Falávamos no escândalo de Aveiro. A minha amiga forneceu dados:
- É verdade! Está hoje um a responder. O empresário das sucatas. Manuel Godinho. Há um ano a ser investigado pela Polícia Judiciária. Mas não tem peso nenhum na consciência. Acho que tem ganho concursos à custa do suborno. E o negócio da sucata vai aumentando. Mas o Varas está espantadíssimo. Também não tem peso na consciência. Há um filho do que está preso – o tal Godinho - que está a ser ouvido hoje. O filho do da sucata. O homem deve ser podre de rico. Mas não vale a pena falar.
- Tudo vale a pena...
- Não, o Godinho não tem peso nenhum. E o Vara não tem uma mácula. Zero! Aquilo são variadíssimas empresas. Não é só sucata. Mas ser arguido não quer dizer culpado. E anda a polícia a trabalhar há um ano. Eu, Godinho, não tenho peso nenhum.
- O dinheiro dá muita consciência de si, muita auto-estima.
- Sim, porque se a facilidade da carteira é tal, tudo o mais se desfaz, o resto do mundo é nada.
- Quando não dá para o torto...
- Vai ver que não dá! Já é muito antigo, isto de se enriquecer por cá, como agora se diz, em “rede tentacular”. Ninguém é responsável, porque a amizade é que conta.
- Mas se por acaso se fartarem de aturar as perseguições dos invejosos, poderão fazer como o rato – mais um - do La Fontaine que, farto do mundo cruel, que o perseguia, foi para o deserto, fez-se eremita, e, enfiado num queijo, ali engordou, de lá não mais saiu, enriqueceu, e quando os companheiros da ratopolis o procuraram, para que os auxiliasse contra a invasão dos inimigos, ele abençoou-os e mandou-os de volta, para junto dos seus, porque as coisas da Terra já não eram com ele, que agora pertencia a Deus.
A minha amiga não aceitou o paralelo, acha que eles - os nossos ratos - se safam cá.
- Ora essa! – respondi, abespinhada por tanta incompreensão – o deserto pode equiparar-se actualmente a Londres, Dubai, Macau ou quaisquer outros sítios onde puseram o dinheiro a render e construíram palacetes. O certo é que um país com tanta gente assim, organizada em rede, depressa chega ao fim, porque são sempre mais as células individuais, da queda livre. E quem for pedir socorro a esses tais, para endireitar a sua pólis, como acha que é recebido?
- Percebo: “Vá com Deus, que eu fico com Ele”. Não é muita hipocrisia?
- Mas paraíso é sempre paraíso. Ainda que fiscal.
- É verdade! Está hoje um a responder. O empresário das sucatas. Manuel Godinho. Há um ano a ser investigado pela Polícia Judiciária. Mas não tem peso nenhum na consciência. Acho que tem ganho concursos à custa do suborno. E o negócio da sucata vai aumentando. Mas o Varas está espantadíssimo. Também não tem peso na consciência. Há um filho do que está preso – o tal Godinho - que está a ser ouvido hoje. O filho do da sucata. O homem deve ser podre de rico. Mas não vale a pena falar.
- Tudo vale a pena...
- Não, o Godinho não tem peso nenhum. E o Vara não tem uma mácula. Zero! Aquilo são variadíssimas empresas. Não é só sucata. Mas ser arguido não quer dizer culpado. E anda a polícia a trabalhar há um ano. Eu, Godinho, não tenho peso nenhum.
- O dinheiro dá muita consciência de si, muita auto-estima.
- Sim, porque se a facilidade da carteira é tal, tudo o mais se desfaz, o resto do mundo é nada.
- Quando não dá para o torto...
- Vai ver que não dá! Já é muito antigo, isto de se enriquecer por cá, como agora se diz, em “rede tentacular”. Ninguém é responsável, porque a amizade é que conta.
- Mas se por acaso se fartarem de aturar as perseguições dos invejosos, poderão fazer como o rato – mais um - do La Fontaine que, farto do mundo cruel, que o perseguia, foi para o deserto, fez-se eremita, e, enfiado num queijo, ali engordou, de lá não mais saiu, enriqueceu, e quando os companheiros da ratopolis o procuraram, para que os auxiliasse contra a invasão dos inimigos, ele abençoou-os e mandou-os de volta, para junto dos seus, porque as coisas da Terra já não eram com ele, que agora pertencia a Deus.
A minha amiga não aceitou o paralelo, acha que eles - os nossos ratos - se safam cá.
- Ora essa! – respondi, abespinhada por tanta incompreensão – o deserto pode equiparar-se actualmente a Londres, Dubai, Macau ou quaisquer outros sítios onde puseram o dinheiro a render e construíram palacetes. O certo é que um país com tanta gente assim, organizada em rede, depressa chega ao fim, porque são sempre mais as células individuais, da queda livre. E quem for pedir socorro a esses tais, para endireitar a sua pólis, como acha que é recebido?
- Percebo: “Vá com Deus, que eu fico com Ele”. Não é muita hipocrisia?
- Mas paraíso é sempre paraíso. Ainda que fiscal.
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