“A virtude do sabedor é não considerar que sabe mais que os outros. È um preceito de humildade indispensável a um verdadeiro democrata.”
Disse-o a Manuela Ferreira Leite, no debate de ontem na Sic, orientado por Clara de Sousa.
Acho que já lho dissera uma vez, não sei se no Parlamento, segundo foi explicado, e eu recordei os meus tempos de estágio pedagógico, em 77, em que era aconselhada aos estagiários uma postura de humildade e discrição no desempenho docente. Recordo até, entre as várias aulas assistidas pelos colegas e formadores, uma que dei sobre Camões, no fim da qual fui efusivamente cumprimentada pelos colegas, tal o encantamento vivido durante os cinquenta minutos, pelos professores e os alunos, e por mim que a transmiti com tanto entusiasmo e amor pelo poeta cujo lirismo se estudava. Mas, no dia seguinte, os colegas passaram a evitar-me. Soube que a minha aula foi criticada pelas duas orientadoras de estágio, como tendo um ritmo alucinante. Adeus, plano de trabalho, adeus profissionalismo que me levava a empenhar-me numa formação dos alunos centrada no rigor, no objectivo de neles criar competências e responsabilidades. Não fora humilde mas ambiciosa, a minha aula, paguei por ela. E por outras, condenadas por argumentações semelhantes.
Revivi ontem esses momentos de uma estupefacção e dor jamais diminuídas, ao ouvir a frase de um homem que, obtido o seu curso, ao que dizem, sem o rigor da sua opositora, que, esta, sim, tem um curriculum brilhante, como estudante, professora, escritora, política – a primeira mulher presidente de um partido político, leio na Internet – tenta rebaixar a rival, que ousara socorrer-se dos seus pergaminhos como garantia da sua honestidade intelectual e moral, da sua credibilidade.
Hipocritamente, Sócrates, que não pode garantir igual percurso de probidade intelectual, lembra os argumentos da humildade democrática, bem falaciosa, pois ninguém mais do que ele tem revelado os ditames de uma arrogância surda a quaisquer objecções, a quaisquer avisos de sensatez.
E o país escuta-o, e dá-lhe força para prosseguir, aliciado pela obra que ele diz que fez, e cujo proveito não pode apagar a outra obra de iniquidade a que condenou um país inteiro – ressalvados os aproveitadores do costume: a ligeireza com que destruiu a ortografia portuguesa, indiferente a todos os avisos dos doutos que atacaram o seu vil Acordo Ortográfico; a infâmia com que atropelou e desrespeitou a classe dos professores, ao que se diz, para ajudar a refazer o erário público de que tanto se gaba; e todas as outras classes a que foi retirando direitos, numa pseudo-democracia que todos dizem asfixiante, só o não sendo para os prevaricadores, impávidos nos seus desmandos, porque instalados num clima de corrupção sem contenção; um ensino cada vez mais indisciplinado e estreito, nos parâmetros de avaliação que, sobrecarregando todos com exigências fúteis, lhes retira os hábitos de trabalho, interesse e rigor intelectual, afora os tais cursos fraudulentos, de concessão de diplomas fora do âmbito escolar, visando falsas estatísticas de sucesso “para inglês ver”.
O país escuta-o, a começar pelas que se identificam, creio que falsamente, de “donas de casa”, que o defendem com unhas e dentes e argumentos alheios às nossas comuns donas de casa, nos comentários da “opinião pública”, que até parece que lhes foi encomendado o discurso, de impropérios também contra a rival, como se viu no “Opinião Pública” a seguir ao debate. E a acabar nos comentários jocosos e atropelados em cruzanentos de interrupção frequente – como se estivessem num café público - dos que se julgam bons comentaristas políticos e que atiram pedras a Ferreira Leite, como figura inerte, desdenhando dos valores de que ela se arroga, no seu patriotismo preocupado com a destruição da Pátria, perpetrada por um pobre “vendedor de banha de cobra”, que, a ser governo – e acredito que sim – continuará nessa saga de destruição, que macula o nome sagrado da família, pela concessão dos casamentos entre homossexuais, segundo promessa feita, igualmente defendida pelos intelectuais do nosso progressismo de trazer por casa. Como Louçã, outros ainda refractários, na tacanhez tímida dos seus sentimentos tradicionais.
Não será esse, tenho a certeza, o comportamento de Manuela Ferreira Leite, caso venha ela a ser ministra, no que eu não acredito. Porque à sociedade, cada vez mais definhada, por conta desses desmandos e degradação de que a obra socrática é tão responsável, embora não seja a única nisso – a coisa vem de bem longe - convém, talvez, o definhamento, a nulidade, exceptuando os que ainda vão lançando, com a coragem da sua probidade, algum esclarecimento e precisão, com que aquecem os corações dos revoltados.
Disse-o a Manuela Ferreira Leite, no debate de ontem na Sic, orientado por Clara de Sousa.
Acho que já lho dissera uma vez, não sei se no Parlamento, segundo foi explicado, e eu recordei os meus tempos de estágio pedagógico, em 77, em que era aconselhada aos estagiários uma postura de humildade e discrição no desempenho docente. Recordo até, entre as várias aulas assistidas pelos colegas e formadores, uma que dei sobre Camões, no fim da qual fui efusivamente cumprimentada pelos colegas, tal o encantamento vivido durante os cinquenta minutos, pelos professores e os alunos, e por mim que a transmiti com tanto entusiasmo e amor pelo poeta cujo lirismo se estudava. Mas, no dia seguinte, os colegas passaram a evitar-me. Soube que a minha aula foi criticada pelas duas orientadoras de estágio, como tendo um ritmo alucinante. Adeus, plano de trabalho, adeus profissionalismo que me levava a empenhar-me numa formação dos alunos centrada no rigor, no objectivo de neles criar competências e responsabilidades. Não fora humilde mas ambiciosa, a minha aula, paguei por ela. E por outras, condenadas por argumentações semelhantes.
Revivi ontem esses momentos de uma estupefacção e dor jamais diminuídas, ao ouvir a frase de um homem que, obtido o seu curso, ao que dizem, sem o rigor da sua opositora, que, esta, sim, tem um curriculum brilhante, como estudante, professora, escritora, política – a primeira mulher presidente de um partido político, leio na Internet – tenta rebaixar a rival, que ousara socorrer-se dos seus pergaminhos como garantia da sua honestidade intelectual e moral, da sua credibilidade.
Hipocritamente, Sócrates, que não pode garantir igual percurso de probidade intelectual, lembra os argumentos da humildade democrática, bem falaciosa, pois ninguém mais do que ele tem revelado os ditames de uma arrogância surda a quaisquer objecções, a quaisquer avisos de sensatez.
E o país escuta-o, e dá-lhe força para prosseguir, aliciado pela obra que ele diz que fez, e cujo proveito não pode apagar a outra obra de iniquidade a que condenou um país inteiro – ressalvados os aproveitadores do costume: a ligeireza com que destruiu a ortografia portuguesa, indiferente a todos os avisos dos doutos que atacaram o seu vil Acordo Ortográfico; a infâmia com que atropelou e desrespeitou a classe dos professores, ao que se diz, para ajudar a refazer o erário público de que tanto se gaba; e todas as outras classes a que foi retirando direitos, numa pseudo-democracia que todos dizem asfixiante, só o não sendo para os prevaricadores, impávidos nos seus desmandos, porque instalados num clima de corrupção sem contenção; um ensino cada vez mais indisciplinado e estreito, nos parâmetros de avaliação que, sobrecarregando todos com exigências fúteis, lhes retira os hábitos de trabalho, interesse e rigor intelectual, afora os tais cursos fraudulentos, de concessão de diplomas fora do âmbito escolar, visando falsas estatísticas de sucesso “para inglês ver”.
O país escuta-o, a começar pelas que se identificam, creio que falsamente, de “donas de casa”, que o defendem com unhas e dentes e argumentos alheios às nossas comuns donas de casa, nos comentários da “opinião pública”, que até parece que lhes foi encomendado o discurso, de impropérios também contra a rival, como se viu no “Opinião Pública” a seguir ao debate. E a acabar nos comentários jocosos e atropelados em cruzanentos de interrupção frequente – como se estivessem num café público - dos que se julgam bons comentaristas políticos e que atiram pedras a Ferreira Leite, como figura inerte, desdenhando dos valores de que ela se arroga, no seu patriotismo preocupado com a destruição da Pátria, perpetrada por um pobre “vendedor de banha de cobra”, que, a ser governo – e acredito que sim – continuará nessa saga de destruição, que macula o nome sagrado da família, pela concessão dos casamentos entre homossexuais, segundo promessa feita, igualmente defendida pelos intelectuais do nosso progressismo de trazer por casa. Como Louçã, outros ainda refractários, na tacanhez tímida dos seus sentimentos tradicionais.
Não será esse, tenho a certeza, o comportamento de Manuela Ferreira Leite, caso venha ela a ser ministra, no que eu não acredito. Porque à sociedade, cada vez mais definhada, por conta desses desmandos e degradação de que a obra socrática é tão responsável, embora não seja a única nisso – a coisa vem de bem longe - convém, talvez, o definhamento, a nulidade, exceptuando os que ainda vão lançando, com a coragem da sua probidade, algum esclarecimento e precisão, com que aquecem os corações dos revoltados.
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