quinta-feira, 21 de maio de 2009

Prevaricações

Chegado via Internet, leio um texto de Santana Castilho desmistificando, com desassombro, o que este chama de “Ministério da Certificação e das Novas Oportunidades”, por conta da manipulação de certificados em hipotéticos cursos fraudulentos com que este governo promove a formação de quem queira tê-la agora, de mão beijada, por não a ter recebido antes, através de anos de esforço. Despudoradamente faz-se isto, e permite-se, com os governantes na impassibilidade e fanfarra governativa da sua maioria absoluta, com que desenvolvem tais fraudes perante um povo mendigo que estende servilmente o chapéu e não se revolta, naturalmente, com essas dádivas que não se esforçou por obter honestamente, ciente de que os exemplos escorrem de cima e de que tem direitos iguais, como lhe é martelado pelos partidos da nossa sensibilidade.
Deu-se, neste país, um caso grave de denúncia de uma professora de História que, em aula que foi gravada, por, ao que parece, ser useira e vezeira em linguagem destemperada, mostrou a brutalidade e obscenidade de uma condução de aula com miseráveis referências pessoais e ataque despudorado a pormenores de vida íntima dos alunos.
Suspendeu-se a professora, pura benesse, pois continua a receber os seus vencimentos, no ripanço do pseudo-castigo. Entretanto, alunos e pais de alunos se unem, bem orquestrados, no esforço para defender a professora, mostrando a empatia com o Ministério que promove a formação e dá diplomas sem exigir aulas, após aviltamento prévio, largamente perpetrado, da imagem dos professores que não se parecem com a tal professora de História, ou, mais precisamente, da história.
Prepara-se a condenação da aluna que teve o arrojo de gravar a aula, no proibido instrumento do delito, para justificar aos pais as razões das suas acusações anteriores, perdida a cabeça, por, honestamente, não encontrar outro meio comprovativo da sua verdade.
A nossa Justiça talvez condene, zelosamente, a aluna, por conta do instrumento proibido, com o testemunho abonatório dos alunos e encarregados de Educação, no nosso país sem educação, mas com a subserviência perante o poder, que lhe vem de séculos, ao jeito oportunista que tão bem nos define.
Os olhos vendados da imagem da Justiça pediriam isenção. Pediriam Justiça. Mas diz-se que não temos.

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