segunda-feira, 16 de maio de 2016

Tudo em família



As manas Mortágua sempre se me afiguraram, apesar da juventude, como pessoas de aspecto um tanto sinistro, no seu ar de aprumo permanentemente sério, risca do cabelo farto ao meio, à boa maneira das mulheres do povo, só que mais artificiosamente disposto, de maturidade e glamour, “o rosto carregado” sem, naturalmente, “a barba esquálida” típica do destroçado Adamastor, pois que a qualquer delas só poderia pertencer o epíteto de  ninfa, a mais formosa do Oceano”, que humanizaria o enganado gigante como mais um condenado do amor.   Mas o sorriso conciso das ninfas apenas se vislumbrava aquando dos beijos repenicados das mulheres do povo, que elas se propunham defender – (o povo, não os beijos) – por alturas das promessas eleitorais. O meu marido assistiu a uns julgamentos em que só ouvi a voz monocórdica – sinistra, repito – da circunspecta Mariana, exigindo explicações dos acusados dos crimes da moda, e fugi aterrada, qual Adamastor suplicante: “Que te custava ter-me neste engano / Ou fosse monte, nuvem, sonho ou nada?”, tal a ferocidade subentendida sob a capa da competência monocórdica que lhe valeria algum vedetismo na imprensa inglesa.
Mas, apesar do meu parti pris contra as figuras de aparentes fadas benfazejas dos tristes, na realidade de provocação contra o resto do mundo, jamais me passaria pela cabeça a sordidez de uma história referente ao seu progenitor, participante revolucionário em acções e crimes de que ouvíramos falar, e que Alberto Gonçalves cita no seu artigo, com a repulsa natural pelo banditismo condecorado.
Eu julgava que as filhas – Mariana e Joana - com o seu ar de aprumo sério, não deveriam ter gostado da peça sobre o pai e com o pai, que Alberto Gonçalves diz que ouviu na TVI, anunciada por José Alberto Carvalho, e muito menos do artigo daquele sobre essa biografia, que a mim me deixou interdita, tais as revelações indecorosas sobre Camilo Mortágua, pai das gémeas Mortágua. Até tive pena, por ficarem assim expostas à lama de história tão sórdida. Mas na Internet os factos dessas nossas glórias estão largamente narrados, também as manas estão amplamente referidas, como admiradoras e colaboradoras desse pai, cuja história está ali contada. Nem sequer pude imaginar a Mariana a interrogar o pai Camilo sobre os crimes deste, com idêntica eficácia interpeladora àquela que fez com os banqueiros, pois que os crimes do pai são jardim florido de rosas (ou de cravos, mais do contexto), para as filhas, que neles as colheram. Sem autocrítica.
 Por tal motivo, acrescento ao artigo de Alberto Gonçalves um texto que encontrei na Internet, variadamente esclarecedor da acção desse e doutros conhecidos, dados da nossa história recente que a sociedade que se vai fabricando, e os condecora – caso deste Camilo, condecorado por Jorge Sampaio – incluirá no epíteto de “barões assinalados”, que ontem ouvi, no 2º Canal, atribuir a esses gloriosos que fizeram a travessia “de Angola à contra costa”, nos fins do século XIX, Roberto Ivens e Hermenegildo Capelo, a  provar que ainda os havia, por essa altura, da mesma marca camoniana.
Pobre Camões, o que diria, caso aqui voltasse, neste século XXI, inescrupuloso no conceito de herói? O que nos vale ainda são estes Albertos Gonçalves que não deixam passar a infâmia, arriscando-se, quais “heróis” desafiando o mundo…  


Camilo e filhas
Alberto Gonçalves
DN, 15/5/16

Segunda-feira. A meio do Jornal das 8 da TVI, José Alberto Carvalho anuncia a "peça" (e que peça) seguinte: "Pai das deputadas Joana e Mariana Mortágua mantém a rebeldia e a insatisfação sem meias palavras. É Camilo, o revolucionário."
Começa a coisa. Um velho passeia em São Bento e a voz off explica: "Salazar e Caetano hão-de dar voltas na tumba face às regras da democracia parlamentar que permitem hoje a Camilo Mortágua caminhar livremente pelos Passos Perdidos." Corte para o interior do "hemiciclo", o qual revela que a voz off pertence a um sr. Bandarra, em princípio jornalista. A narração prossegue, por sua vez revelando que o sr. Bandarra pratica um estilo de jornalismo, vá lá, peculiar: "Camilo participou nos mais célebres, arriscados e espectaculares golpes contra o regime fascista [sic]." Intercalada com fotografias de arquivo, a hagiografia continua: "Camilo, aqui atento, crítico e sempre utópico. Mas terá sido para isto que lutou e arriscou a vida?" Ao fundo, ergue-se música épica. Enfim, Camilo fala.
E fala, com "gravitas" de serão teatral, para confessar que, afinal, a democracia parlamentar, cheia de "contradições" e "fingimentos", não é bem o seu género. Se calhar, proibiam-se as bancadas do PSD e do CDS e aquilo ficava composto. O sr. Bandarra não vai por aí: "Camilo não é homem de fingimentos ou meias palavras" (já alguns profissionais da TVI não dispõem de muitas palavras inteiras), pretexto para evocar a história do Santa Maria e o desvio do avião da TAP, ambos "os primeiros desse tipo em todo o mundo." Por acaso é uma cabeluda mentira, mas ao sr. Bandarra interessa menos a realidade do que demonstrar que os Descobrimentos não cessam de correr no sangue lusitano. Desse por onde desse, o "célebre assalto ao Banco de Portugal na Figueira da Foz" não pôde reclamar estatuto de pioneiro. Em compensação, deu origem "à fundação da mítica LUAR". Logo, garante o sr. Bandarra, Camilo é: a) um terrorista; b) um criminoso comum; c) um maluquito. Nada disso: "É um histórico da luta e acção directas." E teve "uma vida cheia". O sr. Bandarra, cujo crânio parece vazio, não questionou os propósitos altruístas do roubo. Ou a legitimidade da "acção revolucionária".
Após lamentar que não se façam filmes "de suspense e aventura" sobre Camilo, "libertário e até romântico", o sr. Bandarra parte para a "peça" em si. O desplante prossegue - informa o visor - por vinte minutos, nenhum desprovido de elogios ejaculatórios do sr. Bandarra, que trata o revolucionário por "tu" e explica que este "sempre insistiu em pensar pela própria cabeça", característica indispensável no marxismo.
Por falta de espaço, e de compreensão dos paginadores do DN para com os grandes heróis do totalitarismo indígena, não posso contar tudo. Limito-me a revelar dois ou três pontos altos. Quando comenta o assassínio de um dos oficiais do navio sequestrado, Camilo limpa as unhas e diz "É a vida." E acrescenta: "Somos todos culpados, incluindo ele." Um tribunal a sério discordaria. Depois, Camilo informa que "a violência não física é por vezes muito mais violenta do que aquela que faz sangrar". O marinheiro abatido também discordaria, mas isso já são manias. Segundo o sr. Bandarra, o Santa Maria foi "uma espectacular operação".
Pelo meio, há uma digressão acerca das populares filhas de Camilo, a quem os pais deram "toda a informação", desde que, evidentemente, "assentassem no caco" certos "princípios". Ou seja, lá em casa discutia-se o espectro ideológico de M a M, ou de Marx a Mao. Uma das meninas, não sei se a que, sem dúvida sob influência parental, publicou a meias com Francisco Louçã um livrinho intitulado Isto É Um Assalto, proferiu umas banalidades alusivas à "consciência política" e "coerência" do paizinho.
Presumo que o sr. Bandarra ainda arranjou lugar para enaltecer as proezas de Camilo posteriores ao 25 de Abril, da ocupação da Torre Bela à condecoração de Jorge Sampaio (a Ordem da Liberdade, naturalmente). Mas o texto vai longo e o meu estômago não permitia mais. A TVI apresentou "Camilo, o Revolucionário" como "uma reportagem que contribui para melhor se compreender a história recente de Portugal". Para melhor se compreender a história recente, recentíssima, de Portugal poderíamos igualmente recorrer aos indicadores económicos, que na última semana mantiveram o trilho do desastre. Ou aos ataques ao carácter dos jornalistas que, de José Rodrigues dos Santos a José Gomes Ferreira, não se curvam devidamente perante os potentados socialistas. Ou à tomada definitiva da educação (força de expressão) por parte do sr. Nogueira e dos comparsas do sr. Nogueira. Ou às ameaças do sr. Nogueira aos "comentadores de direita" que ousam descrever a perigosa nulidade que ele, factualmente, é. Ou ao menosprezo um bocadinho racista pelos "ignorantes" do congresso brasileiro por parte de iluminados que fazem alianças com partidos comunistas ou que integram partidos comunistas. Ou ao riso permanente e desconchavado da criatura que ocupa o cargo de primeiro-ministro.
Escolhi, porque sim, a redentora peça do sr. Bandarra com o romântico Camilo, um momento de pornografia mental que não serve para quase nada, excepto para ilustrar na perfeição o estado a que isto chegou e sobretudo o estado a que, salvo milagre, isto chegará.

Extraído da Internet:
Quem é Camilo Mortágua?
Nasceu em Oliveira de Azeméis, a 29 de Janeiro de 1934. Sem inclinação para os estudos, como o próprio reconhece nas suas memórias, pegaram-lhe a alcunha de Batata. Aos 12 anos segue com os pais e as duas irmãs para Lisboa. Em 1951, emigra para a Venezuela.
Na madrugada de 22 de Janeiro de 1961, integra o grupo de revolucionários que, sob o comando de Henrique Galvão, toma de assalto o paquete Santa Maria. Durante o acto, o oficial Nascimento Costa é assassinado pelos assaltantes.
A tomada do navio, que transportava 600 turistas em viagem para Miami e mais de 300 tripulantes, foi preparada na Venezuela pelo Directório Revolucionário Ibérico de Libertação (DRIL). Era um organismo híbrido que nasceu da fusão entre o grupo de Galvão e um grupo de exilados espanhóis, dirigido por Jorge de Soutomayor, ex-combatente comunista na Guerra Civil de Espanha.
Aviões americanos acompanharam os movimentos do Santa Maria, que ostentava no castelo da proa a faixa “Santa Liberdade”, pintada à mão. Entretanto, enquanto decorriam as negociações, o corpo do piloto assassinado apodrecia no seu caixão, na capela do paquete.
Antes do assalto ao Santa Maria, o DRIL, que estava classificado pela CIA como “organização terrorista”, promovera atentados em várias cidades de Espanha. A bomba que o grupo fez explodir em 1960 na estação de Amara, em San Sebastián, matou uma criança de 2 anos, Begoña Urroz.
O crime foi atribuído por largo tempo à ETA, mas dados históricos revelados nos últimos meses em Espanha demonstram a autoria do DRIL. Era com esta gente que Mortágua e os outros democratas queriam combater as ditaduras ibéricas e apear do poder Salazar e Franco.
A 10 de Novembro de 1961, desvia à mão armada com Palma Inácio e mais uns tantos criminosos um avião da TAP, no voo Casablanca-Lisboa. Foi assim um pioneiro do terrorismo aéreo, com o objectivo singelo de sobrevoar Lisboa e outras cidades portuguesas a baixa altitude para lançar milhares de folhetos subversivos.
Se quisermos descobrir um rasgo verdadeiramente inovador nos oposicionistas ao Estado Novo, forçoso será recorrer à aeronáutica: o primeiro desvio de um avião comercial em todo o mundo. Os terroristas islâmicos regulam com atraso em relação aos nossos antifascistas, sempre na vanguarda.

O assalto ao Banco de Portugal
A 15 de Maio de 1967, Camilo Mortágua, Palma Inácio, António Barracosa e Luís Benvindo assaltam a filial do Banco de Portugal na Figueira da Foz. O golpe é comummente atribuído à LUAR, acrónimo de Liga de Unidade e Acção Revolucionária, mas tal não corresponde por inteiro à verdade.
Na data do assalto, a LUAR ainda não existia. Foi criada à pressa no mês seguinte, como reconheceu Emídio Guerreiro, um dos fundadores, “para dar uma cobertura política e credível ao assalto do banco” (‘Diário de Notícias’, 6/9/1999, pág. 15) e assim evitar e extradição para Portugal dos criminosos, que entretanto se haviam refugiado em França.
Em consequência do golpe, Palma Inácio foi monetariamente crismado de “Palma Massas”. E havia fundadas razões para isso. A operação rendeu cerca de 30 mil contos, uma fortuna para a época, equivalente a 9 milhões  de euros de hoje, ainda que boa parte das notas tenha sido depois recuperada pela PIDE.
Logo que se apanharam com o dinheiro, acabou o romantismo revolucionário”, acusou depois Emídio Guerreiro, em entrevista a O DIABO (22/9/1992, pág. 8). É o costume. O dinheiro sobe sempre à cabeça das pessoas. Deviam ter lido Marx e Kautsky antes de começarem a roubar.

A Torre Bela
A Herdade da Torre Bela, com 1700 hectares, a maior área de terra agrícola murada do País, pertencia ao duque de Lafões. A 23 de Abril de 1975, foi ocupada pelo “povo trabalhador” aos gritos de “a terra a quem a trabalha”.
Para comandar aquela tropa mista de camponeses, delinquentes e bêbados, aterrou na herdade ribatejana o revolucionário Camilo Mortágua, já grávido de ideias bloquistas.
O processo ficou documentado no filme “Torre Bela”, de Thomas Harlan (filho do cineasta Veit Harlan, com ligações ao regime nacional-socialista). Militante da extrema-esquerda, o alemão quis filmar a utopia socialista, mas dormia no quarto do duque. Era o único que tinha casa de banho privativa.
As imagens são divertidas e esclarecedoras: Mortágua e Wilson, outro ladrão de bancos, a doutrinar as massas sobre “latifundiários” e “cooperativas”; Zeca Afonso, Vitorino e o padre Fanhais, este também membro da LUAR, a cantar o Grândola de megafone, diante do povo aparvalhado; o inesquecível diálogo entre Wilson e o camponês avesso à “comprativa” [sic] sobre a enxada que “passa a ser de todos”; a inenarrável reunião em que o oficial do MFA incita à ocupação do palácio: “primeiro vocês ocupam e depois a lei há-de vir”; e os camponeses a experimentar as roupas dos patrões, remexendo-lhes as gavetas com um misto de culpa, curiosidade e desejo.
O filme é um documento notável de cinema directo, uma comédia do absurdo sobre a “reforma agrária”, processo de espoliação que nos custou os olhos da cara. Ainda há dias o Estado português foi condenado pelo Tribunal Europeu dos Direitos do Homem a pagar mais 1,5 milhões de euros de indemnização a famílias expropriadas.
Os desvarios de Abril não começaram com o BPN ou as PPP (Parcerias Público-Privadas). Tiveram início logo após a revolução, com as ocupações de terras e as nacionalizações selváticas, que ainda agora figuram – de forma mais velada – entre os objectivos do Bloco de Esquerda, da menina Mortágua.

E depois do adeus
Após a frustrada experiência na Torre Bela, os mais destacados membros da LUAR, como Mortágua e Palma Inácio, achegaram-se mais e mais aos partidos dominantes. Alguns membros da organização não gostaram. Um deles, Belmiro Martins, exprimiu o seu descontentamento ao jornal ‘Tal & Qual’ (5/9/1997, pág. 6): “Vejo que os chefes da LUAR se passam de armas e bagagens para o Poder […] Senti-me traído […] Decidi então que passaria a roubar para mim.”
Decidiu e cumpriu. Estabeleceu-se por conta própria no ramo dos furtos, secção de ourivesarias. Parece que assaltou mais de cem lojas. Afirma-se com orgulho o “maior assaltante de ourivesarias de todos os tempos”. Foi preso em 1977 e condenado, tendo cumprido 17 anos de cadeia. Foi libertado em 1994, mas logo se entusiasmou por outras montras a reluzir de ouro. De novo preso em 1997, saiu finalmente em 2006, quando oficiava de sacristão na cadeia de Pinheiro da Cruz.
Belmiro Martins chegou a integrar os órgãos sociais do Fórum Prisões, associação presidida pelo advogado de Otelo no caso das FP-25 de Abril, Romeu Francês, antigo militante do MRPP, que depois seria condenado em processos de burla, falsificação de documentos, abuso de confiança e fraude fiscal, que acabariam por ditar a sua expulsão da Ordem dos Advogados.

Mortágua, hoje
Um homem com a folha de serviços de Mortágua não podia deixar de ser homenageado pelo novo regime. A justiça democrática tarda, mas não falta. A 10 de Junho de 2005 foi-lhe atribuída a condecoração de Grande Oficial da Ordem da Liberdade, por Jorge Sampaio, então Presidente da República.
Camilo Mortágua, hoje com 81 anos, está estabelecido no Alvito, em pleno Alentejo, como empresário. É hoje um “agrário”, nome pejorativo que os revolucionários de antanho colavam na região aos proprietários de terras agrícolas.

Isto é um assalto
Mariana Mortágua nasceu em 1986. Licenciada em Economia, é mestra pelo ISCTE (‘where else?’) com uma dissertação sobre “O Papel da Caixa Geral de Depósitos na Recente Crise Económica (2007-11)”.
Militante do Bloco de Esquerda, a filha de Camilo Mortágua publicou dois livros a meias com Francisco Louçã.
Em 2012 editou “A Dívida(dura) – Portugal na crise do Euro” (Bertrand, 2012, 240 págs.) A obra foi apresentada na FNAC do Chiado por Marcelo Rebelo de Sousa, para escândalo dos bloquistas mais pedregosos.
Em Abril de 2013 lançou “Isto é um assalto: a história da dívida em banda desenhada” (Bertrand, 2013, 184 págs.), com ilustrações de Nuno Saraiva.
A contracapa informa que o livro ”descreve o assalto que Portugal está a sofrer”. Reconheça-se, antes de mais, a legitimidade do título. Em matéria de assaltos, os Mortáguas são especialistas. O roubo que Portugal está a sofrer começou logo após a revolução, com o papá Camilo e outros que tais, imbuídos de um ideário que Mariana não rejeita. Limita-se a defendê-lo com outros termos e balelas, que aprendeu no ISCTE e na Rua da Palma.
No pai e na filha, a mesma necessidade de lutar contra a “ditadura” (seja a de Salazar ou a da dívida), o mesmo ódio ao “adversário” (seja lá ele quem for), a mesma receita de nacionalizações (começa-se com herdades, depois bancos, energia, água, transportes e tudo o que aparecer à frente), o mesmo desrespeito à propriedade alheia e quase uma relação de amor e ódio com o “grande capital financeiro”: o pai assaltava bancos, a filha faz teses de mestrado sobre a Caixa Geral de Depósitos.

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