“A quantidade de homens altos que entram neste café!”
Até parece que a nossa vida gira em círculos que apanham as tiradas inesperadas da minha amiga sempre num qualquer café de esquina, onde ela capricha nas suas exclamações extravagantes, que acordam os meus neurónios adormecidos para as coisas em que Cesário Verde também reparava, e de quem Alberto Caeiro disse que tinha pena por ser “um lavrador que andava preso em liberdade pela cidade”.
Pego na bic e escrevo, que ando muito esquecida para fixar. Não me volto para olhar, porque ela acrescenta logo sotto voce: - “Olhe disfarçadamente e veja o tamanho do homem atrás de si, ao balcão!”
Rodo disfarçadamente o torso, a cabeça mais discretamente, e confirmo. Tratava-se de um homem verdadeiramente alto.
- “Deve ser estrangeiro” – disse eu, nos complexos da minha condição pouco expressiva.
- “Não, não é, já o ouvi falar, já cá tem aparecido mais vezes”.
Acredito, pois nenhum pormenor lhe costuma escapar, dos jornais, do que a cerca, do que a incomoda ou lhe agrada. Neste caso, agradou-lhe. Acha que os Portugueses cresceram, deve ser da alimentação.
- “Ou da miscigenação”, acrescento eu, em tom doutoral.
Teceu comentários de apreço e eu referi as virtudes do espírito como superiores em importância. Se não, veja-se: O Adamastor! Um bruto que se fartou de agoirar os malefícios que iria provocar a tantos dos nossos mareantes, que até poderiam vir a ter sido bons empresários, com as riquezas colhidas nas suas viagens! O Polifemo! Gigante de um só olho e muita maldade, vencido pela astúcia do Ulisses, não só na saída da caverna, agarrados, este e os companheiros, à barriga dos carneiros, a supor, inteligentemente, que Polifemo só apalpasse o dorso do seu rebanho – o que aconteceu - mas também, quando, ao gritar por socorro, no seu vozeirão lancinante, para que os outros Ciclopes lhe acudissem, Polifemo tenha respondido, à pergunta daqueles sobre quem lhe tinha espetado o único olho, que “Ninguém” lho espetara, nome com que se identificara Ulisses e que lhe valeu, pelo trocadilho que também celebrizou Garrett na identificação do seu “Romeiro”, o safar-se do socorro dos Ciclopes ao companheiro agora cego, e poder regressar às naus são e salvo, com os companheiros sobrantes da matança do Polifemo na caverna, antes de Ulisses e os companheiros o embebedarem.
Muitos gigantes mais antigos e outros mais modernos ainda poderia referir, tais como o Titã Prometeu que roubou o fogo de Febo, mas ficou bem tramado, com os fígados roídos, que o pai Zeus não era de graças. Entre os modernos conta-se o São Cristóvão que, ao contrário de Prometeu que Zeus castigou no Cáucaso, teve a sorte de ser levado para o Céu, pelo Menino Jesus.
Actualmente, conhecem-se bons atletas altos, com bons resultados em provas desportivas, como o Obikwelu, mas os mais baixos também se safam bem quando querem. É o caso do nosso Carlos Lopes, o primeiro português medalhado com ouro olímpico.
Não consegui convencer a minha amiga sobre os valores do espírito superiores aos do corpo, adepta como é, afinal, do “mens sana in corpore sano” dos Humanistas. E se a satisfação dela pela altura física portuguesa correspondesse a uma elevação espiritual dos mesmos, partilharia do seu prazer.
Pode ser que sim. Afinal... que sabemos nós? O que reparo é que os Portugueses bem posicionados na vida, em resultado do bom aproveitamento na Banca, são geralmente altos, bem parecidos, bem escanhoados, dá gosto ver. Será que se alimentam bem, e por isso se elevam acima dos mais mortais?
“Estão assim, os Portugueses”!... É por isso que derrapamos?
Até parece que a nossa vida gira em círculos que apanham as tiradas inesperadas da minha amiga sempre num qualquer café de esquina, onde ela capricha nas suas exclamações extravagantes, que acordam os meus neurónios adormecidos para as coisas em que Cesário Verde também reparava, e de quem Alberto Caeiro disse que tinha pena por ser “um lavrador que andava preso em liberdade pela cidade”.
Pego na bic e escrevo, que ando muito esquecida para fixar. Não me volto para olhar, porque ela acrescenta logo sotto voce: - “Olhe disfarçadamente e veja o tamanho do homem atrás de si, ao balcão!”
Rodo disfarçadamente o torso, a cabeça mais discretamente, e confirmo. Tratava-se de um homem verdadeiramente alto.
- “Deve ser estrangeiro” – disse eu, nos complexos da minha condição pouco expressiva.
- “Não, não é, já o ouvi falar, já cá tem aparecido mais vezes”.
Acredito, pois nenhum pormenor lhe costuma escapar, dos jornais, do que a cerca, do que a incomoda ou lhe agrada. Neste caso, agradou-lhe. Acha que os Portugueses cresceram, deve ser da alimentação.
- “Ou da miscigenação”, acrescento eu, em tom doutoral.
Teceu comentários de apreço e eu referi as virtudes do espírito como superiores em importância. Se não, veja-se: O Adamastor! Um bruto que se fartou de agoirar os malefícios que iria provocar a tantos dos nossos mareantes, que até poderiam vir a ter sido bons empresários, com as riquezas colhidas nas suas viagens! O Polifemo! Gigante de um só olho e muita maldade, vencido pela astúcia do Ulisses, não só na saída da caverna, agarrados, este e os companheiros, à barriga dos carneiros, a supor, inteligentemente, que Polifemo só apalpasse o dorso do seu rebanho – o que aconteceu - mas também, quando, ao gritar por socorro, no seu vozeirão lancinante, para que os outros Ciclopes lhe acudissem, Polifemo tenha respondido, à pergunta daqueles sobre quem lhe tinha espetado o único olho, que “Ninguém” lho espetara, nome com que se identificara Ulisses e que lhe valeu, pelo trocadilho que também celebrizou Garrett na identificação do seu “Romeiro”, o safar-se do socorro dos Ciclopes ao companheiro agora cego, e poder regressar às naus são e salvo, com os companheiros sobrantes da matança do Polifemo na caverna, antes de Ulisses e os companheiros o embebedarem.
Muitos gigantes mais antigos e outros mais modernos ainda poderia referir, tais como o Titã Prometeu que roubou o fogo de Febo, mas ficou bem tramado, com os fígados roídos, que o pai Zeus não era de graças. Entre os modernos conta-se o São Cristóvão que, ao contrário de Prometeu que Zeus castigou no Cáucaso, teve a sorte de ser levado para o Céu, pelo Menino Jesus.
Actualmente, conhecem-se bons atletas altos, com bons resultados em provas desportivas, como o Obikwelu, mas os mais baixos também se safam bem quando querem. É o caso do nosso Carlos Lopes, o primeiro português medalhado com ouro olímpico.
Não consegui convencer a minha amiga sobre os valores do espírito superiores aos do corpo, adepta como é, afinal, do “mens sana in corpore sano” dos Humanistas. E se a satisfação dela pela altura física portuguesa correspondesse a uma elevação espiritual dos mesmos, partilharia do seu prazer.
Pode ser que sim. Afinal... que sabemos nós? O que reparo é que os Portugueses bem posicionados na vida, em resultado do bom aproveitamento na Banca, são geralmente altos, bem parecidos, bem escanhoados, dá gosto ver. Será que se alimentam bem, e por isso se elevam acima dos mais mortais?
“Estão assim, os Portugueses”!... É por isso que derrapamos?
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