É de Alice Vieira este Texto Dramático de leitura obrigatória no 7º
ano.
É constituído por 9 Personagens
principais – Rei Leandro; as três filhas – Amarílis,
primogénita, Hortênsia, a segunda, Violeta, a mais nova (benjamim);
os três futuros genros – Felizardo, Simplício e Reginaldo; o Bobo; o Pastor. As Personagens
secundárias são o Conselheiro, o Escrivão e os Criados e
Criadas, que intervêm nos Coros.
Estrutura externa da peça: É constituída por 2 Actos, com
11 Cenas o I Acto e 11 Cenas o II - o que traduz equilíbrio - e um final em verso.
Estrutura interna da peça:
Acção
(Síntese do Conflito): O Rei Leandro conta
ao Bobo um sonho estranho premonitório sobre a perda do seu Reino.
O facto concretiza-se com a divisão do Reino e partilha pelas filhas mais velhas
e a entrega da mão destas a dois Príncipes, e com a expulsão da filha mais
nova, que usou uma comparação pouco elegante – o sal da comida
- para exprimir o seu amor pelo pai. Esta casará com outro Príncipe. Ao fim de
algum tempo, o Rei é expulso pelas filhas mais velhas, será reduzido à
miséria, mas acabará por ser reencontrado pela filha mais nova, num epílogo
feliz de reconciliação, depois de ter compreendido o alcance da imagem do sal.
Espaço: O I Acto , decorre no espaço do Palácio do Rei . O II Acto decorre em espaços alternados –
Estrada (Cena I), Gruta do Pastor (Cena II), Palácio de Amarílis
e Simplício (Cena III, flash-back sobre tempo anterior - analepse), Gruta (Cena IV)
Palácio de Violeta e Reginaldo (Cena
V, tempo posterior - prolepse), Gruta (VI) Palácio de Violeta e Reginaldo (VII), Portas
do Reino (Cenas VIII, IX e X), Palácio de Violeta e
Reginaldo (XI e XII).
Tempo:
Não existe unidade de tempo, o II Acto decorrendo anos depois do I, com recuos e avanços, segundo os espaços (Ver em Espaço).
Caracterização das Personagens:
Rei: Homem prepotente, rei absoluto, irritadiço, preocupado, amante das filhas,
ingénuo, pois não sabe distinguir o verdadeiro do falso, simplório, permitindo
as familiaridades do Bobo, e não
percebendo a grosseria, indelicadeza e interesse dos pretendentes das
filhas mais velhas.
Bobo: Personagem de farsa para divertir o Rei,
dizendo verdades e fazendo momices, mas esperto, prudente, conhecedor da vida e
revoltado, embora sentindo pelo Rei verdadeiro carinho.
As filhas do Rei, com o nome simbólico de flores, correspondendo ao carácter
de cada uma (Descodificação: I Acto, final da Cena III):
Violeta:
simples, carinhosa, virtuosa,
sedutora, como a flor - roxa, humilde (planta rasteira), modesta, perfumada.
Hortênsia:
flor vistosa, de porte elevado, correspondente à Mulher altiva, caprichosa,
inconstante.
Amarílis:
Flor de “rara beleza”, corresponde a uma mulher bela,
artificiosa, enganadora, sofisticada, falsa, trocista.
Genros: Têm igualmente nomes simbólicos das suas
personalidades – ridícula a de Felizardo (o par de Amarílis), caricata a de
Simplício (o par de Hortênsia), verdadeiro Senhor (rei) Reginaldo, o par de Violeta:
Felizardo (<
feliz): vaidoso, tosco, arrogante, interesseiro,
grosseiro de modos, de sentimentos e de linguagem pouco educada, julgando-se
importante, falando alto …
Simplício
(< simples): simplório, limitado, reduzido o seu discurso a um estribilho:
“Tiraste-me as palavras da boca” com que pretende traduzir que o seu
pensamento é em tudo semelhante ao de Felizardo, mas incapaz de o exprimir, muito
parvo.
Reginaldo:
(<
regis = rei) afável, responsável, amante, positivo, não dando importância aos sonhos
mas compreensivo e atento, apaixonado pela mulher, respeitador do sogro.
Pastor:
adjuvante, bondoso, prestável, alegre, amigo e admirador da sua mulher (Briolanja),
chamando-se ele Godofredo Segismundo, nomes pomposos medievais (cómico de contraste entre a condição social e os nomes pretensiosos).
Sequência das cenas do conflito:
I ACTO: . A Queda do Rei.
Cena I: O
Sonho (premonitório) do Rei
Cena II: A
bulha entre as irmãs mais velhas
Cena III:
O significado das flores.
Cena IV:
Combinação dos casamentos.
Cena V: O
sonho (premonitório) de Violeta.
Cena VI:
Os criados cantam (as suas funções; a
sua revolta contra a sua condição social).
Cena VII: Os
três pretendentes (oposição entre o
sentimento e a razão, o amor e a matéria).
Cena VIII: O
acordo das mais velhas com as teorias materialistas dos seus pretendentes.
Cena IX: As
irmãs mais velhas – cínicas e interesseiras.
Cena X: O
amor das três filhas manifesto em frases: a falsidade do discurso hiperbólico contra
a sinceridade do discurso simples.
Cena XI: As
decisões do Rei relativamente à distribuição da herança do seu reino: o Norte agrícola
para Amarílis, o Sul mineiro para Hortênsia. Violeta expulsa, por conta do sal.
II ACTO: A
Retoma da Felicidade
Cena I- O
passado majestoso, o presente de miséria nas falas do Rei e do Bobo.
Cena II-
O Pastor dá guarida e ouve a história contada pelo Bobo.
Cena III-
Luz para flash-back sobre o passado: a expulsão do Rei pelas filhas mais
velhas.
Cena IV- O
conselho do Pastor ao Bobo: procurar Violeta e contar-lhe a história.
Cena V –
A denúncia do Pastor a Violeta sobre o paradeiro do Rei.
Cena VI- O
Reino a que pertence o Pastor (Reino de Reginaldo e Violeta): de felicidade,
democracia, de não violência.
Cena VII- Regresso ao presente: preparativos para receber o Pai.
Cena VIII- Perto
da felicidade.
Cena IX- Um
rei gradualmente feliz.
Cena X- A
história contada por Reginaldo.
Cena XI- O
desenlace: um rei feliz.
Final: Quadro-Síntese da história, cantada pelas personagens principais, sobre
os respectivos papéis na peça, com a moralidade – referida pelo par Violeta-Reginaldo
e pelo Rei, finalmente desperto, sobre o significado do verdadeiro
amor, e concluindo com a frase-estribilho de Simplício: ”Tiraram-me as
palavras da boca”, de efeito cómico.
Nota: A peça é inspirada numa tragédia de Shakespeare (o
maior dramaturgo inglês) (séc. XVII): «O Rei Lear»
2 comentários:
Obrigada 🤩
Benção 🙌🏼
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