Hoje a minha amiga mostrou-se excepcionalmente optimista. Até me trouxe a revista do domingo do Correio da Manhã “Especial 2009”, de 27/12, porque tinha um texto muito simpático de João Pereira Coutinho sobre o Lula, considerado o melhor presidente do Brasil, tanto mais que os brasileiros não se importam muito com os jeitos usurpadores de finança dos seus presidentes, desde que os presidentes sejam eficientes nos seus actos governativos a favor do povo. Está toda a gente feliz com o Lula, mau grado os índices de criminalidade elevados no Brasil, mas não é só lá que isso se dá. E a minha amiga assim desculpabilizou o nosso PM, apesar da nossa falta de petróleo e outros produtos que não lhe proporcionam tanta margem de acção a favor do seu/nosso povo, que manifesta cada vez mais elevados também, os mesmos índices.
Outro motivo da felicidade da minha amiga foi o facto de os sindicatos terem chegado ao acordo com a Ministra da Educação que os soube levar muito bem, como eu ontem também ouvi e captei as expressões de agrado e simpatia da ministra Alçada e dos representantes educacionais sindicais.
Quando cheguei a casa fui escutando as discussões no Parlamento sobre o casamento entre pessoas do mesmo sexo, onde o deputado do Bloco de Esquerda, sempre expressivo e Louçã(o), se congratulou pelo facto de se iniciar o ano do centenário da nossa República votando a lei sobre a autorização desses casamentos, com previsão de outra lei – a de adopção em breve de filhos para os casais do mesmo sexo, numa demonstração de respeito humano muito louvável, como já o dissera o leader da bancada do PS, Francisco Assis, igualmente congratulando-se por esse motivo de criação dessa lei auspiciosa como festejo do centenário - apesar de ainda não termos atingido o centenário. Mas os noticiários mostraram a alegria geral, com manifestações em frente ao Parlamento, com bolos de mariage encimados por duas mulheres, entrevistas a duas futuras esposadas entre si, uma alegria que só nos deixou a todos muito felizes.
Mesmo a minha mãe também tem estado feliz, talvez por ter sido fotografada por um aluno de fotografia, como trabalho que ele imaginou de exposição de fotografias dos portugueses centenários, comemorativo do centenário da República. Toda a gente, afinal, gosta de saliência fotográfica. E nesse dia, uma vez mais, a minha mãe lembrou versos que aprendeu na sua meninice, ensinados pela professora primária que o seu pai arranjou para o Carregal, a sua terra, para ensinar as raparigas, proibidas de aprender a ler e a escrever, nessa primeira República e mais ainda na extinta Monarquia, para não escreverem aos namorados e se desgraçarem. E foi assim que a minha mãe aprendeu a ler, no respeito pelo direito de se cultivar, da “Mulher”, que o meu avô, mesmo sem Parlamento nem referendo, conseguiu impor, embora provisoriamente, no Carregal. Alguns meses depois a professora seria expulsa, é certo, por se verificar que pertencia à maçonaria. E tudo isso a minha mãe uma vez mais referiu, para em seguida cantar os versos alegres da sua professora maçónica, versos também centenários, com que termino o meu “canto” de euforia comemorativa, neste dia 8/1/10:
“A Madeira é um encanto
Bela cidade o Funchal
Do oceano é a pérola
A jóia de Portugal.
Um passeio até ao monte
Por entre tanta verdura
Faz esquecer esta vida
Toda cheia de amargura.
Outro motivo da felicidade da minha amiga foi o facto de os sindicatos terem chegado ao acordo com a Ministra da Educação que os soube levar muito bem, como eu ontem também ouvi e captei as expressões de agrado e simpatia da ministra Alçada e dos representantes educacionais sindicais.
Quando cheguei a casa fui escutando as discussões no Parlamento sobre o casamento entre pessoas do mesmo sexo, onde o deputado do Bloco de Esquerda, sempre expressivo e Louçã(o), se congratulou pelo facto de se iniciar o ano do centenário da nossa República votando a lei sobre a autorização desses casamentos, com previsão de outra lei – a de adopção em breve de filhos para os casais do mesmo sexo, numa demonstração de respeito humano muito louvável, como já o dissera o leader da bancada do PS, Francisco Assis, igualmente congratulando-se por esse motivo de criação dessa lei auspiciosa como festejo do centenário - apesar de ainda não termos atingido o centenário. Mas os noticiários mostraram a alegria geral, com manifestações em frente ao Parlamento, com bolos de mariage encimados por duas mulheres, entrevistas a duas futuras esposadas entre si, uma alegria que só nos deixou a todos muito felizes.
Mesmo a minha mãe também tem estado feliz, talvez por ter sido fotografada por um aluno de fotografia, como trabalho que ele imaginou de exposição de fotografias dos portugueses centenários, comemorativo do centenário da República. Toda a gente, afinal, gosta de saliência fotográfica. E nesse dia, uma vez mais, a minha mãe lembrou versos que aprendeu na sua meninice, ensinados pela professora primária que o seu pai arranjou para o Carregal, a sua terra, para ensinar as raparigas, proibidas de aprender a ler e a escrever, nessa primeira República e mais ainda na extinta Monarquia, para não escreverem aos namorados e se desgraçarem. E foi assim que a minha mãe aprendeu a ler, no respeito pelo direito de se cultivar, da “Mulher”, que o meu avô, mesmo sem Parlamento nem referendo, conseguiu impor, embora provisoriamente, no Carregal. Alguns meses depois a professora seria expulsa, é certo, por se verificar que pertencia à maçonaria. E tudo isso a minha mãe uma vez mais referiu, para em seguida cantar os versos alegres da sua professora maçónica, versos também centenários, com que termino o meu “canto” de euforia comemorativa, neste dia 8/1/10:
“A Madeira é um encanto
Bela cidade o Funchal
Do oceano é a pérola
A jóia de Portugal.
Um passeio até ao monte
Por entre tanta verdura
Faz esquecer esta vida
Toda cheia de amargura.
Menina das tranças pretas
Encosta-se ao seu balcão
Para deitar violetas
No seu lindo coração.
No dia em que eu nasci
Lindas flores me deitavam
Até na pia do baptismo
Lindos rouxinóis cantavam.”
Os rouxinóis da “Menina e Moça”, os rouxinóis da “Menina dos rouxinóis”, os rouxinóis da primeira República, os rouxinóis da terceira. Somos, afinal, um povo feliz. Sempre vivemos embalados por rouxinóis.
Nenhum comentário:
Postar um comentário