quinta-feira, 28 de maio de 2009

Bastonário

Defendo o bastonário da Ordem dos Advogados, Marinho e Pinto.
Depois de ouvir o discurso tonitruante do nosso Ministro engenheiro, acusando os outros que o precederam na governação do “terror da educação e autêntico horror” que semearam nas famílias, depois de ouvir os outros partidos todos, de longa data acusando, também em tom altissonante, o governo desse ministro, não sei por que razão nos mostramos tão susceptíveis aos despautérios acusadores do bastonário, que, dentro das suas funções, usa o seu bastão para agredir a própria classe, conhecendo-lhe os podres, que certamente desejaria sanar.
Os jornalistas críticos, sensíveis ao decoro do “parecer”, mais, talvez, que ao do “ser”, entendem que a baixeza desse atentado verbal de M. & P., mais próprio de praça pública, é um desprestígio para nós, como país, que temos que demonstrar um pouco de decência perante os países mais fortes em educação e status. Na realidade, não vejo em que isto interesse a esses países, que, a serem informados, considerarão a tal indecência apenas como mais uma, entre as variadas indecências da nossa actuação social, económica, política, educativa, de que eles talvez conheçam alguns dados, embora os desprezem como de pouca monta. Trata-se de puro complexo nosso.
Também o corpo de advogados bem cotados na praça se insurge, achando que Marinho e Pinto desprestigiou a classe, e pedindo esclarecimentos e denúncias nominais, pouco incomodados com o que realmente se tem passado por cá, em termos de escândalos judiciários, que rebentam em cada dia que passa.
Mas o corpo menos cotado, porque geralmente prejudicado pelas manigâncias jurídicas do mais cotado, apoia o bastonário, se não abertamente, dado o naturai receio de vir a ser lesado, ao menos em consciência.
De resto, há muito que a praça pública – com algumas excepções - se fixou entre nós. Fora as praças da participação popular que têm apresentadores bem dispostos, cito as dos comícios, do parlamento, das mesas redondas com os seus comentadores atropelando-se bombasticamente na transmissão dos seus pareceres...
Nenhum bastonário poderia ficar imune a influências tão poderosas. E tão nefastas.

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