Publicou
o Dr. Salles hoje o seguinte texto, no seu blog “A bem da Nação”:
MENSAGEM AOS ESTRATEGAS
Em 4 de
Outubro, o meu voto na Coligação foi claro e positivo para confirmar as
políticas em curso de redução do défice das contas públicas, de reequilíbrio
das relações com o exterior, de substituição do modelo gastador que nos
conduziu à ruína por um modelo de verdadeiro desenvolvimento assente na
produção de bens e serviços transaccionáveis.
O meu voto
foi sempre – e em 4 de Outubro também – contra a demagogia, o hedonismo, os
jogos de bastidores e a superficialidade. O meu voto foi e continuará a ser a
favor de políticas transparentes com efeitos na afirmação da nossa autonomia em
relação a dependências externas e na dignidade individual em contraponto com o
paternalismo estatal.
Se uma
maioria espúria de votos parlamentares impedir agora a existência de um nosso
Governo pleno, os estrategas da minha Coligação que preconizam a desistência da
governação em gestão correm o risco de eu me sentir traído e abandonado a
experiências esquerdistas que muito provavelmente serão fracturantes. E, então,
se eu perder a confiança nos dirigentes da minha Coligação, muito provavelmente
sentirei necessidade de mudar de estrategas, não de políticas.
Não votei
para agora estar submetido a jogos de bastidores nem a amuos.
A
Coligação em que votei ganhou inequivocamente as eleições de 4 de Outubro, a Coligação tem a obrigação de governar.
Henrique Salles da Fonseca
Lisboa, 28
de Outubro de 2015
Enviei o seguinte curto
comentário, destinado a manifestar a minha compreensão pelo Governo minoritário,
caso este desista, rogando, entretanto, intimamente e egoisticamente para que
não o faça, na linha do caprichoso e desinibido texto do Dr. Salles, do tipo de
“pão pão, queijo queijo”, sem se impressionar pelas nossas naturais sensibilidades
do “coitadinho”: «Mas será que se pode exigir que esse governo
aguente os enxovalhos de gente que está ali apenas para boicotar? Até Cristo
desistiu.»
Mas
encontro, entre os Públicos que a minha irmã me traz, o seguinte artigo de
Vasco Pulido Valente, que parece responder cabalmente ao desafio de Salles da
Fonseca, (desafio que deve acudir a muitos de nós, sempre pendentes de um Dom
Sebastião, mesmo envolto em neblina matinal), analisando a questão na sua
dimensão específica, incriminando Cavaco e Costa, e aconselhando Passos e Portas,
na medida do possível, para que se “descontraiam”. No fundo, na mesma linha de egoísmo
aqui exposta:
Eles
que se arranjem
24/10/2015 - 05:09
Cavaco, apesar de quatro maiorias, nunca foi um bom político.
Agora, por exemplo, começou por não antecipar as legislativas para Junho, com o
propósito presumível de dar uma ajudinha a Passos. Não deu uma ajudinha que
chegasse: Passos ficou em minoria e não pode governar. E Cavaco, que se
paralisou a si próprio, tem de aturar a Assembleia que saiu do 4 de Outubro,
por muito que ela o desgoste e meta medo. Pior: o Presidente pediu
incessantemente uma aliança estável e duradoura entre o PS e o PSD e só há 15 dias
percebeu que o ódio que pouco a pouco ia crescendo entre a esquerda e a direita
impedia o mais vago compromisso ao centro. O que lhe apareceu no fim acabou por
ser uma coligação do PS, do Bloco e do PC, que ele amplamente mereceu.
Anteontem
indigitou Passos Coelho para primeiro-ministro, seguindo uma velha tradição do
regime. Infelizmente, não ficou por aí. Já ganhara o que devia ganhar,
transferindo para a Assembleia da República o odioso de afastar a direita. Não
era preciso mais nada. Só que o dr. Cavaco resolveu fazer uma cena de irritação
e despeito: insultou a esquerda, tentou dividir o PS (uma ideia ridícula) e deu
a entender que, se as coisas se estragassem, não se importava por aí além de
deixar Passos Coelho nove meses pendurado num Governo de gestão. Doesse a quem
doesse, evidentemente. Se Passos aceitar esta extravagância, comete um suicídio
grotesco e parte o PSD aos bocadinhos. O que lhe convém é isolar Costa e a sua
gente e assistir com tranquilidade ao desastre que eles vão criar. Nem bom dia,
nem boa tarde, eles que se arranjem.
A
solidão do bravo e coleante secretário-geral do PS e das magníficas criaturas
que o empurram talvez não impressionem o português comum. Mas, sem dúvida,
aquilo que faz falta ao português comum é conhecer à sua custa a nossa querida
“esquerda” e a maneira como ela funciona. Os sound bites da televisão e
a gritaria dos debates não chegam para conhecer em profundidade a natureza e a
beleza de tão extraordinário bicho. Se conseguirem não se dirigir a esse bicho
durante a oposição (que já começou), Passos Coelho e Paulo Portas irão
inevitavelmente ganhar, quando o próximo Presidente da República acabar com a
farsa que António Costa montou e que, no fundo, mais de metade dos portugueses
desprezam.
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