terça-feira, 19 de maio de 2009

Os “faits-divers” da virtude docente no campo da sexualidade juvenil

Estou ouvindo uma gravação. Duma professora inconsciente de que está “sob escuta”, através duma gravação feita por uma aluna, cuja mãe lhe colocou na mala o gravador, caso grave, a fim de poder incriminar a professora de História, que há anos se entretém com lições que entende mais importantes para a integridade moral dos seus alunos do que as histórias da História, esta geralmente com conteúdos pouco dignificantes, tais como violências, traições, selvajarias, manipulações do poder em proveito próprio, manejos das ambições, conquistas, destruições, flagelos, crimes cometidos por fanatismo ou crueldade... Mas a par disso, convenhamos, muitos actos de heroicidade, muitos exemplos de coragem, muitas edificações da inteligência e da criatividade humanas, tudo, pois, feito de erros e de virtudes, com que evoluiu a sociedade humana, e que não se deveria esquecer nunca, para aprendermos com os erros do passado, em função de um melhor futuro.
Não, a professora – que exige o tratamento de doutora - não devia ter descurado a matéria da sua disciplina, por muito imprópria que lhe parecesse na formação discente, talvez zelosa intérprete da filosofia da solidariedade democrática para com os povos oprimidos, ao longo dos tempos, embora não se compreenda por que motivo a escolheu para a sua docência. Ao ocupar-se tão insistentemente das questões da virgindade – sua, em exibicionismo despudorado, e dos seus discípulos em pseudo-interesse formativo, segundo propostas de educação sexual exigidas freneticamente pelas pedagogias da liberdade e da libertinagem actuais, enquadra-se na ideologia que preside ao amontoado de misérias morais em que a nossa sociedade se espelha, quer através da variedade de crimes a cada passo descobertos, quer através de programas sórdidos que os meios televisivos e informáticos difundem, sem controlo, ressalvando, evidentemente, os seus aspectos positivos, que suplantam aqueles.
Não, a professora, que é mãe de família, excedeu-se no seu zelo e envergonhou a sua classe e o seu país. Desrespeitando-se a si, desrespeitando os seus alunos, é um exemplo a condenar, tais como aqueles casos de pedofilia de que tanto se falou e se silenciou, com arremedos de evocação a espaços, para fingirmos que nos preocupamos e que existe justiça no nosso país.
Mas como as vítimas da pedofilia vêm de lugares de miséria, como órfãos ou abandonados, breve readormecemos tranquilos sob novo silenciamento, para não desfeitearmos quem nos governa, e que protege aquele, por razões do seu só entendimento.

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