- Eu só acho que o Portas tudo o que apresenta como importante para ele é também o que a gente queria para nós. Só que, ouvindo-os a todos, achamos que todos os políticos dizem coisas bem ditas.
Isto foi um comentário da minha amiga sobre a actuação dos dois entrevistados por Constança Cunha e Sá na TVI – José Sócrates e Paulo Portas.
Eu redargui, um tanto abespinhada, que não achava que fosse tudo bonito, porque se fartavam de atirar à cara uns dos outros coisas às vezes muito negativas, além de que havia em alguns uma certa falta de fundamentação política, social e até filosófica, limitados aos seus percursos governativos ou aos dos rivais, com dados pontuais, muitas vezes sem correspondência com a realidade nua e crua.
Nisso, parece-me que Portas é mais elástico no pensamento e até na expressão, com frases de boa marca filosofal, quando aponta, no exemplo da degradação do Ensino, às bombásticas referências de sucesso do PM, que “o Ensino mudou de aparência, não mudou de essência”.
Todavia, frase ampla ou não, de sentido filosófico - podemos incluí-la dentro do burilado frásico sedutor a que Paulo Portas nos habituou - eu acho que este se enganou: a mim parece-me que o alcance da mudança no Ensino de Sócrates e de Maria de Lurdes Rodrigues, foi um volte-face total, tanto na sua aparência como na sua essência e que dificilmente haverá possibilidade de recuperação.
Cada vez mais se notará o desprestígio no Ensino, com o tal “facilitismo” nos conteúdos exigíveis, muito conveniente para um povo, na sua maioria, pouco habituado a prezar os valores culturais dentro de um sentido de responsabilização, seriedade e real interesse, ressalvada, é claro, a minoria elitista, que não chega para nos equiparar aos outros povos adultos.
E é pena, porque os nomes dos nossos valores reais – que os temos, bem reais e até bem extraordinários – mereciam um maior zelo e um amor maior da nossa parte. Além de que é necessária toda uma participação de competência nas profissões que viermos a desempenhar, e não nos parece que com tal apatia e desinteresse da maioria dos alunos que educamos, nos faça atingir outros índices de valor e de progresso que os governos deveriam estimular e não desprezar, como se tem visto.
Para Paulo Portas, a avaliação dos professores – e dos alunos me parece que também - funda-se no esforço, no mérito, no trabalho, na assiduidade, e certamente que as escolas têm mecanismos para avaliar tais parâmetros – desde que o Ministério da Educação os proponha como fundamentais.
Mas o Governo pretendeu antes criar conflitos, boicotando as normas do bom senso, duma penada apagando a tal essência da didáctica educativa que só pode gerar a nulidade social.
Quanto aos outros temas focados, o frente-a-frente decorreu com os ataques e contra-ataques do costume, numa certa surdez ministerial a que já nos habituámos no Parlamento, mas nitidamente o Primeiro Ministro chegou a perder as estribeiras na questão penal, em que, atacado por Portas, fez sentir quanto este estava, pouco desportivamente e até demagogicamente, a atacar uma coisa que, tempos antes, votara favoravelmente. E à defesa de Portas, inutilmente repetida, Sócrates repetia, a instâncias, monocordicamente, sem querer ouvir justificações: “Mas votou ou não votou as leis penais”?
Como um comboio descarrilado, cujas rodas rodassem no ar incontidamente, Sócrates pareceu ter perdido, de repente, o controle do discurso, ao frisar, incontidamente, a glória da sua referência: “Votou ou não as leis penais?”
Creio que Portas se defendeu bem.
Isto foi um comentário da minha amiga sobre a actuação dos dois entrevistados por Constança Cunha e Sá na TVI – José Sócrates e Paulo Portas.
Eu redargui, um tanto abespinhada, que não achava que fosse tudo bonito, porque se fartavam de atirar à cara uns dos outros coisas às vezes muito negativas, além de que havia em alguns uma certa falta de fundamentação política, social e até filosófica, limitados aos seus percursos governativos ou aos dos rivais, com dados pontuais, muitas vezes sem correspondência com a realidade nua e crua.
Nisso, parece-me que Portas é mais elástico no pensamento e até na expressão, com frases de boa marca filosofal, quando aponta, no exemplo da degradação do Ensino, às bombásticas referências de sucesso do PM, que “o Ensino mudou de aparência, não mudou de essência”.
Todavia, frase ampla ou não, de sentido filosófico - podemos incluí-la dentro do burilado frásico sedutor a que Paulo Portas nos habituou - eu acho que este se enganou: a mim parece-me que o alcance da mudança no Ensino de Sócrates e de Maria de Lurdes Rodrigues, foi um volte-face total, tanto na sua aparência como na sua essência e que dificilmente haverá possibilidade de recuperação.
Cada vez mais se notará o desprestígio no Ensino, com o tal “facilitismo” nos conteúdos exigíveis, muito conveniente para um povo, na sua maioria, pouco habituado a prezar os valores culturais dentro de um sentido de responsabilização, seriedade e real interesse, ressalvada, é claro, a minoria elitista, que não chega para nos equiparar aos outros povos adultos.
E é pena, porque os nomes dos nossos valores reais – que os temos, bem reais e até bem extraordinários – mereciam um maior zelo e um amor maior da nossa parte. Além de que é necessária toda uma participação de competência nas profissões que viermos a desempenhar, e não nos parece que com tal apatia e desinteresse da maioria dos alunos que educamos, nos faça atingir outros índices de valor e de progresso que os governos deveriam estimular e não desprezar, como se tem visto.
Para Paulo Portas, a avaliação dos professores – e dos alunos me parece que também - funda-se no esforço, no mérito, no trabalho, na assiduidade, e certamente que as escolas têm mecanismos para avaliar tais parâmetros – desde que o Ministério da Educação os proponha como fundamentais.
Mas o Governo pretendeu antes criar conflitos, boicotando as normas do bom senso, duma penada apagando a tal essência da didáctica educativa que só pode gerar a nulidade social.
Quanto aos outros temas focados, o frente-a-frente decorreu com os ataques e contra-ataques do costume, numa certa surdez ministerial a que já nos habituámos no Parlamento, mas nitidamente o Primeiro Ministro chegou a perder as estribeiras na questão penal, em que, atacado por Portas, fez sentir quanto este estava, pouco desportivamente e até demagogicamente, a atacar uma coisa que, tempos antes, votara favoravelmente. E à defesa de Portas, inutilmente repetida, Sócrates repetia, a instâncias, monocordicamente, sem querer ouvir justificações: “Mas votou ou não votou as leis penais”?
Como um comboio descarrilado, cujas rodas rodassem no ar incontidamente, Sócrates pareceu ter perdido, de repente, o controle do discurso, ao frisar, incontidamente, a glória da sua referência: “Votou ou não as leis penais?”
Creio que Portas se defendeu bem.
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