quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

Como é diferente o amor em Portugal

Um lobo esfomeado que rondava
Uma quinta em busca de um pitéu
Ouviu um menino que chorava
E uma velha que o ameaçava,
Se ele não parasse a choradeira,
De o atirar ao lobo mau
Que se sentiu no sétimo céu,
Julgando a velha pessoa verdadeira
Como deve ser quem mais se preze,
No cumprimento quer de uma ameaça
Quer só até de uma promessa.
Assim o lobo mau parou, na expectativa
Do lauto banquete em perspectiva.
Mas, chegada a noite, pôde ver
Que a velha faltara à verdade
Pois o choro do menino conseguiu deter
Só pelo susto de que ela cumprisse
A ameaça de tanta crueldade,
Porque ela não era para a brincadeira.
E o lobo, enfiado, pôs-se a andar
Com a cauda a tremelicar,
O estômago a desfalecer
E as orelhas de humilhação a arder,
Daquela quinta onde não se praticava
A virtude de juntar à palavra a acção,
Coisa própria só de um bom aldrabão.

Conto esta fábula da velha e do lobo
Que Esopo em tempos escreveu
Só para mostrar como é diferente
O tempo de agora do de antigamente
No nosso país de sol brilhante.
Agora as promessas são cumpridas
Tal como foram prometidas,
Feito o seu cumprimento por honesta mão,
Mantendo-se a avaliação
O TGV, a regionalização
A união dos casais homossexuais
E tantas coisas mais
De importância vital
Para quem não pensa mal.

Já o próprio cardeal
Da “Ceia” do Júlio Dantas,
Ou qualquer coisa entre tantas
De uma antipatia igual”

Como disse Sá Carneiro
- O Mário não o Francisco –
Achava que em Portugal
O amor era diferente,
Sem “a frase subtil
Do cardeal francês,
Nem o duelo sangrento
Do italiano.
Sim, “amor coração
Sim, “ amor sofrimento
Envolto em castidade,
Envolto em honestidade,
Envolto em lealdade
Envolto em cumprimento.

E foi assim que proliferou
O exemplo do cardeal português
Que muito amou
E sofreu,
Mas cumpriu o que prometeu
À amada, que ao morrer
Dele fez cardeal.

É assim também a democracia
Cumprida com valentia,
Na honestidade da lealdade,
Mesmo contra a adversidade
Usual em Portugal.


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