...podem dizer e fazer isso?”
É assim que a minha amiga inicia hoje as perguntas das suas querelas importunas, logo na CGD, agarrando no “Global” e batendo com as costas da mão na figura aperaltada de Isaltino de Morais – bonita figura – para mim que nada sabia, inocente de olhos e ouvidos e que tive que ler e ouvir o motivo do drama da minha amiga, não precedido, é certo, do desagradável “Olhe lá”: “um Procurador pedindo cinco anos de prisão para Isaltino, por conta dos cinco crimes” – os do costume e mais um da absolvição – “e o réu Isaltino pedindo ao Tribunal que o dispense à tarde do julgamento, pois não está para ouvir mais mentiras contra a sua dignidade e o Tribunal dispensando-o, não se sabe se por conta dela.”
A minha amiga não quer acreditar que isto se passe cá, contra a minha opinião que tudo aceito aqui. “Se saísse caladinho e modesto, tudo bem, deu-lhe uma dor e foi dispensado. Mas que não está para ouvir!? Tem que ouvir, como réu, como todos os réus!”
Isto acha a minha amiga, mas eu recordo o caso de Pinochet, que até também foi beneficiado no seu julgamento por conta da velhice e doença, parece que não assistiu a tudo.
Não ligou à interrupção: “Ou será que qualquer cidadão e “cidadoa”, convertidos em réus, podem fazer o mesmo que o réu Isaltino? Será que já não há moralidade para comermos todos do mesmo tacho?" - embora acrescente que nesse ponto nunca houve.
“O Procurador a mentir?! Terá diploma ou foi passado ao domingo?” A minha amiga está deveras irónica e sentida, nunca a vi assim. E só espera, para cúmulo da injustiça, que o Procurador vá preso e o Isaltino se safe.
Ri-me. Falou no Judas: “Então não sabe?” Não sabia.
É assim que a minha amiga inicia hoje as perguntas das suas querelas importunas, logo na CGD, agarrando no “Global” e batendo com as costas da mão na figura aperaltada de Isaltino de Morais – bonita figura – para mim que nada sabia, inocente de olhos e ouvidos e que tive que ler e ouvir o motivo do drama da minha amiga, não precedido, é certo, do desagradável “Olhe lá”: “um Procurador pedindo cinco anos de prisão para Isaltino, por conta dos cinco crimes” – os do costume e mais um da absolvição – “e o réu Isaltino pedindo ao Tribunal que o dispense à tarde do julgamento, pois não está para ouvir mais mentiras contra a sua dignidade e o Tribunal dispensando-o, não se sabe se por conta dela.”
A minha amiga não quer acreditar que isto se passe cá, contra a minha opinião que tudo aceito aqui. “Se saísse caladinho e modesto, tudo bem, deu-lhe uma dor e foi dispensado. Mas que não está para ouvir!? Tem que ouvir, como réu, como todos os réus!”
Isto acha a minha amiga, mas eu recordo o caso de Pinochet, que até também foi beneficiado no seu julgamento por conta da velhice e doença, parece que não assistiu a tudo.
Não ligou à interrupção: “Ou será que qualquer cidadão e “cidadoa”, convertidos em réus, podem fazer o mesmo que o réu Isaltino? Será que já não há moralidade para comermos todos do mesmo tacho?" - embora acrescente que nesse ponto nunca houve.
“O Procurador a mentir?! Terá diploma ou foi passado ao domingo?” A minha amiga está deveras irónica e sentida, nunca a vi assim. E só espera, para cúmulo da injustiça, que o Procurador vá preso e o Isaltino se safe.
Ri-me. Falou no Judas: “Então não sabe?” Não sabia.
“Judas o nosso, não o dos dinheiros, embora também implicado em dinheiros. Era comunista e portanto, por definição, honesto e defensor do povo. Foi processado. O processo foi arquivado”, leu isso há dias. Supõe que caducou. Também Judas desapareceu do mapa, mas não apareceu enforcado na figueira, como o outro.
Mas o Procurador disse – em Tribunal - que estas pessoas devem ser punidas. Não vamos deixar que abusem assim. Um Procurador escandalizado e querendo impor justiça, é obra!
Isaltino pode sempre desculpar-se com o facto de ser um bom Presidente de Câmara, e a minha amiga, embora concordando, logo contrapõe que é sua obrigação, pois foi eleito para isso. Também acha que ele se pode defender com o Judas e outros presidentes autárquicos, que, por fraqueza, se deixam às vezes corromper.
A minha amiga acrescentou mesmo, numa já de contenção e de enternecimento bem português, que ele pode mesmo usar de outros exemplos, à mão de semear, dos que até nem são presidentes de câmaras.
Mas, retrocedendo, em rebate de consciência: “Nunca as mãos doam ao Procurador! É bom que estes tais sejam mais castigados do que os borra-botas como nós!”
Contudo, desta vez excedeu-se no comentário, pois, sem querer profetizar, acho que isso jamais sucederá.
Mas o Procurador disse – em Tribunal - que estas pessoas devem ser punidas. Não vamos deixar que abusem assim. Um Procurador escandalizado e querendo impor justiça, é obra!
Isaltino pode sempre desculpar-se com o facto de ser um bom Presidente de Câmara, e a minha amiga, embora concordando, logo contrapõe que é sua obrigação, pois foi eleito para isso. Também acha que ele se pode defender com o Judas e outros presidentes autárquicos, que, por fraqueza, se deixam às vezes corromper.
A minha amiga acrescentou mesmo, numa já de contenção e de enternecimento bem português, que ele pode mesmo usar de outros exemplos, à mão de semear, dos que até nem são presidentes de câmaras.
Mas, retrocedendo, em rebate de consciência: “Nunca as mãos doam ao Procurador! É bom que estes tais sejam mais castigados do que os borra-botas como nós!”
Contudo, desta vez excedeu-se no comentário, pois, sem querer profetizar, acho que isso jamais sucederá.
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