domingo, 9 de outubro de 2016

Vou ali, já venho


Já tínhamos despachado vários assuntos embora a conversa tenha decorrido mole, por conta dos achaques ósseos que a idade, o peso e a vida sedentária facilitam, sobretudo a mim, que sou desleixada em medir pesos e em percorrer os trilhos dos passeios mais assiduamente, a minha irmã e a nossa amiga não prescindindo das suas passeatas ou da consulta à balança, que as vão mantendo na forma de sempre. O Donald Trump foi tema, com as novas achegas sobre a sua grosseria, mas a minha irmã falou também de um livro recente que anda a ler, de Nuno Galopim, sobre D. Manuel II, que a comoveu, no seu infortúnio e bondade. e entre os vários assuntos falou-se da Elsa, que foi à Suíça festejar os anos da filha Sara, o que a mãe soube por conversa telefónica: - Onde estás? – Estou na Suíça, a festejar os anos da Sara. – E nem te despediste? A Elsa riu com a convicção do costume e prometeu que qualquer dia faria um almoço para a mãe, em termos de compensação.  Vimos fotografias de um casamento a que a minha irmã foi, em Marco de Canavezes, terra da Cármen Miranda, e de Amarante, onde pernoitaram, terra que a encantou  e de que apreciou a comida, pretexto para a nossa amiga falar nos pratos vistos pela televisão, responsáveis pelo aumento da obesidade até na zona de Cascais, o que a enerva sempre, usando as mãos para apontar os tamanhos das espessuras corpóreas, com a expressividade e a preocupação de sempre.
Entretanto, chegaram a Paula e a Binha, feliz avó do Pedrito, que trouxe mais fotos deste, já um bebé gordinho e muito vivo segundo a vovó Binha que toma conta dele nas escapadas festivas da Ana com o Luís, os orgulhosos pais do meu primeiro bisneto.
E, à pergunta da Paula sobre a prima, falou-se novamente na Elsa, que tinha ido à Suíça. Num rebate de memória, lembrei-me de que estávamos já em aulas, e perguntei, preocupada com o rendimento escolar dos meus sobrinhos segundos, se o Afonso e a Diana, os filhos mais novos da Elsa, também tinham ido. Eis senão quando, após a resposta negativa da minha irmã, sai o remate sereno e maliciosamente faiscante da nossa amiga: - Ela foi almoçar.
A Elsa fora à Suíça almoçar, não tardaria a chegar.

Num instante me deslumbrei com o potencial dinâmico dos novos tempos – pelo menos os de potencialidade capitalista - eu que tanto gostava de andar num carro de bois, lá na aldeia da nossa infância …

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