Hoje pouco tínhamos que dizer, só que observar que o governo tomava posse, iríamos ouvir as mesmas leituras laracheiras dos mesmos ou idênticos ministros, prometendo lealdade nas funções das suas incumbências, os mesmos discursos dos chefes - de dignidade e gravidade o do PR, de confiança em si o do PM, sempre de sangue na guelra, ambos acentuando as dificuldades, sem as sentir na pele, realmente, o costume, o cansaço do costume.
Ainda observámos quanto temos andado tanto em festas e que isto não pára, pois a seguir teremos a tomada de posse dos secretários e aderentes e mais promessas laracheiras. Mais festa, para o país ouvir, com os comentários dos jornalistas, já a prever indiscrições.
- Olhe, se tivesse visto a excelente reportagem de Cândida Pinto, na Sic, sobre o problema da sida em Moçambique, teria gostado. Merecia um prémio.
- Aqui, ultimamente, temos a questão do haxixe, plantado inadvertidamente por entre as hortaliças, que talvez renda uns trocos se a polícia não intervier. E a nossa internacionalidade avança deste modo a passos largos, como a do Afeganistão e da Colômbia...
Mas a minha amiga sente uma ternura especial por Moçambique. Continuou:
- Os professores parece que estão a fazer um bom trabalho em Inhambane. Tantas crianças órfãs, primeiro morre o pai, depois a mãe, contaminada. Eles muito rápidos a alinhar, na escola, antes de se sentarem no chão, com o material de estudo. E falam benzinho o português.
- Mas não alinharam especialmente para a televisão? Será que alinham sempre?
- Parecia hábito.
- Aqui nunca alinham. É tudo ao molho. E sem fé em Deus.
- Houve o caso de cinco irmãos que ficaram sem pais. O mais velho toma conta deles. O mais novinho disse, com uma carinha...: “Nós à noite temos muito medo. Dormimos juntos. Tenho medo”. Medo da noite. Sozinhos na cubata. A habilidade daquela malta...
- Então não há uma organização para debelar a sida?
- Aparece aquela Machel...
-Graça...
- Queixa-se do povo, que não há meio de interiorizar o perigo que é a sida. A vida sexual dos miúdos começa cedo demais. Têm um mato enorme. Distribuem-lhes preservativos. Mas parece que não há solução. Ela faz parte dessas organizações que protegem o povo. Muito bem vestida. Mas ela veio dizer isto: não há solução.
Ainda observámos quanto temos andado tanto em festas e que isto não pára, pois a seguir teremos a tomada de posse dos secretários e aderentes e mais promessas laracheiras. Mais festa, para o país ouvir, com os comentários dos jornalistas, já a prever indiscrições.
- Olhe, se tivesse visto a excelente reportagem de Cândida Pinto, na Sic, sobre o problema da sida em Moçambique, teria gostado. Merecia um prémio.
- Aqui, ultimamente, temos a questão do haxixe, plantado inadvertidamente por entre as hortaliças, que talvez renda uns trocos se a polícia não intervier. E a nossa internacionalidade avança deste modo a passos largos, como a do Afeganistão e da Colômbia...
Mas a minha amiga sente uma ternura especial por Moçambique. Continuou:
- Os professores parece que estão a fazer um bom trabalho em Inhambane. Tantas crianças órfãs, primeiro morre o pai, depois a mãe, contaminada. Eles muito rápidos a alinhar, na escola, antes de se sentarem no chão, com o material de estudo. E falam benzinho o português.
- Mas não alinharam especialmente para a televisão? Será que alinham sempre?
- Parecia hábito.
- Aqui nunca alinham. É tudo ao molho. E sem fé em Deus.
- Houve o caso de cinco irmãos que ficaram sem pais. O mais velho toma conta deles. O mais novinho disse, com uma carinha...: “Nós à noite temos muito medo. Dormimos juntos. Tenho medo”. Medo da noite. Sozinhos na cubata. A habilidade daquela malta...
- Então não há uma organização para debelar a sida?
- Aparece aquela Machel...
-Graça...
- Queixa-se do povo, que não há meio de interiorizar o perigo que é a sida. A vida sexual dos miúdos começa cedo demais. Têm um mato enorme. Distribuem-lhes preservativos. Mas parece que não há solução. Ela faz parte dessas organizações que protegem o povo. Muito bem vestida. Mas ela veio dizer isto: não há solução.
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