A verdade é que os olhos coruscantes de Francisco Louçã, a sua pose inflamada de dominador tribunício, com mastigação ardente das frases, entoadas com o arreganho da contundência consciente, poderiam fragilizar-lhe o ânimo, denunciando a tal indecisão de que é acusada, por alguns do seu partido, por todos os dos outros que lhe não querem reconhecer o valor, provavelmente por lhes faltar a eles.
Não aconteceu.
Manuela Ferreira Leite não mastiga nem cospe as suas frases. Responde plácida e serena, sempre sóbria nos gestos e nas palavras decisivas, com que rebate as propostas do opositor, com as suas contrapropostas inteligentes, os exageros da linha esquerdista indiciados na sua ironia, na sua sua sensatez, com que aponta o absurdo, irrealista e, acrescento eu, por vezes desonesto, das frases bombásticas de quem sabe que nunca irá aplicar o programa que proclama, porque não irá governar.
Assim foi no primeiro tema, segundo a moderadora da TVI, Constança Cunha e Sá, sobre a nacionalização dos bens públicos, proposta por Louçã, indignado com os ganhos escandalosos das empresas privadas, ao contrário de Ferreira Leite que propõe a diminuição do peso asfixiante do Estado, com o seu agravamento da carga fiscal, causa de aumento do défice e impeditiva de crescimento económico, além de considerar que uma dezena de empresas bem capitalizadas não só proporciona emprego, como correspondem a uma parte ínfima da nossa economia, o peso das trezentas mil pequenas e médias empresas superior a essas, devendo, pois, ser ajudadas para aumento da competitividade e solução do desemprego.
Não deixou de ironizar também sobre o valor das nacionalizações sucedâneas ao 25 de Abril, ao que Louçã redarguiu com a pré-destruição da economia pela fuga dos grandes capitalistas da época, falseando expressamente dados e exigindo, na sua tese das nacionalizações, mais rigor nas contas do Estado, e maior responsabilidade, como meios fundamentais para o desenvolvimento económico. Pareceu-me utópica tal imposição, e a ele também parecerá, dada a nossa reconhecida incapacidade de fabricar expressamente seres virtuosos e rigorosos nas contas, com vista ao bem comum.
Na questão da Segurança Social, Ferreira Leite fala, com seriedade, na manipulação escandalosa dos dados, negando que alguma vez tivesse proposto a privatização daquela, afirmando ser aquela um ponto que requer uma absoluta estabilidade.
Mas Louçã acusa, em violência profusa de voz, que o programa do PSD se propóe despedir 150000 funcionários, e reduzir 10% dos trabalhadores portugueses.
Como um disco rachado, já que Louçã não lhe permite responder, o tempo de emissão precário, Manuela repete, segura: “Não tenho isso no programa”, contra a irredutibilidade daquele. Também acha vago o programa de Ferreira Leite e esta retorque que a solução de Louçã para o desemprego se esgota ao fim de meia dúzia de meses.
E na questão da Saúde, enquanto Ferreira Leite fala na exequibilidade das suas medidas, Louçã contrapõe condenando as parcerias médico-privadas, já seguidas no governo de Sócrates, exaltando o serviço público como mais bem apetrechado, condenando o privado como meio de negócio. Mas Ferreira Leite considera o sector privado como um complemento do público, em caso de tempos de espera dos doentes, ou urgências, comparticipado pelo Estado. O objectivo da parceria será a universalidade democrática da Saúde.
Seguiram-se os temas fracturantes, dos casamentos homossexuais, defendidos por Louçã, dentro dum conceito de respeito pelas liberdades individuais, Ferreira Leite dentro do respeito pelo factor família no sentido da procriação, embora respeitando igualmente as liberdades individuais, em termos de uniões de facto.
A conclusão Ferreira Leite: “Eu defendo o casamento, mas não imponho o casamento;Louçã não defende o casamento mas impõe o casamento” constitui uma.modelar síntese que revela a pessoa corajosa, frontal e honesta, de modo algum figura de conservadorismo tacanho, mas com a força moral para pretender desviar o ritmo das relações humanas, desnecessariamente destrutivo, na proposta progressista, com implicações graves sobre a formação moral dos que nos vão seguir.
Concordaram ambos na defesa da liberdade de expressão e de responsabilidade individual que o caso Manuela Moura Guedes despoletou.
Contrariamente, pois, aos rumores e opiniões negativas sobre a sua competência política, Manuela Ferreira Leite manteve a sua postura de afabilidade superior, sabendo reconhecer desportivamente as competências do adversário, sem receio de se inferiorizar com isso, mas contrapondo os seus pontos de vista, bastas vezes em desacordo com aquele, em argumentos claros, não marcados por astúcias apelativas do voto, mas segundo uma ponderação de equilíbrio e seriedade inspiradores de confiança.
Não aconteceu.
Manuela Ferreira Leite não mastiga nem cospe as suas frases. Responde plácida e serena, sempre sóbria nos gestos e nas palavras decisivas, com que rebate as propostas do opositor, com as suas contrapropostas inteligentes, os exageros da linha esquerdista indiciados na sua ironia, na sua sua sensatez, com que aponta o absurdo, irrealista e, acrescento eu, por vezes desonesto, das frases bombásticas de quem sabe que nunca irá aplicar o programa que proclama, porque não irá governar.
Assim foi no primeiro tema, segundo a moderadora da TVI, Constança Cunha e Sá, sobre a nacionalização dos bens públicos, proposta por Louçã, indignado com os ganhos escandalosos das empresas privadas, ao contrário de Ferreira Leite que propõe a diminuição do peso asfixiante do Estado, com o seu agravamento da carga fiscal, causa de aumento do défice e impeditiva de crescimento económico, além de considerar que uma dezena de empresas bem capitalizadas não só proporciona emprego, como correspondem a uma parte ínfima da nossa economia, o peso das trezentas mil pequenas e médias empresas superior a essas, devendo, pois, ser ajudadas para aumento da competitividade e solução do desemprego.
Não deixou de ironizar também sobre o valor das nacionalizações sucedâneas ao 25 de Abril, ao que Louçã redarguiu com a pré-destruição da economia pela fuga dos grandes capitalistas da época, falseando expressamente dados e exigindo, na sua tese das nacionalizações, mais rigor nas contas do Estado, e maior responsabilidade, como meios fundamentais para o desenvolvimento económico. Pareceu-me utópica tal imposição, e a ele também parecerá, dada a nossa reconhecida incapacidade de fabricar expressamente seres virtuosos e rigorosos nas contas, com vista ao bem comum.
Na questão da Segurança Social, Ferreira Leite fala, com seriedade, na manipulação escandalosa dos dados, negando que alguma vez tivesse proposto a privatização daquela, afirmando ser aquela um ponto que requer uma absoluta estabilidade.
Mas Louçã acusa, em violência profusa de voz, que o programa do PSD se propóe despedir 150000 funcionários, e reduzir 10% dos trabalhadores portugueses.
Como um disco rachado, já que Louçã não lhe permite responder, o tempo de emissão precário, Manuela repete, segura: “Não tenho isso no programa”, contra a irredutibilidade daquele. Também acha vago o programa de Ferreira Leite e esta retorque que a solução de Louçã para o desemprego se esgota ao fim de meia dúzia de meses.
E na questão da Saúde, enquanto Ferreira Leite fala na exequibilidade das suas medidas, Louçã contrapõe condenando as parcerias médico-privadas, já seguidas no governo de Sócrates, exaltando o serviço público como mais bem apetrechado, condenando o privado como meio de negócio. Mas Ferreira Leite considera o sector privado como um complemento do público, em caso de tempos de espera dos doentes, ou urgências, comparticipado pelo Estado. O objectivo da parceria será a universalidade democrática da Saúde.
Seguiram-se os temas fracturantes, dos casamentos homossexuais, defendidos por Louçã, dentro dum conceito de respeito pelas liberdades individuais, Ferreira Leite dentro do respeito pelo factor família no sentido da procriação, embora respeitando igualmente as liberdades individuais, em termos de uniões de facto.
A conclusão Ferreira Leite: “Eu defendo o casamento, mas não imponho o casamento;Louçã não defende o casamento mas impõe o casamento” constitui uma.modelar síntese que revela a pessoa corajosa, frontal e honesta, de modo algum figura de conservadorismo tacanho, mas com a força moral para pretender desviar o ritmo das relações humanas, desnecessariamente destrutivo, na proposta progressista, com implicações graves sobre a formação moral dos que nos vão seguir.
Concordaram ambos na defesa da liberdade de expressão e de responsabilidade individual que o caso Manuela Moura Guedes despoletou.
Contrariamente, pois, aos rumores e opiniões negativas sobre a sua competência política, Manuela Ferreira Leite manteve a sua postura de afabilidade superior, sabendo reconhecer desportivamente as competências do adversário, sem receio de se inferiorizar com isso, mas contrapondo os seus pontos de vista, bastas vezes em desacordo com aquele, em argumentos claros, não marcados por astúcias apelativas do voto, mas segundo uma ponderação de equilíbrio e seriedade inspiradores de confiança.
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