A National Geographic mostra-nos tanta beleza
do nosso mundo de estranha fauna e flora que nos põe colados ao écran, e de
mente agradecida a quem criou o Céu e a Terra na diversidade cada vez mais
infinitamente espectacular das suas criaturas e dos seus mundos, tão pobrezinha
ainda nos tempos da Arca de Noé, prova de que o Jeová também progrediu em
criatividade e anda por aí sempre, a favorecer a sua criatura Homem, quer para O
descobrir – a Ele, Deus - em artifícios cada vez mais sofisticados da sua
inteligência superior – dele, Homem - quer para Lhe tecer loas em tantas formas de
arte, esforço e ciência, que também os múltiplos programas televisivos tantas
vezes nos revelam, tenhamos nós tempo para os seguir, no recosto do nosso sofá.
Mais parcimoniosos esses programas na explicação da
Terra e da sua estruturação geológica, julgo que belíssimas imagens dela
poderiam ser reveladas em programas televisivos, na revelação da variedade
paisagística que a todos aclararia, como o fazem os livros de estudo actuais,
como nos meus tempos liceais se não fazia, a fotografia e o conhecimento ainda
descoloridos, por falta de tecnologia reveladora, a Mineralogia e a Geologia
sendo estudados em compartimentos estanques, em livros diferentes, sem uma
interacção aclaradora do seu sentido.
O livro de Ciências Naturais do sétimo ano
–“À descoberta da Terra”, da Editora Texto, (autoras Zélia
Delgado, Paula Canha e Carla Brinca Trinca, todas formadas pela
Universidade de Évora) é um exemplo de livro escolar do nosso tempo, bem
estruturado, com objectivos e metas, e Curiosidades e Clubes de Ciência, para
prática participativa, sobre a história da Terra, que a própria Terra conta
através dos seus fósseis e que a Ciência revela através dos seus aparelhos.
Dele, cito o Índice (eventualmente desenvolvido), como prova de
todo um programa de extraordinário interesse – que poderia ser contado
televisivamente, com profusão de imagens, até mesmo no interesse dos idosos dos
Lares, ou das suas casas, limitados aos programas de diversão ocupando as
manhãs e as tardes, com muito riso e comezaina e sedução amável, ignorando que
há mais vida para além da exibição obsessiva da realização humana.
Ciências Naturais do 7º ano –“À descoberta da Terra”
Índice:
1 - A Terra
conta a sua História
1.1-
Os fósseis e a sua importância para a reconstituição da história da
Terra.
1.2 – Grandes etapas da história da Terra (com uma excelente escala das eras e períodos
geocronológicos, e respectivos acontecimentos, contendo pequenos desenhos
de seres vivos exemplificativos de cada período, o Homem ocupando o lugar
cimeiro no seu período quaternário, tão mais curto que os que o precederam).
2 - Dinâmica interna da Terra
2.1- Deriva dos continentes e tectónica de placas.
2.2-
Ocorrência de dobras e falhas (formação
do relevo).
3 -
Consequência da dinâmica interna da Terra
3.1- Actividade vulcânica
3.2- Actividade sísmica
4- Estrutura interna da Terra
4.1- Contributo da ciência e da tecnologia para o estudo da estrutura interna da Terra:
Os métodos :
Directos - (Ex: exploração
de minas, sondagens, actividade vulcânica
Indirectos - (Ex: Estudo das ondas sísmicas, do campo magnético
(geomagnetismo), da planetologia.
4.2- Modelos (químico
e físico) da estrutura interna da Terra.
4.2.1- Modelo Químico da estrutura interna da
Terra:
a) - Crosta:
a)1- Continental (30 a 40
Km de espessura, 70 Km ao nível da cordilheira
mais
alta; rochas graníticas, ricas em silício e alumínio.
a)2 - Oceânica, (5 a 10 Km
de espessura; rochas basálticas, ricas em silício e magnésio.
b) - Manto: (2900
Km abaixo da Crosta; rochas de
elevada densidade, ricas em ferro e magnésio).
c) - Núcleo: (Dos 2900 Km até ao centro da Terra ; essencialmente
constituído por ferro e níquel).
4.2.2.-
Modelo Físico da estrutura da Terra:
a) Litosfera (125-250 Km de espessura ao nível dos
continentes; 100 Km ao nível dos oceanos; dividida em placas;
constituída por materiais sólidos.
b) Astenosfera: (700 Km abaixo da litosfera; materiais menos
rígidos, deformáveis, de maior plasticidade; zona com correntes de convecção
responsáveis pelo movimento das placas tectónicas.
c) Mesosfera:
(É a camada situada entre a
base da astenosfera e os 2900 Km de profundidade. É constituída por materiais
sólidos e rígidos).
d) Núcleo
externo: Situa-se entre os
2900 e os 5150 Km de profundidade. É constituído por materiais
que se encontram no estado líquido.
e) Núcleo
interno: Estende-se entre
os 5150 e o centro da Terra. É formado por materiais sólidos e rígidos.
5-
Dinâmica externa da Terra
5.1-
Rochas, testemunho da actividade da Terra. Sua composição: minerais e suas
características (cor, traço, brilho, clivagem, dureza (- escala de Mohs - ) e outras.
5.2-
Rochas magmáticas, sedimentares
e metamórficas: génese
e constituição.
5.3- Geologia,
ambiente e sociedade.
Foi sobre esta 5ª parte que já em anteriores
textos me debrucei, mas faltava o último capítulo - Geologia, ambiente e
sociedade – com que desejo finalizar essas sínteses, grata que
estou às autoras citadas do livro «À Descoberta da Terra” para o sétimo ano,
cuja imagem de capa contém uma foto assinalada como “Perspectiva invulgar
da rocha Nau dos Corvos, em Peniche, em dia de mar revolto” e o
“fresco” das duas páginas seguintes revela “Artrópodes marinhos extintos
do período Câmbrico da Era Paleozóica (há cerca de 500 a 300 Ma). Os
organismos ilustrados foram reconstituídos a partir de fósseis encontrados em
Burgess, Canadá”).
Iniciámos o capítulo com as Paisagens geológicas - Magmáticas - de blocos para as graníticas; caldeiras,
cones, tubos de órgão para as basálticas. Sedimentares: Chaminés de fada (areias ou argilas); arribas (falésias), praias, ravinamentos ou abarrancamentos (devidos às escorrências), paisagem cársica (alteração
química das rochas sedimentares); dunas (do deserto
e do litoral (com vegetação fixadora). Metamórficas: em Portugal, dominadas pelos xistos:
falésias (na costa alentejana, por erosão; no Douro, também por
intervenção humana).
Ainda deste capítulo fazem parte:
A- Aplicações das rochas e dos minerais;
B- Importância do ambiente geológico para a saúde;
C- Impactes da alteração do ambiente geológico para a
saúde;
D- Impactes da acção humana nos processos geológicos;
E- Crescimento
populacional e desenvolvimento sustentável.
F- Conservação
da geodiversidade
Para o tema
A - Aplicações das rochas e dos minerais - utilizarei
os sinais < ou > que exprime a
proveniência dos produtos ou sua aplicação:
Eis as aplicações: telhas e tijolos
(< argila); papel de parede (< moscovite (para dar
brilho) e pirite > enxofre); tungsténio < volframite
(> filamentos das lâmpadas); caulino (argila
branca)> azulejos e louças; fertilizantes < minerais
ou rochas: Ex: enxofre < pirite, fosfatos < fosforitos;
calcário > cimento (construção civil); betão < areias;
mineral hematite> ferro (> estrutura das habitações);
granito e mármore > bancadas e pavimentos das
cozinhas…); mineral cromite > crómio > aço
inoxidável; mineral bauxite> alumínio >
janelas; quartzo > vidro; calcopirite > cobre
(fios eléctricos; latão); mineral lapidolite > lítio>
baterias.
Tema B: Importância do ambiente geológico para a
saúde:
Desde a Antiguidade, o homem utiliza as argilas
e as areias e as águas termais como prevenção e tratamento de
doenças várias.
Os efeitos dos materiais e processos geológicos nos
seres vivos dependem da dose ou da intensidade a que estes estão
expostos, como já enunciara Paracelso (1493/1541). Ex: flúor, importante
na prevenção da cárie dentária, em dose excessiva é
tóxico, provocando distúrbios nos rins, fígado e
dentes. Certos metais como o cádmio, o
chumbo e o mercúrio, espalhados em elevada
quantidade na atmosfera aquando da actividade vulcânica, revelam-se muito nocivos,
para as plantas e os animais, provocando doenças muito graves no ser
humano. O selénio, essencial à saúde – para a actividade do
músculo do coração, para a prevenção de alguns tipos de cancro, é mortífero
em doses excessivas. (Ex: Morte dos cavalos de Marco Polo, emissário do
imperador chinês, nas montanhas da China, por ingestão de plantas venenosas,
com excesso de selénio - ao contrário dos cavalos locais, que sabiam evitar
essas plantas).
Tema C: Impactes de alteração do ambiente geológico no
ambiente e na saúde:
A exploração de minas e pedreiras, ao expor os
minerais à acção do ar e da água, provoca reacções químicas ou fenómenos
físicos que dispersam no ambiente (ar, água, solo), determinados
elementos, inofensivamente englobados nos minerais, e que, dispersos, se tornam
perigosos. É o caso do arsénio, veneno muito usado em homicídios no
século XIX, como elemento químico muito tóxico. A contaminação do ambiente por
este elemento pode resultar de processos geológicos naturais (erupções
vulcânicas ou nascentes termais), ou da actividade humana (exploração
de minas ou queima do carvão). O radão é um gás radioactivo
que ocorre em rochas e solos graníticos e em regiões vulcânicas.
Dispersa-se facilmente na atmosfera, mas em ambientes fechados (Ex. casas
construídas em granito) o gás pode concentrar-se e a sua inalação provoca o cancro
do pulmão. Em Portugal , os níveis de radão são monitorizados em
todas as regiões graníticas e de vulcanismo activo (Açores). Doenças dos
mineiros: silicose (nos pulmões); antracose (poeira
de carvão inalada); doenças pulmonares provocadas pela inalação de amianto; regiões ricas em cálcio fazem diminuir
a osteoporose, mas em quantidade elevada tornam-se tóxicas.
A
geologia médica estuda a forma como o ambiente geológico
influencia a saúde, criando medidas de prevenção e protecção do ser humano.
Tema D - Impactes da acção humana nos processos
geológicos:
Tal como a mineração contribui para a
modificação do ambiente geológico com impactos sobre a saúde, outras
actividades humanas mostram que o homem actua como agente geológico,
alterando o ambiente.
Os processos geológicos naturais internos
são originados pela dinâmica interna da Terra associados a altas
temperaturas, e os externos são originados por agentes da dinâmica
externa da Terra – vento, chuva, rios, ondas…
– Exemplos e consequências:
a) dos processos geológicos naturais internos:
-Movimentos e subducção das placas litosféricas
> formação de relevos e
deformação de rochas; sismicidade.
- Fusão de rochas, movimento e consolidação
de magma > vulcanismo.
-
Metamorfismo > Formação e transformação de minerais e de
rochas.
b) dos processos geológicos
naturais externos:
-
Meteorização e erosão das rochas > Alteração e destruição de relevos.
-
Transporte e deposição de sedimentos> Formação de solos.
-
Colapso e subsidência (afundamento) da crosta > Alteração de
minerais e de rochas. Formação de
minerais e de rochas.
A sismicidade
induzida pela exploração do subsolo ou por grandes explosões
é exemplo de como a acção humana pode interferir num fenómeno natural da
geologia interna. Mas são os processos geológicos externos que sofrem
maiores impactos da acção humana.
Exemplos da intervenção humana no relevo:
- Remoção de uma colina;
aplanamento de uma elevação; alargamento de um vale; derrube
de uma arriba; criação de áreas emersas, onde antes havia mar (criação
de ilhas artificiais (Ex. Dubai).
- Construção de barragens e albufeiras, exemplo de como a acção humana sobre a
litosfera (geosfera) acaba por interferir nos subsistemas terrestres.
Benefícios: Produção de energia renovável;
reserva de água para períodos de seca.
Inconvenientes: Alteração do regime
natural de erosão e deposição de sedimentos (retidos na albufeira). O menor
transporte e deposição de sedimentos nas áreas costeiras, devido a essa
retenção nas albufeiras, intensifica a erosão do litoral. Aumento de
risco de sismos, devido ao peso da água sobre as rochas. A destruição da
cobertura vegetal intensifica a erosão do solo, com deslizamento de terras em
zonas de declive, a própria fauna (peixes, aves…) e a flora sofrem destruição ou
alteração.
- A maior parte das causas da erosão costeira
resulta da acção humana, embora algumas sejam naturais: Extracção de
sedimentos para a construção civil. As barragens constituem barreiras ao
transporte de sedimentos; aumento de escorrências devido às regas. Os esporões
protegem da erosão nuns locais e agravam-na noutros.
Nota: Nos últimos 75 anos a elevação média do nível
do mar foi de cerca de 1,7 mm/ano. A manutenção dos portos e da navigabilidade
dos rios exige a dragagem de sedimentos.
E- Crescimento
populacional e desenvolvimento sustentável.
População
mundial actual: 7,2 mil milhões de pessoas. Previsão para 2050: 9,6
mil milhões. O crescimento populacional é maior nos países em
desenvolvimento.
-
Consequências: esgotamento dos recursos; produção de resíduos difíceis
de eliminar; aumento da poluição e alteração irreversível da superfície da
Terra.
- Criação de modelos de desenvolvimento sustentável:
- Aperfeiçoamento de métodos de exploração geológica,
com novas tecnologias e instrumentos mais eficientes; desenvolvimento de
formas de despoluição de solos e águas; estudo de métodos para diminuir
as consequências dos riscos geológicos (sismos, erupções vulcânicas,
derrocadas, inundações); planeamento das intervenções do ser humano nas
obras de engenharia, para reduzir o impacto dos processos geológicos; sensibilização
das populações para a necessidade de reduzir consumos, reutilizar materiais,
reciclar.
F- Conservação da geodiversidade
A constante destruição da geodiversidade levou
à criação da GEOCONSERVAÇÃO – área das geologia que estuda , protege e
divulga o património geológico da Terra:
- Criação de Geossítios – locais (com
valor científico, educativo e turístico), com características e vestígios de
eras passadas, que assim serão preservados. Em Portugal existem mais de 300 geossítios,
no Continente e ilhas:
Exemplos de geossítios citados no livro:
- Vale de Meios (Santarém): com a maior
jazida de pegadas de terópodes da Península Ibérica (terópodas
ou terópodes são um grupo de dinossauros
bípedes, carnívoros
e omnívoros,
pertencentes à ordem Saurischia.
As aves descendem
do grupo Theropoda).
- Praia do Telheiro (Vila do Bispo): com uma discordância que
separa rochas muito antigas e dobradas de depósitos mais recentes sedimentares
e horizontais.
- Foz da Ribeira do Faial (Madeira):
espectacular disjunção prismática, numa espessa escoada basáltica.
- Península de Peniche: rara e
valiosa, pela sequência de estratos do Jurássico, muito completa e rica em
informação sobre este período da história da Terra.
- Criação
de geoparques
Em Portugal existem ainda geoparques,
territórios com limites bem definidos que incluem um notável património geológico,
caso do Geoparque dos Açores, com 56 geossítios, ou do Geoparque de Arouca, com 41 geossítios. «Neste, encontram-se fósseis de
trilobites, bivalves, gastrópodes, cefalópodes, braquiópodes, crinoides,
ostracodes, graptólitos, icnofósseis e muitos outros grupos. Encontram-se aqui
os maiores exemplares do mundo de muitas espécies de trilobites.»
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