Esopo foi um dos primeiros a usar os bichos como elementos de caracterização da selva humana, e por isso hoje, que é domingo, em “manobra de diversão” resolvi traduzir umas fábulas, demonstrativas da sua intemporalidade.
1ª Fábula: “O mosquito e o touro”
“Um mosquito que se tinha instalado sobre um dos cornos dum touro, depois de lá ter permanecido tempo bastante, no momento de zarpar, perguntou se sua excelência desejava que ele partisse enfim. O touro respondeu-lhe da seguinte forma: - “Não tinha reparado na tua chegada, tampouco repararei na tua partida.”
Esta fábula poderia aplicar-se ao homem sem poder, cuja presença ou ausência nem é útil nem prejudicial.”
Por aqui se vê, um tanto esquematicamente, que a invisibilidade dos mosquitos já era obra no tempo do Esopo, uns cinco ou seis séculos antes da nossa era. Mas já na nossa era Fernando Tordo cantou sobre touros, de mando do poeta Ary dos Santos, afirmando, todavia, que “nós vamos pegar o mundo pelos cornos da desgraça e fazermos da tristeza graça.” Referia-se na altura, na questão da tristeza, às muitas falhas do regime fascista na liberdade e no bem-estar sociais, mas a frase é sempre um incentivo, mesmo para o nosso tempo de excesso de liberdade e mal-estar social: podemos, assim, igualmente, “fazer da tristeza graça”. Mesmo que não conquistemos o mundo, que isso é tarefa de concretização limitada.
2ª fábula: O leão e a rã
“Um leão que tinha ouvido uma rã coaxar, foi em direcção à voz, julgando que pertencesse a um animal corpulento. Depois de esperar algum tempo, viu uma rã sair do charco. Então aproximou-se e esmagou-a com estas palavras: “O quê? Com um tamanho desses fazes tal chinfrineira?
Esta fábula aplica-se ao tagarela, que nada mais sabe a não ser falar.”
Já o nosso Vieira ironizou a respeito dos roncadores, as roncas do mar, em absoluta disparidade de voz e tamanho, tal como a rã da fábula, e com que se topa a cada passo, hoje em dia, facilitado o acesso, nalguns casos, por via radiofónica e televisiva.
3ª fábula: “Um leão amoroso”
“Apaixonado pela filha dum camponês, um leão pediu-a em casamento. Ora o pai, que não podia nem sofrer a desonra de dar a filha a uma fera, nem despedir um pretendente tão perigoso, imaginou o subterfúgio seguinte: como o leão multiplicava os seus pedidos, disse-lhe que o julgava digno da mão da filha, mas que a não podia conceder a não ser que ele arrancasse os dentes e eliminasse as garras, porque a menina os receava. Por amor, o leão vergou sem custo a esta dupla exigência: então o camponês não fez mais caso dele, e quando o leão se apresentou, expulsou-o à trancada.
A fábula mostra que quando se acredita facilmente no próximo, uma vez despojados das nossas vantagens, tornamo-nos presa fácil para aqueles de quem antes nos fazíamos temer.”
Amor, “engano d’alma ledo e cego”, quão perigoso é, transformando os próprios leões em autênticos anjinhos...
1ª Fábula: “O mosquito e o touro”
“Um mosquito que se tinha instalado sobre um dos cornos dum touro, depois de lá ter permanecido tempo bastante, no momento de zarpar, perguntou se sua excelência desejava que ele partisse enfim. O touro respondeu-lhe da seguinte forma: - “Não tinha reparado na tua chegada, tampouco repararei na tua partida.”
Esta fábula poderia aplicar-se ao homem sem poder, cuja presença ou ausência nem é útil nem prejudicial.”
Por aqui se vê, um tanto esquematicamente, que a invisibilidade dos mosquitos já era obra no tempo do Esopo, uns cinco ou seis séculos antes da nossa era. Mas já na nossa era Fernando Tordo cantou sobre touros, de mando do poeta Ary dos Santos, afirmando, todavia, que “nós vamos pegar o mundo pelos cornos da desgraça e fazermos da tristeza graça.” Referia-se na altura, na questão da tristeza, às muitas falhas do regime fascista na liberdade e no bem-estar sociais, mas a frase é sempre um incentivo, mesmo para o nosso tempo de excesso de liberdade e mal-estar social: podemos, assim, igualmente, “fazer da tristeza graça”. Mesmo que não conquistemos o mundo, que isso é tarefa de concretização limitada.
2ª fábula: O leão e a rã
“Um leão que tinha ouvido uma rã coaxar, foi em direcção à voz, julgando que pertencesse a um animal corpulento. Depois de esperar algum tempo, viu uma rã sair do charco. Então aproximou-se e esmagou-a com estas palavras: “O quê? Com um tamanho desses fazes tal chinfrineira?
Esta fábula aplica-se ao tagarela, que nada mais sabe a não ser falar.”
Já o nosso Vieira ironizou a respeito dos roncadores, as roncas do mar, em absoluta disparidade de voz e tamanho, tal como a rã da fábula, e com que se topa a cada passo, hoje em dia, facilitado o acesso, nalguns casos, por via radiofónica e televisiva.
3ª fábula: “Um leão amoroso”
“Apaixonado pela filha dum camponês, um leão pediu-a em casamento. Ora o pai, que não podia nem sofrer a desonra de dar a filha a uma fera, nem despedir um pretendente tão perigoso, imaginou o subterfúgio seguinte: como o leão multiplicava os seus pedidos, disse-lhe que o julgava digno da mão da filha, mas que a não podia conceder a não ser que ele arrancasse os dentes e eliminasse as garras, porque a menina os receava. Por amor, o leão vergou sem custo a esta dupla exigência: então o camponês não fez mais caso dele, e quando o leão se apresentou, expulsou-o à trancada.
A fábula mostra que quando se acredita facilmente no próximo, uma vez despojados das nossas vantagens, tornamo-nos presa fácil para aqueles de quem antes nos fazíamos temer.”
Amor, “engano d’alma ledo e cego”, quão perigoso é, transformando os próprios leões em autênticos anjinhos...
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