Dois
textos chegados ontem por email:
1º Texto:
por
smartandhappykids, em 27.06.14
A língua mais falada do hemisfério sul e a quarta mais
falada em todo o mundo completa hoje oito séculos.
Para o deputado português José Ribeiro e Castro estas
são razões mais do que suficientes para comemorar. “Queremos saudar uma das
mais importantes línguas internacionais e contemporâneas em tempo de
globalização. A língua portuguesa é ela própria uma ferramenta da
globalização”, sublinha o deputado, que promoveu, em conjunto com o editor João
Pinto, o 'Manifesto 2014 - 800 anos da língua portuguesa' - subscrito por mais
de 50 personalidades da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa
(CPLP).
O texto do manifesto é proclamado hoje junto ao Padrão
dos Descobrimentos, onde 800 crianças irão lançar 800 balões com desenhos de
artistas plásticos dos oito países da CPLP. Embaixadores e representantes
oficiais destes países juntam-se ao evento, que terá momentos de dança e
declamação de poesia. À noite, no Martim Moniz, serão lançados outros 244
balões luminosos, símbolo dos 244 milhões de falantes de português em todo o
mundo.
Macau também vai celebrar: hoje de manhã, serão
lançados balões a partir da Escola Portuguesa.
Testamento de
D. Afonso II, de 27 de Junho de 1214 (Dois excertos)
1º -Em o
nome de Deus.
Eu, rei Dom Afonso, pela graça de Deus, rei de
Portugal, sendo são e salvo, temente o dia de minha morte, a saúde de minha
alma e a prol de minha mulher, rainha Dona Urraca, e de meus
filhos, e de meus vassalos e de todo meu reino, fiz minha manda, por que
depois minha morte, minha mulher, e meus filhos, e meu reino, e meus vassalos
e todas aquelas cousas que Deus me deu em poder estejam em paz e em folgança.
Primeiramente, mando que meu filho, infante Dom Sancho, que hei da rainha Dona
Urraca, haja meu reino inteiramente e em paz.
|
2º - E manda seja cumprida; das quais
tem uma o Arcebispo de Braga, a outra o Arcebispo de Santiago, a
terceira o Arcebispo de Toledo, a quarta o Bispo do Porto, a quinta o de Lisboa,
a sexta o de Coimbra, a sétima o de Évora, a oitava o de Viseu,
a nona o mestre do Templo, a décima o prior do Hospital, a undécima o prior de Santa Cruz, a duodécima o abade de Alcobaça, a terça-décima faço eu
guardar em minha reposte.
E foram feitas em Coimbra,
quatro dias por
andar de junho, Era MCCLII.
Testamento real é o marco histórico
O Presidente da República de Cabo Verde, Jorge Carlos
Fonseca, o Presidente da República e o primeiro-ministro de Timor-Leste, Taur
Matan Ruak e Xanana Gusmão, o embaixador Hélder Lucas, chefe da Missão de
Angola junto da CPLP, o embaixador de Moçambique em Portugal e
secretário-executivo da CPLP, Murade Murargy, e o presidente do Instituto
Internacional de Macau, Jorge Rangel, são algumas das personalidades que
subscreveram este manifesto. O documento é assinado também por escritores
- como Pepetela, José Eduardo Agualusa e António Lobo Antunes -, linguistas,
jornalistas e personalidades da cultura.
Mas porquê 27 de Junho? É que há precisamente 800
anos, no dia 27 de Junho de 1214, era assinado em Coimbra o Testamento do rei
D. Afonso II - considerado o mais antigo documento oficial escrito em
português.
O objectivo inicial dos promotores da iniciativa, era
celebrar este marco a partir do Brasil, epicentro do Campeonato do Mundo de
Futebol. “Gostaríamos que houvesse uma grande festa no país onde se realiza a
copa do mundo e se fala português”, explica Ribeiro e Castro. Mas, lamenta o
deputado do CDS, “não foram reunidas condições para isso”, em parte devido ao
“contexto politicamente problemático do mundial”.
2º Texto:
Date:
Wed, 29 Jun 2016 18:47:29 +0100
ANÓNIMO
De vez em quando - e pena é que seja só de vez em quando -
aparecem-nos textos que, depois de lidos, apetece relê-los
Só não se
percebe é porque o autor não dá a cara, tanto mais que
qualquer de nós é certo que não desdenharia de o ter escrito.
PORTUGAL: QUE FUTURO ?
Trinta e cinco anos de vida.
Filho de gente humilde. Filho da aldeia. Filho do trabalho.
Desde criança fui pastor, matei cordeiros, porcos e vacas,
montei móveis, entreguei roupas, fui vendedor ambulante, servi à mesa e ao
balcão. Limpei chãos, comi com as mãos, bebi do chão e nunca tive vergonha. Na
aldeia é assim, somos o que somos porque somos assim. Cresci numa aldeia que
pouco mais tinha que gente, trabalho e gente trabalhadora. Cresci rodeado de aldeias sem saneamento básico, sem água,
sem luz, sem estradas e com uma oferta de trabalho árduo e feroz. Cresci numa aldeia com valores, com gente que se olha nos
olhos, com gente solidária, com amigos de todos os níveis, com família ali ao
lado.
Cresci com amigos que estudaram e com
outros que trabalharam. Os
que estudaram, muitos à custa de apoios do Governo, agora estão desempregados e
a queixarem-se de tudo. Os que sempre trabalharam lá continuam a sua caminhada,
a produzir para o País e a pouco se fazerem ouvir, apesar de terem contribuído
para o apoio dos que estudaram e a nada receberem por produzir. Cresci a ouvir dizer que éramos um País em Vias de
Desenvolvimento e ... de repente éramos já um País Desenvolvido, que depois de
entrarmos para a União Europeia o dinheiro tinha chegado a "rodos" e
que passamos de pobretanas a ricos "fartazanas". Cresci assim, sem nada e com tudo. E agora, o que temos nós?
1. Um país com duas imagens.
A
de Lisboa:
cidade grandiosa, moderna, com tudo e mais alguma coisa, o lugar onde tudo se
decide e onde tudo se divide, cidade com passado, presente e futuro.
E a
do interior do país,
território desertificado, envelhecido, abandonado, improdutivo, esquecido,
pisado.
1. Um país de vícios.
Esqueceram-se os valores,
sobrepuseram-se os doutores.
Não
interessa a tua história, interessa o lugar que ocupas.
Não
interessa o que defendes, interessa o que prometes.
Não
interessa como chegaste lá, mas sim o que representas lá.
Não interessa o quanto produziste, interessa
o que conseguiste.
Não interessa o meio para atingir o fim,
interessa o que me podes dar a mim.
Não interessa o meu empenho, interessa o
que obtenho.
Não
interessa que critiquem os políticos, interessa é estar lá.
Não interessa saber que as associações de
estudantes das universidades são o primeiro passo para a corrupção activa e
passiva que prolifera em todos os sectores políticos, interessa é que o meu
filho esteja lá.
Não interessa saber que as autarquias tenham gente a mais, interessa é que eu
pertença aos quadros.
Não interessa ter políticos que
passem primeiro pelo mundo do trabalho, interessa é que o povo vá para o diabo.
1. Um país sem justiça.
Pedófilos
que são condenados e dão aulas passados uns dias.
Pedófilos
que por serem políticos são pegados em ombros, e juízes que são enviados para
as catacumbas do inferno.
Assassinos
que matam por trás e que são libertados passados sete anos por bom
comportamento!
Criminosos
financeiros que sempre escapam por motivos que nem ao diabo lembram.
Políticos
que passam a vida a enriquecer e que jamais têm problemas ou alguém questiona
tais fortunas.
Políticos
que desgovernam um país e que, entre outros, "emigram"
para Bruxelas e Paris, a par dos que se mantém ainda
ativos.
Bancos que assaltam um país e que o povo ainda ajuda a salvar.
Um
povo que vê tudo isto e entra no sistema, pedindo favores a toda a hora e
alimentando a máquina que tanto critica e chora.
1. Um país sem educação.
Quem
semeia ventos colhe tempestades.
Numa
época em que a sociedade global apresenta níveis de exigência altamente
sofisticados, em Portugal a educação passou a ser um circo.
Não
se podem reprovar meninos mimados.
Não
se pode chumbar os malcriados.
Os
alunos podem bater e os professores nem a voz podem levantar.
Entrar
na universidade passou a ser obrigatório por causa das estatísticas.
Os
professores saem com os alunos e alunas e os alunos mandam nos professores.
Ser
doutor, afinal, é coisa banal.
1. Um país que abandonou a
produção endógena.
Um
país rico em solo, em clima e em tradições agrícolas que abandonou a sua
história.
Agora
o que conta é ter serviços sofisticados, como se o afamado portátil fosse a
salvação do país.
Um
país que julga que uma mega fábrica de automóveis dura para sempre.
Um
país que pensa que turismo no Algarve é que dá dinheiro para todos.
Um
país que abandonou a pecuária, a pesca e a agricultura.
Que
pisa quem ainda teima em produzir e destaca quem apenas usa gravata.
Um
país que proibiu a produção de Queijo da Serra artesanal na década de 90 e que
agora dá prémios ao melhor queijo regional.
Um país que diz ser o do Pastel de Belém, mas que esquece que tem cabrito de
excelência, carne mirandesa maravilhosa, Vinho do Porto fabuloso, Ginjinha
deliciosa, Pastel de Tentúgal tentador, Bolo Rei português, Vinho da Madeira,
Vinho Verde, lacticínios dos Açores e Azeite de Portugal para vender…
E
tanto, tanto mais... que sai da terra e da nossa história.
1. Um país sem gente e a perder a
alma lusa.
· Um
país que investiu forte na formação de um povo, em engenharias florestais, zoo
técnicas, ambientais, mecânicas, civis, em arquitectos, em advogados, em
médicos, em gestores, economistas e marketeers, em cursos profissionais, em
novas tecnologias e em tudo o mais, e que agora fecha as portas e diz para os
jovens emigrarem.
Um país que está
desertificado e sem gente jovem, mas com tanta gente velha e sábia que não tem
a quem passar tamanha sabedoria.
Um
país com jovens empreendedores que desejam ficar, mas são obrigados a partir.
Um
país com tanto para dar, mas com o barco da partida a abarrotar
Um país sem alma, sem motivação e
sem alegria.
Um
país gerido por porcaria.
E agora, vale a pena acreditar? Vale.
Se formos capazes de participar, congregar novos ideais sociais e de mudar.
Porquê acreditar? Porque oitocentos anos de história, construída a pulso, não
se destroem em tempo algum . Porque o solo continua fértil, o mar continua
nosso, o sol continua a brilhar e a nossa alma, ai a nossa alma, essa continua
pura e lusitana e cada vez mais fácil de amar.»
Mas como recuperar orgulhos rácicos,
com um Acordo Ortográfico comprovativo do nosso afundamento maior?
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