Hoje a minha amiga não quis falar do debate de ontem, já enfastiada com a verborreia que eles, os políticos, de resto, são forçados a debitar, para nos revelarem as suas almas e os seus trabalhos para o comum benefício de todos nós.
Tratou-se do frente-a-frente Sócrates-Louçã, na RTP pontuado por Judite de Sousa, a que eu também não prestei a atenção devida, por já conhecer em parte as doutrinas já expendidas em debates anteriores.
Mas chegou para ver que Sócrates foi o maior, ele, aliás, deu a entender que o seria, com a perfídia acobertando uma falsa doçura, quando, logo de início, embora não quisesse manifestar qualquer desconsideração pelos grupos menos vastos, expôs que as escolhas eram entre PS e PSD, ou seja, entre ele, Sócrates, e Manuela Ferreira Leite. E isto arrumou Francisco Louçã, que não mostrou a mesma garra, no debate, que noutras alturas de maior conflitualidade.
Mas eu não apreciei a atitude arrogante do Engenheiro, senti bem a humilhação de Louçã, que, todavia, se vingou, referindo o seu terceiro lugar nas forças políticas e apontando a quase paridade de Manuel Alegre com o PS, nos votos da nação.
É claro que Sócrates, satisfeito com o “fim da recessão”, com o saldo já positivo da balança – 0,39% - aproveitou para atacar o azedume dos que não admitem esse valor, que atribui à boa política do seu governo e condenar o BE que em vez de o apoiar, como força de ideologias semelhantes, o ataca e destabiliza. E este queixume demonstrou que afinal apelava ao voto útil, que inicialmente pareceu desdenhar.
Falou-se de economia, de nacionalizações, do programa do BE, de que Sócrates leu partes, sem atender a protestos nem justificações. Como já Louçã fizera, quando confrontou Ferreira Leite.
Houve tabus importantes. Eles falaram na pobreza, mas do caso “professores” não ouvi. Não, pelo menos, com a frontalidade requerida. Nem sobre a falta de pudor no desrespeito pelos seres humanos que aqui vivem e os seus direitos. Pouco ou nada sobre fraudes e corrupção.
Daí, eu ter-me voltado para La Fontaine, a quem fui buscar uma fábula de apoio, de que vou atamancar uma tradução, como meio de diversão e um pedido de perdão por qualquer incorrecção: Trata-se da fábula “Les Médecins” (Tant-pis e Tant- mieux):
“O médico Tanto-pior ia ver um doente
Que o compadre Tanto-melhor visitava igualmente.
Este último acreditava na cura
Embora o companheiro
Sustentasse que o moribundo
Iria em breve encontrar
Os parentes no Profundo.
O doente pagou o seu tributo
À Mãe-Natura,
Isto é, faleceu,
Depois que os remédios de Tanto-pior absorveu.
Uma vez mais ambos foram triunfar
Sobre a doença mal gerida.
Dizia um: “Morreu, como eu previra”.
E logo o outro: “Se ele, o meu conselho seguira,
Ainda agora estaria cheio de vida”
É uma fábula de fácil aplicação ao nosso caso de falência previsível. Temos “médicos” bastantes, todos com as suas competências e os seus saberes, mas especialmente confinados a dois, cada um podendo incorporar os da sua especialidade. E cada um dos titulares podendo sempre atribuir culpas ao outro, em caso do desastre da receita daquele, mostrando, simultaneamente, que a sua é que era a boa:
«L’un disait: “Il est mort, je l’avais bien prévu. »
- « S’il m’eût cru, disait l’autre, il serait plein de vie »
Tratou-se do frente-a-frente Sócrates-Louçã, na RTP pontuado por Judite de Sousa, a que eu também não prestei a atenção devida, por já conhecer em parte as doutrinas já expendidas em debates anteriores.
Mas chegou para ver que Sócrates foi o maior, ele, aliás, deu a entender que o seria, com a perfídia acobertando uma falsa doçura, quando, logo de início, embora não quisesse manifestar qualquer desconsideração pelos grupos menos vastos, expôs que as escolhas eram entre PS e PSD, ou seja, entre ele, Sócrates, e Manuela Ferreira Leite. E isto arrumou Francisco Louçã, que não mostrou a mesma garra, no debate, que noutras alturas de maior conflitualidade.
Mas eu não apreciei a atitude arrogante do Engenheiro, senti bem a humilhação de Louçã, que, todavia, se vingou, referindo o seu terceiro lugar nas forças políticas e apontando a quase paridade de Manuel Alegre com o PS, nos votos da nação.
É claro que Sócrates, satisfeito com o “fim da recessão”, com o saldo já positivo da balança – 0,39% - aproveitou para atacar o azedume dos que não admitem esse valor, que atribui à boa política do seu governo e condenar o BE que em vez de o apoiar, como força de ideologias semelhantes, o ataca e destabiliza. E este queixume demonstrou que afinal apelava ao voto útil, que inicialmente pareceu desdenhar.
Falou-se de economia, de nacionalizações, do programa do BE, de que Sócrates leu partes, sem atender a protestos nem justificações. Como já Louçã fizera, quando confrontou Ferreira Leite.
Houve tabus importantes. Eles falaram na pobreza, mas do caso “professores” não ouvi. Não, pelo menos, com a frontalidade requerida. Nem sobre a falta de pudor no desrespeito pelos seres humanos que aqui vivem e os seus direitos. Pouco ou nada sobre fraudes e corrupção.
Daí, eu ter-me voltado para La Fontaine, a quem fui buscar uma fábula de apoio, de que vou atamancar uma tradução, como meio de diversão e um pedido de perdão por qualquer incorrecção: Trata-se da fábula “Les Médecins” (Tant-pis e Tant- mieux):
“O médico Tanto-pior ia ver um doente
Que o compadre Tanto-melhor visitava igualmente.
Este último acreditava na cura
Embora o companheiro
Sustentasse que o moribundo
Iria em breve encontrar
Os parentes no Profundo.
O doente pagou o seu tributo
À Mãe-Natura,
Isto é, faleceu,
Depois que os remédios de Tanto-pior absorveu.
Uma vez mais ambos foram triunfar
Sobre a doença mal gerida.
Dizia um: “Morreu, como eu previra”.
E logo o outro: “Se ele, o meu conselho seguira,
Ainda agora estaria cheio de vida”
É uma fábula de fácil aplicação ao nosso caso de falência previsível. Temos “médicos” bastantes, todos com as suas competências e os seus saberes, mas especialmente confinados a dois, cada um podendo incorporar os da sua especialidade. E cada um dos titulares podendo sempre atribuir culpas ao outro, em caso do desastre da receita daquele, mostrando, simultaneamente, que a sua é que era a boa:
«L’un disait: “Il est mort, je l’avais bien prévu. »
- « S’il m’eût cru, disait l’autre, il serait plein de vie »
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