quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Quase só tecemos elogios

Nós não éramos socráticas. Mas a entrevista de ontem com a Judite de Sousa, no Canal 1 deixou-nos meio hesitantes. Sobretudo a minha amiga, que tem mais tendência para valorizar os modelos, embora eu também não seja refractária às figuras bonitas que me transportam aos tempos da adolescência e dos livros da Max du Veuzit, que nos faziam aspirar a idênticos registos de amor, de bons sentimentos e de beleza nas nossas vidas futuras e até da altura.
- Ele desembaraça-se perfeitamente. - Foi o comentário decisivo da minha amiga.
Concordei:
- Pois, ele não tem medo de ser confrontado com os outros. Diz que conhece os dossiers.
Falámos na bonita figura de “Prince Charmant”, na bonita gravata, no modo muito decente de estar à mesa com a Judite, no ar aconchegado com que ora agora, já sem as modulações exasperadas dos tempos em que orava outrora. Mas ficou-nos a dúvida se retomará as modulações de outrora, se for eleito por ora.
A minha amiga continuou:
-Tem a sorte de não ser considerado arguido, assunto arrumado. Ele não tem nada, portanto, que acelerar a justiça, foi o que ele disse.
Voltei a concordar:
- A Justiça para mais esteve de férias, não sei se ainda está, mas há casos em que costuma permanecer. Não sei se é o dele.
- Como ele está de consciência tranquila, não nos devemos preocupar.
- Pois, há inúmeros casos de pessoas com a consciência tranquila no nosso país, é por isso que vivemos todos em bem-aventurança.
- Eu não concordo de maneira nenhuma que se gaste quando não há.
– Isto foi um comentário negativo da minha amiga a respeito do TGV, aeroporto e mais umas estradas para nos dar bons percursos.
Por mim, que tenho sempre esse pecado do gasto excessivo a roer-me a consciência, toda a vida endividada com as prestações das minhas limitações e das minhas ambições legítimas, porque gosto de emparelhar nos confortos dos mais abonados, ainda recalcitrei que podíamos sempre esperar por uns arroubos de sorte, até das lotarias ou até de algum poço petrolífero, e que talvez fosse por isso que o nosso “Prince” insistia tanto nas grandes obras dos confortos deles, dos mais abonados. Mas a minha amiga ponderou que era melhor usar os dinheiros – que os contribuintes afinal vêm a pagar - a compor as calçadas, criando o passeio à espanhola, lisinho e não como o nosso, com lombas. Está ressabiada porque mais duas amigas, em Aveiro, foram ao charco, isto é, partiram as pernas ao tropeçarem por lá.
Cá por mim, como ele confessou que lhe faltara delicadeza para com os professores, vi que se sentia arrependido, e desculpei logo a intolerância e desonestidade do seu tratamento anterior aos docentes à conta dessa indelicadeza confessada, esperando que o mesmo façam os professores confiantes, que o vão eleger.
A minha amiga na questão da Educação também hesita:
- Eu não sei se é melhor, porque é que é melhor, embora eu voltasse a insistir em convicções anteriores, de que tal política não passara de fogacho de melhoria, na questão estatística. De resto, tudo fora fraude, só fraude, na educação do sucesso fraudulento.
Quanto aos desaires dos encerramentos e despedimentos, ele soube atribuir isso à crise, e até apontou que estamos na retoma, dito por quem de direito, o que nos aqueceu a alma de esperança.
Ficámos muito enternecidas também com as informações sobre a sua única vaidade: os seus filhos. Por aqui medimos o alcance dos seus sentimentos paternais e até os comparámos com os do nosso Presidente, embora este acentue mais os de cônjuge e de avô. São boas perspectivas para o futuro.
Conosco fica tudo em família.

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