanhar para os diferentes médicos, com diferentes marcações, num esgotamento atroz.
Mas a minha amiga conta também o caso de um irmão de uma amiga que, de Pôncios para Pilatos em adiamentos oftalmológicos, acabou por ficar cego de um olho; e mais contou do caso recente de um amigo, dos que já mal pode andar, as vezes sem conta que teve que lá ir, ou porque o médico faltou, ou porque chegado àquele, mandavam-no para outro, tudo por conta de uma catarata dificultada por outro problema ocular, inflectindo para compartimentos, horários e competências diferentes.
Continuou:
-“Qualquer desgraçado que seja da linha – a nossa, de Cascais – tem que sair às seis, para lá estar às nove, ser atendido à uma da tarde e às vezes regressar à linha sem ser atendido, com qualquer desculpa que engendram, sem respeito pelas pessoas que atendem. Agora mais isto da cegueira! Cegueira! Já pensou bem o que significa?
Expus os meus sentimentos, de horror pelos seis casos, de indignação por tanta incompetência, tanto descuido, tanta falta de profissionalismo, com a previsão do aumento de casos futuros, devidos aos males presentes do nosso resvalar sem tréguas para um qualquer buraco negro sem retorno.
-“Mas é assim neste país. Eles lá se desculpam, dizendo que a culpa não é do remédio, mas sem saber de quem a culpa é, e se houver processo, será arquivado ao fim de uns anos. Veja o caso de Leonor Beleza, que nunca pagou pelo que fez. Champallimaud escolheu-a, o processo dos hemofílicos caducou. Ela aí anda serena e impávida e bem falante, em novos cargos de arromba.”
- “É. As vidas valem pouco, quando são os poderosos os responsáveis pelas mortes, cegueiras, estropiamentos ou outras doenças. Se os médicos responsáveis por incúrias fatais nunca são condenados, como queria que uma (ex-)Ministra da Saúde, que ainda por cima tem um nome enorme, prova de que é de boas famílias, fosse condenada, mais a família? E logo cá, onde se diz que a Justiça também não vê!”
- “O Hospital Santa Maria devia ter fechado há que séculos!” – é a minha amiga que diz do caos em que aquilo funciona.
Eu só me lembro dos corredores infindáveis que tínhamos que percorrer para chegar a qualquer ponto do nosso percurso, há muitos anos já. Eu, apenas para visitar uma pessoa de família, o meu primo Camilo para a acompanhar para os diferentes médicos, com diferentes marcações, num esgotamento atroz.
Mas a minha amiga conta também o caso de um irmão de uma amiga que, de Pôncios para Pilatos em adiamentos oftalmológicos, acabou por ficar cego de um olho; e mais contou do caso recente de um amigo, dos que já mal pode andar, as vezes sem conta que teve que lá ir, ou porque o médico faltou, ou porque chegado àquele, mandavam-no para outro, tudo por conta de uma catarata dificultada por outro problema ocular, inflectindo para compartimentos, horários e competências diferentes.
Continuou:
-“Qualquer desgraçado que seja da linha – a nossa, de Cascais – tem que sair às seis, para lá estar às nove, ser atendido à uma da tarde e às vezes regressar à linha sem ser atendido, com qualquer desculpa que engendram, sem respeito pelas pessoas que atendem. Agora mais isto da cegueira! Cegueira! Já pensou bem o que significa?
Expus os meus sentimentos, de horror pelos seis casos, de indignação por tanta incompetência, tanto descuido, tanta falta de profissionalismo, com a previsão do aumento de casos futuros, devidos aos males presentes do nosso resvalar sem tréguas para um qualquer buraco negro sem retorno.
-“Mas é assim neste país. Eles lá se desculpam, dizendo que a culpa não é do remédio, mas sem saber de quem a culpa é, e se houver processo, será arquivado ao fim de uns anos. Veja o caso de Leonor Beleza, que nunca pagou pelo que fez. Champallimaud escolheu-a, o processo dos hemofílicos caducou. Ela aí anda serena e impávida e bem falante, em novos cargos de arromba.”
- “É. As vidas valem pouco, quando são os poderosos os responsáveis pelas mortes, cegueiras, estropiamentos ou outras doenças. Se os médicos responsáveis por incúrias fatais nunca são condenados, como queria que uma (ex-)Ministra da Saúde, que ainda por cima tem um nome enorme, prova de que é de boas famílias, fosse condenada, mais a família? E logo cá, onde se diz que a Justiça também não vê!”
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