terça-feira, 17 de maio de 2016

A gente está sempre a aprender




Não sei já porquê, creio que foi a propósito das estatísticas demográficas assustadoras para o equilíbrio da Terra, que vieram à baila dois velhos chineses ricos que tiveram um bebé por inseminação artificial e logo a voz da minha irmã se fez ouvir discrepante:
- E esta coisa das barrigas de aluguer! Digam-me lá se isto tem jeito! Este mundo não sei onde vai parar!
A nossa amiga rapidamente e profusamente esclareceu, não sei onde é que ela vai buscar estas ideias avançadas:
- Eu acho que vai parar à Internet, fazem-se os filhos através da Internet. A Internet é que vai mandar no mundo.
- Sim, porque isto cada vez vai avançar mais, onde é que se vai parar? – insistiu a minha irmã,  mas eu mandei-a parar, queixosa do ritmo, antes que se pusessem as duas a desenvolver a questão, para acabar de escrever a última deixa, no bloco que levei de casa.
- Sim, ainda há dias puseste na minha boca uma coisa que eu não disse – lembrou, concordando com a dificuldade de acompanhar o ritmo da conversa por meio da escrita.
Eu, que detesto receber críticas, logo me informei do deslize. Fora qualquer coisa sobre racismo, que eu pusera na boca dela e afinal fora um magnata qualquer que a pronunciara, o que me deixou confundida e a pedir desculpa, porque coisa que me desgosta é falsear dados, o que já aconteceu também com a nossa amiga que geralmente me faz repor a verdade, para a História. Lembro-me, contudo, da sua referência a uma casa de Cascais que eu dissera ser de Ronaldo, providenciando o seu futuro, e afinal a casa era de Jorge Jesus que também providencia, ou vice-versa, coisa que não corrigi nunca, e aqui vai agora ratificado, na “clara certidom da verdade” e a propósito do magnata do racismo.
Mas, ainda a respeito deste, ouvi a minha irmã de repente falar de sapos, referindo um filme documentário sobre os ciganos, de Inês de Castro, premiado na Alemanha.
- Eles têm alergia ao sapo, disse ela calmamente, respondendo à nossa imediata pergunta sobre a relação dos ciganos com o batráquio. Por isso punham-se sapos nas lojas para os ciganos não entrarem.
 Desconhecíamos o facto, tanto a nossa amiga como eu, e admirámos os conhecimentos da minha irmã, que nos favoreceu com outra “cena”, que anotara: Um rapaz brasileiro que pergunta ao pai da rapariga onde esta se encontrava: - Foi no banheiro. – Fazer o quê? – insiste o rapaz quer por via da ingenuidade quer pressionado pela urgência. E o pai da moça a explicar tranquilamente: A mulher, quando vai ao quartinho é porque se vai «aliviar das vontades.», expressão a que a minha irmã achou muita graça e que reproduziu rindo.
E rematou a nossa ilustração com a expressão espanhola «por se acaso», cuja tradução nunca encontrara, e de repente escutara ao papa Francisco traduzida para “pelo sim pelo não”, “just in case” segundo os ingleses. - Ora aqui está a tradução! – disse eu comigo. “Pelo sim pelo não”, “por se acaso”…
Com muita devoção, concordámos as três que parecia mesmo um milagre do papa Francisco: “Por se acaso, pelo sim pelo não”…



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