Foi
um seu colega, compositor de música, que lhe pediu os versos, de preferência em
inglês, para o seu violão. E a Paula logo os compôs, mais familiar do francês. Dantes,
quando era permitido os professores sentarem-se durante as vigilâncias, também
eu conseguia escrever, sobretudo se os testes eram de matemática, do 2º ou 5º
anos naqueles tempos, do 6º ou 9º, nos anos mais próximos, palavras cruzadas
para me ajudar a passar o tempo discretamente, nesse vácuo da longa espera, de
vez em quando olhando em volta, dum modo geral confiando na lisura estudantil.
Agora não é permitido sentar-se, nem sequer sussurrar com o colega, quais postes
de olhar atento às sinuosidades malandras que as tecnologias fizeram
multiplicar.
Julgo
que o mesmo sentimento de “seca” motivou o escrito da Paula, para o colega musicar:
observar – ou “fingir” - de pé, os pensamentos tantas vezes dispersos na vida
própria, os alunos “de joelhos”, na ânsia subentendida do êxito, nessa etapa da
vida simbolizada pela caneta traçando o destino de cada um.
Eis
o poema da Paula:
Les Examens
Salut, la danse
des surveillances!
Oh! Enfin le silence
de l’existence.
Pouvoir regarder.
Observer (ou feindre) debout…
tout autour de nous:
la salle pleine de gens,
se concentrant
à genoux.
Et c’est là qu’on pense
aussi,
à soi-même,
à sa vie pleine,
De plaisirs,
De souffrances, au jour
le jour…
Et des images passent
dans nos yeux qui se
ferment
pour mieux voir
ces tableaux de jeunes
écrivant à peine
la marque de leur présence
vers l’avenir.
La persistance
C’est leur chance
à ouvrir.
Les chemins se tracent
à partir de feuilles
écrites
à stylo noir ou bleu
d’encre durable :
le seul geste ferme et
net
de leur existence
presque parfaite.
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