Não sei se cá as televisões
portuguesas têm programas de entrevistas a jovens portugueses com sucesso nos
seus jovens empregos conseguidos através do “Emprego Jovem”. Já vi programas a jovens portugueses
empregados no estrangeiro, pretexto para se ir conhecendo as terras onde se
fixaram e os respectivos costumes e dando algumas indicações do seu próprio
êxito. Creio que passavam na RTP. Mas eu gostaria mesmo é de conhecer o que se
passa por cá, sempre de coração nas mãos, no receio do futuro dos nossos
continuadores. Ao procurar na Internet o artigo que tem por título «O
Orçamento nem-nem» encontrei a seguinte notícia que me chamou a atenção: “Há cada vez menos “nem-nem” em Portugal”,
a respeito do desemprego jovem em Portugal, e na Europa, que parece ter
baixado, graças a uma medida de apoio da EU, e que transcrevo, juntamente com o
Perfil da Comissária Europeia Marianne
Thyssen, que parece gostar do nosso país:
1º texto:
«Apesar do desemprego jovem continuar mais
alto em Portugal do que na média da União Europeia, o número de jovens
portugueses que não têm emprego nem estudam (os chamados “nem-nem”) tem vindo a
cair e até está abaixo da média europeia.
Em entrevista ao Expresso, a comissária Marianne Thyssen, que
vem na quinta-feira ao nosso país em visita oficial, elogia Portugal por ter “agarrado
o desafio”».
A percentagem de “nem-nem” portugueses,
jovens entre os 15 e os 24 anos que não têm emprego nem estudam, está a
diminuir. De acordo com o estudo divulgado na tarde desta terça-feira pela
Comissão Europeia (CE) sobre desemprego jovem, a taxa de “nem-nem” chegou a
estar acima dos 14% em 2016, o maior valor desde 2008, mas em 2015 ficou nos
11,5% — uma percentagem que lhe permite descer abaixo da média europeia, que se
fixa nos 12%.
“Vemos que os serviços públicos de emprego
agarraram o desafio e estão muito ativos no alerta para o problema do
desemprego jovem. E vemos que foi criada em Portugal uma extensa rede de
parceiros, não só entidades públicas mas também outros parceiros, empenhados em
implementar a Garantia Jovem. Foi também lançada uma plataforma onde os jovens
se podem registar, e isto é muito importante, porque precisamos de saber quem
são, onde estão, para fazer alguma coisa por eles”, elogia Marianne Thyssen, a
comissária europeia para o emprego, em entrevista ao Expresso.
Contudo, no que à taxa de desemprego jovem
diz respeito, o panorama português continua muito mais negro do que a média da
Europa. Se é certo
que também desde 2013 se tem observado uma redução da taxa de desemprego dos
jovens entre os 15 e os 24 anos em Portugal (passou de perto de 39% nesse
ano para os 32% no ano passado), a verdade é que estes números continuam a
destoar perante a taxa de desemprego jovem média de 18,9% registada na União
Europeia (UE). Da mesma forma, a taxa de emprego jovem em Portugal (nos 22,5%
em 2015), apesar de ter subido cerca de um ponto percentual desde 2015,
mantém-se muito abaixo da média da UE (praticamente nos 34%).
A comissária, que vem esta quinta-feira a
Portugal, mantém o otimismo. “Temos consciência que ainda não atingimos
os objetivos. Mas se olharmos para a evolução do número das pessoas que estavam
desempregadas, de todos os grupos etários, e depois olharmos apenas para o
número de jovens desempregados vemos que aqui houve uma grande melhoria. E isso
não aconteceu apenas porque existem empregos disponíveis, mas porque há pessoas
com capacidade para os integrar e um mercado de trabalho que funciona”,
explica.
E há mais dados positivos a reter. Se bem que
a taxa de abandono escolar de jovens na faixa etária dos 18 aos 24 anos em
Portugal continue acima da média observada na Europa (16% contra 14% em 2015),
está agora muito abaixo dos 35% registados em 2015.
MENOS 1,4 MILHÕES DE JOVENS DESEMPREGADOS
EQUILÍBRIO.
Portugal tem de procurar o equilíbrio entre a necessidade de criar emprego,
atrair investimento e cumprir o défice, explica a comissária Marianne
Thyssen
GEORGES
BOULOUGOURIS/CE
Estas são as principais conclusões para
Portugal do relatório “Young People’s Labour Market Performance”
publicado esta terça-feira pela CE, e vão de encontro à realidade observada um
pouco por toda a UE, cujo desempenho dos indicadores que medem a performance do
mercado laboral dos mais jovens tem “melhorado significativamente desde 2013”,
de acordo com a nota enviada pela CE. Este relatório surge três anos depois da EU ter lançado o programa
“Garantia Jovem”, que já abrangeu 14 milhões de jovens. Há menos 1,4 milhões de
jovens desempregados na UE e menos 900 mil jovens “nem-nem”.
Em 2013, a taxa de desemprego jovem na UE fixava-se
nos 24,4%, tendo vindo a decrescer até 2015, ano que ficou nos 18,9%.
Já a taxa de jovens europeus que não procuram emprego nem estudam
caiu dos 13,2% em 2012 para os 12% no ano passado – apesar de se manter acima
do observado em 2008, quando a taxa se fixou nos 10,8%.
A iniciativa Garantia Jovem foi
lançada em 2013. Em Portugal, deu origem, entre outros, ao programa Estímulo
Jovem, que apoia financeiramente os empregadores que celebrem contratos de
trabalho, sem termo ou com termo certo de seis meses no mínimo, com jovens
entre os 18 e os 29 anos (que estejam inscritos há mais de 60 dias no Instituto
do Emprego e Formação Profissional – IEFP); ou ao ‘famoso’ programa de
estágios remunerados, em que o Estado financia estágios a jovens inscritos
no IEFP, com duração entre os 9 e os 12 meses. De acordo com os números
divulgados no relatório da CE, 43,3% dos jovens desempregados beneficiaram
de uma das medidas em apenas quatro meses (a partir do momento em que passaram
a estar inscritos como desempregados).
A par desta iniciativa, os países da UE que
registavam taxas de desemprego jovem acima dos 25%, nos quais se inclui
Portugal, foi lançado ainda a Iniciativa Emprego Jovem, um fundo que
mobiliza 6,4 mil milhões de euros até 2018, para apoiar os jovens que não
procuram emprego nem estudam nestas regiões. Por isso, a Comissão decidiu
propor recentemente o aumento do orçamento para a Iniciativa “Emprego Jovem”.
Até 2020, este programa poderá contar com mil milhões adicionais.
A Portugal, e aos restantes países membros, a
Comissão Europeia pediu reformas. “Foi pedido que identificassem quem são
os jovens [que procuram trabalho], que os registassem, para que, no momento em
que surgem ofertas saibam onde eles estão. Em muitos estados membros temos
jovens que nem estão a estudar, nem em estágio, nem a trabalhar, nem registados
[nos centros de emprego]. Não se sabe onde estão estes jovens. Por isso, a
primeira coisa a fazer é saber onde estão, para que saibam que há ofertas para
eles e apresentar-lhe um projeto que os coloque no caminho para o mercado de
trabalho”, explica a comissária europeia.
Mas para isso é preciso haver empregos por
ocupar. “Esse é o outro lado: é preciso criar emprego. Num país com o défice
alto, como Portugal, a prioridade é perceber como podemos trazer de novo a
estabilidade financeira que o torna atrativo para os investidores e evitar os
riscos que o colocaram no passado em crise financeira e económica. Em Portugal e noutros estados membros – e
acontece o mesmo no meu país, a Bélgica –, o défice está demasiado elevado, mas
ainda assim é preciso honrar os compromissos a que se comprometeram quando se
juntaram à UE. Sem estabilidade financeira não é possível ter uma base estável
para uma política sustentada de emprego no futuro. É como uma pré-condição para
continuar”, acrescenta Marianne. “
A comissária admite que não é fácil o
equilíbrio. De um
lado a necessidade do investimento, do outro as restrições do défice. “Se
estamos numa união monetária e queremos uma política sustentável não podemos
ser demasiado flexíveis no lado fiscal, na situação do orçamento e da dívida. No
momento em que o mercado financeiro começar novamente a levantar questões e a
deixar de confiar num estado membro, não vai querer dar-lhe dinheiro porque
está sempre a recorrer ao mercado. E depois vão ter de pagar outra vez sei lá
que percentagem de juros para contrair empréstimos. Teremos outra vez o mesmo
problema. Por isso temos de ser cautelosos e trabalhar em prol da estabilidade.
E isto é o que continuamos a fazer. E tenho de dizer que esta para esta
Comissão é claro que a pior parte já ficou para trás”.
Marianne Thyssen deixa, porém, um alerta: “A
União Europeia não tem a fórmula para resolver tudo”, diz. “A solução não está
no dinheiro dos fundos europeus mas nas reformas estruturais que
deixarão os países em melhor forma para atrair investidores. Não somos o Big
Brother que está sempre ali a ver como é que os filhos se estão a portar, e
que tira algum dinheiro daqui e o põe ali. Podemos aconselhar os estados
membros mas não podemos dizer 'tu agora vais fazer isto'. Os países têm de
fazer a sua parte”.
E a lembrar que também é comissária dos
assuntos sociais, recusa “uma geração perdida” em Portugal. “Porque não é só o
futuro deles, é o nosso futuro. E para isso temos de trabalhar a montante e
assegurar a estabilidade fiscal. Sem isso até podemos sonhar mas daqui a uns
anos volta-se à mesma situação”.
PERFIL: MARIANNE, EM PORTUGUÊS
1000 km Um ano antes de ser nomeada
comissária, Marianne Thyssen pedalou por Portugal, do Norte a Lisboa. “Foi uma
experiência extraordinária”, garante
Marianne Thyssen aterra quinta-feira em
Portugal para um dia de encontros oficiais, nas suas funções de comissária europeia do Emprego, Assuntos
Sociais, Competências e Mobilidade Laboral. Será uma visita diferente do
habitual. Porque o habitual, para ela, faz-se de bicicleta. A jurista belga, 60
anos, conhece o país de norte a sul, e ilhas, quase sempre a pedalar. “Viana do
Castelo, Guimarães, Porto, o magnífico Vale do Douro, Coimbra, Batalha – de
onde é o meu motorista -, Nazaré, Évora, Lisboa, Sintra, Estoril, Algarve. E
também os Açores, o Pico, Faial, S. Miguel…”. Tudo somado já passou por cá
quinze semanas desde 1977.
A experiência da primeira viagem ditou os
sucessivos regressos. Tinha 21 anos. O carro em que seguia com o marido
avariou-se na zona de Viseu. Nesse dia conheceu a hospitalidade portuguesa:
foram ajudados e acolhidos por uma família numa quinta ali perto. “Foi a melhor
recordação que trouxe”. Ao longo dos anos juntou outras ao álbum turístico. O
bom vinho, sardinhas frescas, o fado, a saudade (dita assim em português), os
pastéis de nata e “a visão ampla que têm do mundo”. Ainda se sente, diz, o
espírito dos descobridores.
De regresso à Flandres, inscreveu-se em aulas
de português, em horário pós-laboral, na Universidade de Lovaina, onde se
licenciou em Direito. Os três anos de aprendizagem levaram a novas paixões:
Fernando Pessoa e Saramago, apesar de continuar a lê-los na versão traduzida.
Não ficou a falar fluentemente mas foi suficiente para agradecer em português a
Cavaco Silva um discurso que proferiu. E de terminar no mesmo idioma a
entrevista que concedeu ao Expresso, em Bruxelas, no fim de Setembro. “É uma
bela língua, a língua de Camões”, disse a sorrir.
Em 2013, um ano antes de se tornar comissária
europeia, pedalou mil quilómetros desde o norte do país até Lisboa, por
caminhos secundários, pequenas aldeias, pelos altos e baixos do Douro – “as
subidas foram duras”. A crise económica estava no auge. Em cada paragem aproveitou
para sentir o estado de espírito da população (“calma, faladora”). Sentiu-a
cansada, mas resistente, resiliente, combativa. “Os portugueses têm esse
espírito de superar tudo. Não consigo explicar como o fazem mas fazem sempre. E
agora não vai ser diferente.”
Na quinta-feira as conversas serão outras e
com outros intervenientes, os que decidem. Pela manhã, a comissária reúne-se,
na Assembleia da República, com os deputados da Comissão de Assuntos Europeus e
da Comissão de Trabalho e Segurança Social. Acompanhada pelos Secretários de
Estado do Emprego, da Cidadania e Igualdade, do Desenvolvimento e Coesão, e
pelo Alto Comissariado para as Migrações, vai depois até à Tapada das Mercês,
perto de Sintra – se o dia estiver limpo, vê ao longe o Palácio da Pena –
conhecer o Projeto CIAPA, de promoção da inclusão social e do sucesso escolar -
apoiado pelo Fundo Social Europeu.
Segue-se um almoço (de trabalho) com o
ministro do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social e com os parceiros
sociais (CIP, CAP, CCP, CTP, CGTP e UGT) e depois duas horas de Conferência de
Alto Nível dedicada ao Pilar Europeu dos Direitos Sociais, junto à Gulbenkian.
“Infelizmente a comissária não vai tempo para qualquer visita fora do programa
oficial”, explica a assessora do gabinete, Natasja Bohez. “Mas o simples facto
de estar em Lisboa já a faz feliz”.
Mas
era «O Orçamento nem-nem» que eu procurava e felizmente,
pude transcrevê-lo na íntegra, o que não aconteceu com «Um País parado à
beira do caminho» de João Miguel Tavares do mesmo jornal, que
já em outro artigo transcrevi, repetindo, todavia, a pequena amostra permitida,
por ser significativo do pessimismo que nos domina, apesar do primeiro texto
optimista, sobre o desemprego jovem no nosso país. Por mim, o sentimento é o de
João Miguel Tavares – vivemos em cima do arame. O mesmo sentimento de David
Dinis, afinal: Nem-nem. Vamos
andando. Depois logo se vê. Ou, como diria Álvaro de Campos na sua "Tabacaria", "nem uma coisa nem outra".
2º Texto:
O Orçamento nem-nem
Público,15/10/2016
TÓPICOS: Governo PCP Orçamento do Estado António Costa Editorial Bloco de Esquerda Orçamento do Estado 2017
Nem-nem. É o que costumamos chamar a uma
boa parte da geração mais nova. Nem emprego, nem estudo. Parada.
À primeira vista, podemos chamar isso mesmo a este segundo Orçamento do PS de
António Costa: nem avança, nem recua. Continua assim num frágil
equilíbrio negocial.
Vejamos
as medidas centrais, anunciadas esta sexta-feira. As pensões sobem, sim, mas
nem todas. Nem sequer todas as mais baixas. Os apoios sociais sobem, sim, mas
ao ritmo da inflação. A sobretaxa do IRS desce, mas não como foi prometido e
sem as mexidas nos escalões que o PS queria. O “imposto Mortágua” avança, mas
acima dos 600 mil euros, para não prejudicar o investimento (imobiliário).
Quanto ao investimento, estima-se que suba, mas nem muito. E os impostos
indirectos vão subindo, mas nem tanto como se pensou.
Nem-nem. É assim
também, se olharmos para os calendários. As pensões só aumentam dez euros em
Agosto, mas nem para todos (nem para as mínimas aumentadas por Passos). A
sobretaxa desce, mas só ao longo do ano, conforme os escalões de rendimento. O
IVA da restauração talvez desça também, no que ainda não desceu, mas nunca sem
antes se avaliar o efeito da medida já aplicada.
Este
Orçamento, na verdade, é nem-nem por feitio, nem sequer por
defeito. António Costa nem tem o seu programa, nem pode governar com o
das esquerdas. Nem pode prescindir do BE e PCP, nem pode afrontar Bruxelas. Nem
tem margem para estimular a economia, nem tem como fazer as reformas que, no
curto prazo, poderiam ter mais impacto na competitividade. Nem tem dinheiro,
nem pode pedir mais emprestado.
No actual
equilíbrio político, este Orçamento tem a enorme vantagem de não ser tão mau
como se esperava, tendo a desvantagem de não dar confiança para uma
reviravolta na economia. Precisamente porque este Orçamento é o que podia
ser, António Costa fez caminho para a China e só depois veio ver como as
coisas estavam. À chegada, parece ter-lhe bastado dia e meio para fechar o
documento. Espera-se agora que não tenha, no mês e meio que se segue, uma
surpresa no Parlamento ou vinda de fora.
Para
António Costa, olhando para estes seus dois orçamentos, o lema da legislatura
será este: ano a ano, vai-se andando. Veremos, no próximo mês e meio, como
termina este Orçamento (nas negociações com a esquerda, nas conversas com
Bruxelas). Pelo caminho teremos de ir olhando para a economia, já sem esperança
numa bala mágica. Nem-nem. Depois, logo se vê.
3º Texto - excerto:
Um país parado à beira do
caminho –
Público, 15/10/2016 –
O primeiro-ministro não tem
dinheiro para comprar nova mobília nem poder para mandar velha mobília fora,
por isso resta-lhe mudar as jarras de sítio.
Este
governo não tem tempo para governar o país porque gasta o tempo que tem a
governar-se a si próprio. Portugal é apenas o cenário para os seus arriscados
equilibrismos; menos uma governação do que um número de funambulismo, com
António Costa permanentemente em cima do arame. De um lado o Bloco de Esquerda
e do outro o PCP. De um lado as regras europeias e do outro o discurso do fim
da austeridade. De um lado a dura realidade hayekiana e do outro os doces
sonhos keynesianos. De um lado as agências de rating e do outro a cartilha anticapitalista...
Nenhum comentário:
Postar um comentário