Mais
um parecer sobre a questão da celeuma da nossa mediania – a dos colégios privados
com subsídio - que nem sequer dourada é e que se pode traduzir também por
mediocridade – aurea mediocritas, que tanto aliciou os nossos clássicos,
para, embrenhados em leituras libertadoras, sentirem a felicidade de amar a
vida simples, e até a campesina desde que na familiaridade dos antigos
pensadores e escritores. Agora, o pensamento da nossa mediania, ou
mediocridade, como se lhe quiser chamar, centra-se apenas nos bens materiais
para os que aparentemente nunca os tiveram, merecendo tal aberração a nossa
comiseração e sempre o ódio contra os habituais hóspedes da materialidade bem
fornida, segundo o nosso pensamento perturbado pela invejazinha contra os
sortudos do bem-estar, muitas vezes
resultante, é certo, do trabalho e do estudo, vontade que a nós faltou, mais
do que a tal oportunidade merecedora da comiseração e do subsídio. Quanto à
questão dos colégios privados repentinamente destituídos da ajuda estatal, é
só mais uma questão da nossa lana caprina, irrelevante, dado que a lana
é mais coisa das ovelhas, pelo menos a verdadeiramente fofa.
Chegou
por email, o texto que segue,
inspirador do comentário que precede:
Colégios
Privados / Ensino Público, e sobretudo
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Este argumentário é um completo sofisma - e estigmatizar quem os
frequenta, é uma técnica totalitária muito em voga;
Primeiro: o Estado precisou e precisa dos colégios - logo,
vilipendiar o serviço que eles prestam, é uma hipocrisia;
Segundo: o dinheiro que é pago aos colégios em contrato é em
montante justo, ou é uma exploração? Se é justo, qual é o prejuízo? E,
se é o Estado que se deixa explorar, temos apenas de culpar os seus
agentes...
Terceiro: o que compete ao Estado é dar condições a todos para
aceder ao ensino - isso é que é 'serviço público' que se distingue de
'serviço estatal'- , e não é criar um monopólio, pois um monopólio é mau por
definição;
Quarto: se aos colégios (sem contrato) só chegam os mais
abonados, é porque o Estado sonega esse direito aos outros - o dinheiro a
despender no ensino não é do Estado, mas sim um recurso que deve ser dado aos
Pais - os que pagam impostos e, também, os que não pagam por terem baixo
rendimento e que o Estado mantém como dependentes da sua 'benemerência' - em
vez de lhes reconhecer o direito à escolha;
Quinto: viva a autonomia, portanto, e institua-se o
cheque-ensino...
Finalmente: fiz todo o Liceu numa boa escola que era o velho
Liceu D. João III, pelo que não deprecio a escola pública - antes
aprecio a liberdade de cada um, e dispenso a tutela do Estado.
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