De La Fontaine uma
breve fábula
Para o ano terminar em
parca graça,
Ano que se pautou pela
chalaça
E a arruaça,
Muita trapaça,
Muita pirraça
Por cá, na praça.
Uma desgraça própria
Da nossa raça
Crassa,
O que muito
Me embaraça,
Por mais que faça
Por o ignorar
E erguer a taça.
Chiça!
Ou, como diria a nossa
amiga:
“Minha nossa!”
«O Burro condutor de relíquias»
«Um Burro de relíquias
carregado
Imaginou ser adorado,
Pavoneando-se ante a convicção
De a si serem dirigidos
o incenso e os cânticos
Da multidão.
Um dos que o erro
detectou
Com calor lhe explicou:
- Sr. Burro, tão louca
vaidade ,
Do espírito afastai, rapidamente.
Digo-vos, sinceramente,
Que não é a vós mas sim
aos ídolos
Que levais no dorso
Que as honras são
declaradas
E a glória atribuída
Pela multidão.
Moral da história:
Dum magistrado
ignorante
É a veste que se saúda, não a pessoa.»
Ora não é bem assim, por
cá,
Está mais que visto.
Muita gente há
Que as honras que de
outros são pertença
Por ela são usurpadas,
E sem escrúpulo concedidas
A Asnos vestidos das suas próprias
relíquias
- As ideologias, que disfarçam
Ambições e aleivosias -
Que os idólatras admiram
com muitas bazófias
E pífias
Próprias das suas muitas
carências
No que concerne os feitos
E os certos direitos
Dos reais herdeiros
Disto.
Valha-nos Cristo!
Ou, como diria a minha
irmã:
“Isto só visto!”
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