sábado, 11 de junho de 2016

Uma história maravilhosa, a da Terra



A National Geographic mostra-nos tanta beleza do nosso mundo de estranha fauna e flora que nos põe colados ao écran, e de mente agradecida a quem criou o Céu e a Terra na diversidade cada vez mais infinitamente espectacular das suas criaturas e dos seus mundos, tão pobrezinha ainda nos tempos da Arca de Noé, prova de que o Jeová também progrediu em criatividade e anda por aí sempre, a favorecer a sua criatura Homem, quer para O descobrir – a Ele, Deus - em artifícios cada vez mais sofisticados da sua inteligência superior – dele, Homem - quer para Lhe tecer loas em tantas formas de arte, esforço e ciência, que também os múltiplos programas televisivos tantas vezes nos revelam, tenhamos nós tempo para os seguir, no recosto do nosso sofá.
Mais parcimoniosos esses programas na explicação da Terra e da sua estruturação geológica, julgo que belíssimas imagens dela poderiam ser reveladas em programas televisivos, na revelação da variedade paisagística que a todos aclararia, como o fazem os livros de estudo actuais, como nos meus tempos liceais se não fazia, a fotografia e o conhecimento ainda descoloridos, por falta de tecnologia reveladora, a Mineralogia e a Geologia sendo estudados em compartimentos estanques, em livros diferentes, sem uma interacção aclaradora do seu sentido.
O livro de Ciências Naturais do sétimo ano –“À descoberta da Terra”, da Editora Texto, (autoras Zélia Delgado, Paula Canha e Carla Brinca Trinca, todas formadas pela Universidade de Évora) é um exemplo de livro escolar do nosso tempo, bem estruturado, com objectivos e metas, e Curiosidades e Clubes de Ciência, para prática participativa, sobre a história da Terra, que a própria Terra conta através dos seus fósseis e que a Ciência revela através dos seus aparelhos. Dele, cito o Índice (eventualmente desenvolvido), como prova de todo um programa de extraordinário interesse – que poderia ser contado televisivamente, com profusão de imagens, até mesmo no interesse dos idosos dos Lares, ou das suas casas, limitados aos programas de diversão ocupando as manhãs e as tardes, com muito riso e comezaina e sedução amável, ignorando que há mais vida para além da exibição obsessiva da realização humana.
Ciências Naturais do 7º ano –“À descoberta da Terra
Índice:
1 -  A Terra conta a sua História 
            1.1- Os fósseis e a sua importância para a reconstituição da história da Terra.
1.2 – Grandes etapas da história da Terra (com uma excelente escala das eras e períodos geocronológicos, e respectivos acontecimentos, contendo pequenos desenhos de seres vivos exemplificativos de cada período, o Homem ocupando o lugar cimeiro no seu período quaternário, tão mais curto que os que o precederam).
2 - Dinâmica interna da Terra
            2.1- Deriva dos continentes e tectónica de placas.
            2.2- Ocorrência de dobras e falhas (formação do relevo).
3  - Consequência da dinâmica interna da Terra
3.1- Actividade vulcânica
3.2- Actividade sísmica
4- Estrutura interna da Terra
4.1- Contributo da ciência e da tecnologia para o estudo da estrutura interna da Terra:
 Os métodos :
Directos -  (Ex: exploração de minas, sondagens, actividade vulcânica
Indirectos - (Ex: Estudo das ondas sísmicas, do campo magnético (geomagnetismo), da planetologia.

4.2- Modelos (químico e físico) da estrutura interna da Terra.
        4.2.1- Modelo Químico da estrutura interna da Terra:
a) - Crosta:
a)1- Continental (30 a 40 Km de espessura, 70 Km ao nível da cordilheira
mais alta; rochas graníticas, ricas em silício e alumínio.
a)2 - Oceânica, (5 a 10 Km de espessura; rochas basálticas, ricas em silício e magnésio.
b) - Manto: (2900 Km abaixo da Crosta; rochas de elevada densidade, ricas em ferro e magnésio).
c) - Núcleo: (Dos 2900 Km até ao centro da Terra ; essencialmente constituído por ferro e níquel).
4.2.2.- Modelo Físico da estrutura da Terra:
a) Litosfera (125-250 Km de espessura ao nível dos continentes; 100 Km ao nível dos oceanos; dividida em placas; constituída por materiais sólidos.
            b) Astenosfera: (700 Km abaixo da litosfera; materiais menos rígidos, deformáveis, de maior plasticidade; zona com correntes de convecção responsáveis pelo movimento das placas tectónicas.
            c) Mesosfera: (É a camada situada entre a base da astenosfera e os 2900 Km de profundidade. É constituída por materiais sólidos e rígidos).
            d) Núcleo externo: Situa-se entre os 2900 e os 5150 Km de profundidade. É constituído por materiais que se encontram no estado líquido.
            e) Núcleo interno: Estende-se entre os 5150 e o centro da Terra. É formado por materiais sólidos e rígidos.
5- Dinâmica externa da Terra
            5.1- Rochas, testemunho da actividade da Terra. Sua composição: minerais e suas características (cor, traço, brilho, clivagem,  dureza (- escala de Mohs - ) e outras.
            5.2- Rochas magmáticas, sedimentares e metamórficas: génese e constituição.
5.3- Geologia, ambiente e sociedade.
Foi sobre esta 5ª parte que já em anteriores textos me debrucei, mas faltava o último capítulo - Geologia, ambiente e sociedadecom que desejo finalizar essas sínteses, grata que estou às autoras citadas do livro «À Descoberta da Terra” para o sétimo ano, cuja imagem de capa contém uma foto assinalada como “Perspectiva invulgar da rocha Nau dos Corvos, em Peniche, em dia de mar revolto” e o “fresco” das duas páginas seguintes revela “Artrópodes marinhos extintos do período Câmbrico da Era Paleozóica (há cerca de 500 a 300 Ma). Os organismos ilustrados foram reconstituídos a partir de fósseis encontrados em Burgess, Canadá”).
Iniciámos o capítulo com as Paisagens geológicas  - Magmáticas - de blocos para as graníticas; caldeiras, cones, tubos de órgão para as basálticas. Sedimentares: Chaminés de fada (areias ou argilas); arribas (falésias), praias, ravinamentos ou abarrancamentos (devidos às escorrências), paisagem cársica (alteração química das rochas sedimentares); dunas (do deserto e do litoral (com vegetação fixadora). Metamórficas: em Portugal, dominadas pelos xistos: falésias (na costa alentejana, por erosão; no Douro, também por intervenção humana).
Ainda deste capítulo fazem parte:
A- Aplicações das rochas e dos minerais;
B- Importância do ambiente geológico para a saúde;
C- Impactes da alteração do ambiente geológico para a saúde;
D- Impactes da acção humana nos processos geológicos;
E-  Crescimento populacional e desenvolvimento sustentável.
 F- Conservação da geodiversidade

Para o tema A - Aplicações das rochas e dos minerais - utilizarei  os sinais < ou > que exprime a proveniência dos produtos ou sua aplicação:
Eis as aplicações: telhas e tijolos (< argila); papel de parede (< moscovite (para dar brilho) e pirite > enxofre); tungsténio < volframite (> filamentos das lâmpadas); caulino (argila branca)> azulejos e louças; fertilizantes < minerais ou rochas: Ex: enxofre < pirite, fosfatos < fosforitos; calcário > cimento (construção civil); betão < areias; mineral hematite> ferro (> estrutura das habitações); granito e mármore > bancadas e pavimentos das cozinhas…); mineral cromite > crómio > aço inoxidável; mineral bauxite> alumínio > janelas; quartzo > vidro; calcopirite > cobre (fios eléctricos; latão); mineral lapidolite > lítio> baterias.

Tema B: Importância do ambiente geológico para a saúde:
Desde a Antiguidade, o homem utiliza as argilas e as areias e as águas termais como prevenção e tratamento de doenças várias.
Os efeitos dos materiais e processos geológicos nos seres vivos dependem da dose ou da intensidade a que estes estão expostos, como já enunciara Paracelso (1493/1541). Ex: flúor, importante na prevenção da cárie dentária, em dose excessiva é tóxico, provocando distúrbios nos rins, fígado e dentes. Certos metais como o cádmio, o chumbo e o mercúrio, espalhados em elevada quantidade na atmosfera aquando da actividade vulcânica, revelam-se muito nocivos, para as plantas e os animais, provocando doenças muito graves no ser humano. O selénio, essencial à saúde – para a actividade do músculo do coração, para a prevenção de alguns tipos de cancro, é mortífero em doses excessivas. (Ex: Morte dos cavalos de Marco Polo, emissário do imperador chinês, nas montanhas da China, por ingestão de plantas venenosas, com excesso de selénio - ao contrário dos cavalos locais, que sabiam evitar essas plantas).

Tema C: Impactes de alteração do ambiente geológico no ambiente e na saúde:
A exploração de minas e pedreiras, ao expor os minerais à acção do ar e da água, provoca reacções químicas ou fenómenos físicos que dispersam no ambiente (ar, água, solo), determinados elementos, inofensivamente englobados nos minerais, e que, dispersos, se tornam perigosos. É o caso do arsénio, veneno muito usado em homicídios no século XIX, como elemento químico muito tóxico. A contaminação do ambiente por este elemento pode resultar de processos geológicos naturais (erupções vulcânicas ou nascentes termais), ou da actividade humana (exploração de minas ou queima do carvão). O radão é um gás radioactivo que ocorre em rochas e solos graníticos e em regiões vulcânicas. Dispersa-se facilmente na atmosfera, mas em ambientes fechados (Ex. casas construídas em granito) o gás pode concentrar-se e a sua inalação provoca o cancro do pulmão. Em Portugal , os níveis de radão são monitorizados em todas as regiões graníticas e de vulcanismo activo (Açores). Doenças dos mineiros: silicose (nos pulmões); antracose (poeira de carvão inalada); doenças pulmonares provocadas pela inalação de amianto;  regiões ricas em cálcio fazem diminuir a osteoporose, mas em quantidade elevada tornam-se tóxicas.
A geologia médica estuda a forma como o ambiente geológico influencia a saúde, criando medidas de prevenção e protecção do ser humano.

Tema D - Impactes da acção humana nos processos geológicos:
Tal como a mineração contribui para a modificação do ambiente geológico com impactos sobre a saúde, outras actividades humanas mostram que o homem actua como agente geológico, alterando o ambiente.
Os processos geológicos naturais internos são originados pela dinâmica interna da Terra associados a altas temperaturas, e os externos são originados por agentes da dinâmica externa da Terravento, chuva, rios, ondas
Exemplos e consequências:
a) dos processos geológicos naturais internos:
-Movimentos e subducção das placas litosféricas  > formação de relevos e deformação de rochas; sismicidade.
- Fusão de rochas, movimento e consolidação de magma >  vulcanismo.
- Metamorfismo > Formação e transformação de minerais e de rochas.
                b) dos processos geológicos naturais externos:
- Meteorização e erosão das rochas > Alteração e destruição de relevos.
- Transporte e deposição de sedimentos> Formação de solos.
- Colapso e subsidência (afundamento) da crosta > Alteração de minerais e de rochas.     Formação de minerais e de rochas.

                A sismicidade induzida pela exploração do subsolo ou por grandes explosões é exemplo de como a acção humana pode interferir num fenómeno natural da geologia interna. Mas são os processos geológicos externos que sofrem maiores impactos da acção humana.

Exemplos da intervenção humana no relevo:
- Remoção de uma colina; aplanamento de uma elevação; alargamento de um vale; derrube de uma arriba; criação de áreas emersas, onde antes havia mar (criação de ilhas artificiais (Ex. Dubai).
- Construção de barragens e albufeiras,  exemplo de como a acção humana sobre a litosfera (geosfera) acaba por interferir nos subsistemas terrestres.
Benefícios: Produção de energia renovável; reserva de água para períodos de seca.
Inconvenientes: Alteração do regime natural de erosão e deposição de sedimentos (retidos na albufeira). O menor transporte e deposição de sedimentos nas áreas costeiras, devido a essa retenção nas albufeiras, intensifica a erosão do litoral. Aumento de risco de sismos, devido ao peso da água sobre as rochas. A destruição da cobertura vegetal intensifica a erosão do solo, com deslizamento de terras em zonas de declive, a própria fauna (peixes, aves…) e a flora sofrem destruição ou alteração.
- A maior parte das causas da erosão costeira resulta da acção humana, embora algumas sejam naturais: Extracção de sedimentos para a construção civil. As barragens constituem barreiras ao transporte de sedimentos; aumento de escorrências devido às regas. Os esporões protegem da erosão nuns locais e agravam-na noutros.
Nota: Nos últimos 75 anos a elevação média do nível do mar foi de cerca de 1,7 mm/ano. A manutenção dos portos e da navigabilidade dos rios exige a dragagem de sedimentos.

E-  Crescimento populacional e desenvolvimento sustentável.
População mundial actual: 7,2 mil milhões de pessoas. Previsão para 2050: 9,6 mil milhões. O crescimento populacional é maior nos países em desenvolvimento.
- Consequências: esgotamento dos recursos; produção de resíduos difíceis de eliminar; aumento da poluição e alteração irreversível da superfície da Terra.
- Criação de modelos de desenvolvimento sustentável:
- Aperfeiçoamento de métodos de exploração geológica, com novas tecnologias e instrumentos mais eficientes; desenvolvimento de formas de despoluição de solos e águas; estudo de métodos para diminuir as consequências dos riscos geológicos (sismos, erupções vulcânicas, derrocadas, inundações); planeamento das intervenções do ser humano nas obras de engenharia, para reduzir o impacto dos processos geológicos; sensibilização das populações para a necessidade de reduzir consumos, reutilizar materiais, reciclar.

F- Conservação da geodiversidade
A constante destruição da geodiversidade levou à criação da GEOCONSERVAÇÃO – área das geologia que estuda , protege e divulga o património geológico da Terra:

- Criação de Geossítios – locais (com valor científico, educativo e turístico), com características e vestígios de eras passadas, que assim serão preservados. Em Portugal existem mais de 300 geossítios, no Continente e ilhas:
Exemplos de geossítios citados no livro:
- Vale de Meios (Santarém): com a maior jazida de pegadas de terópodes da Península Ibérica (terópodas ou terópodes são um grupo de dinossauros bípedes, carnívoros e omnívoros, pertencentes à ordem Saurischia. As aves descendem do grupo Theropoda).
- Praia do Telheiro (Vila do Bispo): com uma discordância que separa rochas muito antigas e dobradas de depósitos mais recentes sedimentares e horizontais.
- Foz da Ribeira do Faial (Madeira): espectacular disjunção prismática, numa espessa escoada basáltica.
- Península de Peniche: rara e valiosa, pela sequência de estratos do Jurássico, muito completa e rica em informação sobre este período da história da Terra.

- Criação de geoparques
Em Portugal existem ainda geoparques, territórios com limites bem definidos que incluem um notável património geológico, caso do Geoparque dos Açores, com 56 geossítios, ou do Geoparque de Arouca, com 41 geossítios. «Neste, encontram-se fósseis de trilobites, bivalves, gastrópodes, cefalópodes, braquiópodes, crinoides, ostracodes, graptólitos, icnofósseis e muitos outros grupos. Encontram-se aqui os maiores exemplares do mundo de muitas espécies de trilobites.»

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