sábado, 30 de janeiro de 2010

A propósito de um comentário

O comentário de um comentarista equiparando a libertação de Angola do jugo português ao de Portugal do jugo castelhano – “Acha que Angola era dos Portugueses, Sra Berta? Nessa ordem de ideias Portugal devia ser dos espanhóis, não acha? Será que o povo de Angola alguma vez chamou os Portugueses ou foram os Portugueses que invadiram Angola com as suas descobertas?”- fez-me responder da seguinte forma, que reponho: “É verdade, sr. Conde, Angola, Moçambique, Goa, Damão Diu, Cabo Verde, S. Tomé e Príncipe, Timor, Brasil e outras mais terras, os Portugueses aí chegaram, até a zona do “Mapa Cor de Rosa” (não sei se sabe o que é) lhes pertenceu. Foram condado no tempo do Rei de Leão, mas tiveram um conde que quis ser rei e foi, após várias lutas contra Leão, e após um Tratado de Zamora de 1143, só reconhecida a independência do Reino Português, todavia, em 1179, através da Bula “Manifestus Probatum” do Papa Alexandre III. Como vê, foram um povo valente, que realmente esteve para ser castelhano por alturas de 1383-1385, mas não chegou a ser. Foi-o de 1580-1640 e deixou de o ser. Houve sempre Homens com H maiúsculo que souberam defender o seu território, além de terem descoberto terras por esse mundo fora. Um povo valente. Até chegarmos a uma actualidade em que meia dúzia de homenzinhos o conseguiram espatifar, a coberto de ideologias de aparente solidariedade universal, mas que se viu serem antes ideologias de solidariedade para consigo e os amigalhaços. Vivemos na era dos amigalhaços. Angola de que fala e outras terras de que não falou não precisaram de muito esforço para a sua independência. Ela foi-lhes oferecida pelos amigalhaços.”
Com efeito, o comentário do sr. Paulo Conde, consegue, contrariamente ao que se propõe, valorizar a Nação Portuguesa, ao referir que "foram os Portugueses que invadiram Angola com as suas descobertas.”
Isso me lembrou um trabalho feito em tempos, que achava útil para as nossas escolas, mas que nenhuma das duas editoras a que recorri, aceitou publicar. Chama-se “TÓPICOS DA HISTÓRIA CULTURAL PORTUGUESA”, de que cito o “Prefácio” e a página inicil, dentre a trintena que o compõe, na ilusória pretensão de interessar ainda alguns Homens e Mulheres ( com maúsculas), frequentadores deste “Portugalclub” e do meu blog também. Mas o quadro tripartido do plano gráfico – História / Literatura / Arte – da composição, segundo um esquema de correspondência, de leitura na horizontal e na vertical, tive que o desdobrar, numa leitura só na vertical. Claro que o sr. Paulo Conde, que quer ser poupado a lições de história, como acabei de ler no seu novo comentário, está dispensado de o fazer, que não percebeu a mensagem.

Prefácio de “TÓPICOS DA HISTÓRIA CULTURAL PORTUGUESA”:

“O lugar comum de que “um país sem memória corre o risco de perder a sua identidade”, serve de motivo a este trabalho, ao considerarmos quanto se torna imprescindível um empenhamento dos cidadãos no sentido de uma maior conscientificação que reponha valores, actualmente desprezados num desinteresse e desleixo progressivos, como cenário preferencial nas nossas escolas e de consequências já bem manifestas nos organismos da nossa representatividade, quer sejam as deficiências linguísticas a cada passo comprovadas, quer as deficiências de comportamento a cada passo em evidência, nos estádios de futebol como em quaisquer outros locais da nossa eloquência indisciplinada.
Tal como Martin Luther King, também nós temos um sonho: o de contribuir para uma real liberdade que se defina pela razão, o respeito e a seriedade de pensamento, e isso só é possível num propósito de trabalho escolar como ponto de partida de formação cultural e cívica.
Daí, o motivo deste livro, percurso sintético e diacrónico pela História política e cultural do nosso País, como instrumento auxiliar do ensino na aquisição e compreensão globais de valores a ele referentes, e motivador do interesse dos estudantes pelo aprofundamento de dados nele apenas indiciados, proporcionando um melhor enquadramento temporal, e interessando, por isso, a várias disciplinas do seu curriculum escolar.
Viagem no tempo, viagem nos espaços da nossa afirmação como nação, viagem de amor é ela, de solidariedade para com os professores no seu insane trabalho de frustrações contínuas, mau grado o seu empenhamento formativo, pelo desejo implícito de motivar professores e alunos para explorações “in loco” no que toca a Arte, ou para pesquisa de temas no que toca à História e Geografia pátrias.
Percurso limitado nas referências que aponta, o seu objectivo maior é, pois, o de apelar para o interesse dos estudantes, motivando-os para a busca enriquecedora, nas análises ou estudos que lhes pode proporcionar uma bibliografia adequada, uma visita de estudo, a audição de um concerto, uma peça de teatro, um sarau de poesia...
Quadro mnemónico de leitura rápida, quer no plano vertical quer no plano horizontal, ele constitui igualmente um desafio ao espírito de emulação daqueles, como convite à pesquisa de dados que o completem, não só relativos à história passada, como à história política e cultural que eles vão vivendo dia-a-dia e que os próprios meios de comunicação lhes vão continuamente fornecendo.


OS FACTOS HISTÓRICOS, SOCIAIS, POLÍTICOS, CULTURAIS

O CONDADO PORTUCALENSE: (s. XI /XII).

Doado por Afonso VI de Leão a D. Henrique de Borgonha e a D. Teresa, sua filha. Afonso Henriques (de 1128 a 1143).

O REINO DE PORTUGAL:

I DINASTIA (1143/1385):

1-D. Afonso Henriques, o Conquistador. (1128/1185):
- Cerco de Guimarães, por Afonso VII de Leão. Egas Moniz, aio de Afonso Henriques, fiador da promessa de vassalagem. Resgate da sua palavra em Toledo.
- 1128: Batalha de S. Mamede contra D. Teresa. Governo do Condado por Afonso Henriques.
- As lutas pela independência com Afonso VII e Fernando II, reis de Castela: Cerneja, Valdevez.
- 1143: Tratado de Zamora: o Cardeal Guido de Vico, legado do Papa Inocêncio II, tenta conciliar os dois primos – Afonso VII de Leão e Afonso Henriques. Mas só em 1179 é que o Papa Alexandre III, reconhece a independência do reino português pela Bula “Manifestis Probatum”.
- Conquistas aos Mouros : Papel dos Cruzados na Reconquista. Cavaleiros ilustres: Martim Monis (Conquista de. Lisboa), Gonçalo Mendes da Maia (Alcácer do Sal e Beja); Giraldo Giraldes (Évora), D. Fuas Roupinho (batalha naval no cabo Espichel).
- Fundação de Mosteiros (o de “Alcobaça” o mais importante pelo seu papel cultural e económico).
- Criação de aulas conventuais- Mosteiro de Santa Cruz
- Formação de novas classes sociais: Pequenos proprietários rurais e Burguesia mercantil.
- Ordens religiosas militares: Dos Templários; dos Hospitalários..
- Os primeiros forais.

2- D. Sancho I, o Povoador (1185/1211):
- 1189: Conquista de Silves., reconquistada posteriormente pelos Mouros.
- Povoamento de Reino (Vinda de colonos estrangeiros).
- Jograis: Bonamis e Acompaniado.

3- D. Afonso II, o Gordo (1211/1223):
- 1212: Batalha de Navas de Tolosa.
- 1217: Reconquista de Alcácer do Sal.
- Guerra Civil: “A Questão das Infantas”.
- A luta contra a tendência para o feudalismo e a defesa dos direitos da coroa – tendência para a centralização do poder - a lei da desamortizaçáo, os actos de inquirições, e confirmações.
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LITERATURA

Caracterização Global da Época Medieval: Sociedade feudal, teocêntrica, espírito colectivo, filosofia cristã, dogmatismo escolástico.

I- A Poesia Trovadoresca (sécs. XII/XIV):
1- O Lirismo:
De origem peninsular:
“Cantigas de Amigo” .A graciosidade na expressão psicológica da alma feminina juvenil.
De origem provençal: “Cantigas de Amor”: O amor cortês, e a espiritualidade do retrato feminino (a “senhor”), na origem da “coita” amorosa.
2- A sátira:
“Cantigas de Escárnio e Maldizer” e a sua importância como documento social e político...

II- A Prosa Anónima (sécs XIV/XV):

1-Histórica:
Cronicões: “Crónica Geral de Espanha”, 1344.
Nobiliários: “O Livro de Linhagens” do Conde de Barcelos D. Pedro.

2- Prosa de Ficção:
Traduções, adaptações:
A matéria greco-romana: A Guerra de Tróia, Eneias.
O Ciclo Carolíngio: “La Chanson de Roland”.
A matéria da Bretanha:
O amor cortês nos episódios da “Távola Redonda”.
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ARTE

Idade Média - (Séc. IX-XV):
Alguns traços: Simplicidade, rigidez hierática, falta de perspectiva, primitivismo.
Pintura: religiosa
Escultura: religiosa.
Arquitectura: Estilo românico (arco de volta inteira) e gótico (arco em ogiva; vitrais).

CARACTERÍSTICAS DA ARQUITECTURA:
(Militar e religiosa)
Austeridade do estilo maciço e guerreiro românico.
Riqueza, diversidade e elegância do gótico.

Arquitectura:
Castelo de Guimarães (berço de D. Af. Henr. (?) - séc. X, 8 torres quadrang., torre de menagem 27 m alt
Castelo de Almourol dos mais belos do país, mandado edificar por D. Gualdim Pais, 1171, numa ilha do Tejo. Importante na Reconquista.
Castelo de S. Jorge, em Lisboa e o seu enquadramento ambiental.
Sé Catedral de Braga (séc.. XII, alter. post. c/ estilo gótico-manuelino – por João de Castilho, Nicolau Chanterenne.
Abadia beneditina do Mosteiro de Alcobaça (o papel cultural dos Monges de Cister). (Voto de Af. H. pela tomada de Santarém). Alterado posteriormente.
Mosteiro de Lorvão (“O Livro das Aves” e “Apocalipse dito de Lorvão”, documentos. da iluminura românica.
Mosteiro e Igreja de S. João de Tarouca.
Sé de Lisboa, edif. p/ Af. Henr. sobre alicerces de mesquita moura, 1150, (a mais antiga basílica de Lisboa), arq. Rogério. Infl. anglo-saxónica. Primeiro bispo: inglês Gilberto. Fachada principal com as suas duas torres simétricas (românico tardio). Claustro p/ D. Dinis. Reconstruída no reinado de Afonso IV, no estilo gótico tardio. Túmulos de Af. IV e D. Beatriz no coro. Relíquias de S. Vicente numa capela.
Sé Velha de Coimbra – s. XII, român., arq. Rogério. Alter. post,.
Sé de Silves: XII, reconstr, XIII (gót).
Sé de Faro: XIII, grs. alterações post. O belo Órgão dos séc. XVII/XVIII
Igreja de Marvila (construída pelos Templários, XII; alter. poster., XVI)
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