- O Schwarzenegger pediu o estado de calamidade pela segunda vez.
Isto disse a minha amiga em tom profundamente trágico, ao comentar sobre os incêndios na Califórnia. E Schwarzenegger para aqui, Schwarzenegger para ali, eu invejei o à-vontade com que ela se referia ao governador da Califórnia, que parece que já foi actor. Vê-se que a minha amiga tem um trato social que definitivamente nos distancia, ela no seu porte aristocrático, eu na minha timidez bisonha, desde sempre limitada ao trato caseiro, tirando o anterior trato com os alunos e os colegas, marcado este por discrepâncias de maior ou menor solidariedade em ambivalência.
- Uma zona rica aquela área, que arde porque rodeada de muito arvoredo. Apesar de serem muito ricos, perdem ali casaronas enormes. Admira como é que cada dono de cada casarona não limpa a mata, para terem defesas. Até é disparate dizer isto! São dimensões enormes! Só conseguem uma coisa extraordinária: não morre ninguém!
- Nós por cá também temos tido sorte com as mortes. Mas está por aí tudo em alerta vermelho, ontem mostraram o mapa do país. Oxalá cheguem as chuvas, cá como lá e em todo o lado para apagarem os fogos.
A virtude, os bons sentimentos, isso temos em comum. A minha amiga retomou o fio condutor:
- Está a acontecer o mesmo na Austrália, não sei se já melhorou. É o mesmo género: vivem dentro das matas.
- Deve ser por causa do ar puro, longe da poluição.
- É muito arriscado. Eu podia ser podre de rica, não fazia casa no meio do mato.
- Sabe lá o que faria se fosse?
- Sim, uma pessoa muito rica também pode ficar meio maluca. Mas todos os anos se diz a mesma coisa: é preciso limpar matos. Não percebo é como ainda há sítio para incendiar, com tanto chão ardido!
- E já viu que com tanto incêndio, poucos são os responsabilizados nisso! Há dias ouvi a um bombeiro que às vezes os próprios incendiários é que alertam os bombeiros!
- É tudo tão diabólico! A polícia americana também nunca chegou ao monstro que matou prostitutas, nos anos noventa. Até já pediu desculpa!. Agora andam à procura de cadáveres de prostitutas. Nunca descobriram quem era o fulano. Mas supõem agora que é o fulano que sequestrou uma miúda de onze anos, na mesma altura, há dezoito anos Descobriram só agora. Ela tem dois filhos dele, viveu em condições inumanas. Que monstruosidades que o ser humano faz! Coisas mais dramáticas! Que pavor!
- Isto agora também tem a ver com a droga. Mas no passado, quanta crueldade hedionda se praticou! Até em nome do amor.
- E do fanatismo, que é um falso amor!
- É. Hoje é mais chique chamar-se de fundamentalismo. O próprio Hitler foi um fundamentalista racial.
- Mas como ele muitos mais houve. E há.
- Sim, dantes os Dráculas eram condes. Agora, a bestialidade democratizou-se.
Isto disse a minha amiga em tom profundamente trágico, ao comentar sobre os incêndios na Califórnia. E Schwarzenegger para aqui, Schwarzenegger para ali, eu invejei o à-vontade com que ela se referia ao governador da Califórnia, que parece que já foi actor. Vê-se que a minha amiga tem um trato social que definitivamente nos distancia, ela no seu porte aristocrático, eu na minha timidez bisonha, desde sempre limitada ao trato caseiro, tirando o anterior trato com os alunos e os colegas, marcado este por discrepâncias de maior ou menor solidariedade em ambivalência.
- Uma zona rica aquela área, que arde porque rodeada de muito arvoredo. Apesar de serem muito ricos, perdem ali casaronas enormes. Admira como é que cada dono de cada casarona não limpa a mata, para terem defesas. Até é disparate dizer isto! São dimensões enormes! Só conseguem uma coisa extraordinária: não morre ninguém!
- Nós por cá também temos tido sorte com as mortes. Mas está por aí tudo em alerta vermelho, ontem mostraram o mapa do país. Oxalá cheguem as chuvas, cá como lá e em todo o lado para apagarem os fogos.
A virtude, os bons sentimentos, isso temos em comum. A minha amiga retomou o fio condutor:
- Está a acontecer o mesmo na Austrália, não sei se já melhorou. É o mesmo género: vivem dentro das matas.
- Deve ser por causa do ar puro, longe da poluição.
- É muito arriscado. Eu podia ser podre de rica, não fazia casa no meio do mato.
- Sabe lá o que faria se fosse?
- Sim, uma pessoa muito rica também pode ficar meio maluca. Mas todos os anos se diz a mesma coisa: é preciso limpar matos. Não percebo é como ainda há sítio para incendiar, com tanto chão ardido!
- E já viu que com tanto incêndio, poucos são os responsabilizados nisso! Há dias ouvi a um bombeiro que às vezes os próprios incendiários é que alertam os bombeiros!
- É tudo tão diabólico! A polícia americana também nunca chegou ao monstro que matou prostitutas, nos anos noventa. Até já pediu desculpa!. Agora andam à procura de cadáveres de prostitutas. Nunca descobriram quem era o fulano. Mas supõem agora que é o fulano que sequestrou uma miúda de onze anos, na mesma altura, há dezoito anos Descobriram só agora. Ela tem dois filhos dele, viveu em condições inumanas. Que monstruosidades que o ser humano faz! Coisas mais dramáticas! Que pavor!
- Isto agora também tem a ver com a droga. Mas no passado, quanta crueldade hedionda se praticou! Até em nome do amor.
- E do fanatismo, que é um falso amor!
- É. Hoje é mais chique chamar-se de fundamentalismo. O próprio Hitler foi um fundamentalista racial.
- Mas como ele muitos mais houve. E há.
- Sim, dantes os Dráculas eram condes. Agora, a bestialidade democratizou-se.
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