sexta-feira, 29 de maio de 2009

E permite-se isso?

Acabo de ler, via Internet, o texto que António Barreto publicou no domingo passado, 24 de Maio, no “Público”. É sobre o “Manual de Aplicadores” imposto pelo Ministério aos professores, aquando da realização de provas de exames. Os professores ficam proibidos de mandar entrar sem ser por leitura, de mandar sair da mesma forma. Os “aplicadores” controlam as falas durante o acto, controlam os gestos dos que os aplicam. Pior do que o “Manual de Instruções” das máquinas de lavar roupa, segundo António Barreto, porque se trata de um manual dos bons, dos pesados, contendo o emaranhado das instruções de débeis mentais para outros hipotéticos débeis mentais.
António Barreto disse tudo e bem, nem vale a pena focar o significado da ignomínia e do absurdo de tais imposições que pecam pela demência no ultraje e pelo ridículo da megalomania gráfica.
Aliás, ouvindo ontem José Sócrates lançar o anátema sobre o PSD, com expressões tais como “horror”, “semear o terror”, senti-me mergulhada em autêntico pavor. Lembrei Inquisições, ditaduras – das autênticas – crueldades horripilantes, o delírio na paranóia do poder, o delírio na monstruosidade do desejo de humilhar, de rebaixar, de castigar os professores – no caso presente. Pelo facto de estes não poderem ser eliminados – ainda – pelo menos na sua maioria, apesar da auto-exclusão de muitos dos competentes, enjoados pela imposição de normas de docência e seus objectivos mentecaptos, sem qualquer dignidade, sem nenhum humano discernimento.
E não são, sequer, piadas de mau gosto isso que se pratica aqui de violência pateta e patética. Porque para piadas de bom gosto, falta ao governo e seu chefe a criatividade e o humor sadio transparentes no "Allô, Allô", de troça a todas as ditaduras.
Mas é este ser descontrolado e seus acólitos, bem protegidos pelo chefe, que o povo vai eleger em maioria, numa estranha adoração que só justifico porque o barulho das falas arrogantes e acusadoras do jovem tribuno da plebe, aparentemente significa trabalho em prol da nação, que, ao contrário, paulatinamente se vai desfazendo. A darmos por isso, o que é muito estranho.

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